Apoio internacional, diálogo sobre impunidade e investigação: como o governo enfrentará as queimadas?

Uma das suspeitas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal

“No Mato Grosso, em uma região que abrange três biomas: Cerrado, Amazônia e Pantanal, os impactos tem gerado vários processos, como a erosão genética na biodiversidade, a perda de sementes”, enfatiza Fran. Foto: Iberê Périssé/Projeto Solos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (16), com ministros para discutir ações para por fim aos incêndios espalhados pelo país. 

O encontro contou ainda com representantes do do ICMBio, do Ibama e de cientistas. A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, apresentou um mapa com as áreas devastadas, além de ações e estratégias que precisam ser implementadas.

Uma das suspeitas levantadas em conversas privadas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal. 

“A gente apaga 10 focos, eles fazem mais 10”, disse um dos ministros à imprensa. 

Nas redes sociais, Lula afirmou que a Polícia Federal está trabalhando para responsabilizar os criminosos que iniciaram os incêndios ou financiaram tais crimes ambientais.  

“O governo federal está atuando junto com o Corpo de Bombeiros do DF para ajudar no combate às chamas. A Polícia Federal tem hoje 52 inquéritos abertos contra os responsáveis por esses crimes contra o nosso país”, escreveu Lula.

Ações intencionais

De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a suspeita é a de que pequenos grupos de pessoas cumprem ordens de um grupo de mandantes, que determinam os locais e financiam os crimes à distância.

Apenas em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 10.328 focos de incêndios florestais, que ganharam mais força devido ao clima seco. 

O total de ocorrências foi o maior da série histórica do INPE, que monitora os focos de incêndio desde 1998.

Apoio internacional

Entre as ações previstas pelo Planalto está o pedido de ajuda para combater as queimadas direcionado para Paraguai, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Chile, Canadá e Estados Unidos.

Até o momento, apenas o Uruguai respondeu ao pedido. O país vizinho vai enviar uma aeronave da Força Aérea Uruguaia e 40 mil litros de líquido extintor de incêndio.

O pedido foi feito no início do mês, por Marina Silva, que além de verificar a possibilidade do envio de aeronaves e brigadistas, também sondou as contrapartidas do Brasil para a consolidação do apoio. 

Para por fim às queimadas, o Brasil também enviou ajuda para a Bolívia, a fim de combater os focos de incêndio nas fronteiras.

Penalidade

Lula abordou ainda o  presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, também nesta segunda-feira. A intenção do presidente foi fazer um apelo para que os crimes ambientais sejam tratados “com a gravidade que eles possuem” pela polícia e pelo Poder Judiciário. 

Isso porque, para o presidente, impera a impunidade em relação a tais crimes. “O próprio presidente da República me telefonou, preocupado com a circunstância de impunidade em a essas queimadas dolosas, de modo que daqui faço já um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, afirmou Barroso, durante o discurso de abertura da reunião do Observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas (OMA) do Poder Judiciário.

Segundo levantamento do Observatório do Clima, as queimadas recordes na Amazônia resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) emitidos na atmosfera entre junho e agosto deste ano.

LEIA TAMBÉM:

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “Uma das suspeitas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal.” O Governo Lula suspeita; eu “e até o mundo mineral” tem certeza. A situação da nação está exatamente como em dita em 1908 por Silvio Romero: (um pequeno extrato) (…)
    É um facto positivo, claro, evidentíssimo por todos reconhecido e proclamado, que as tres classes que têm mais de perto dirigido a vida mental e pública do povo brasileiro – os políticos, os jornalistas e os literatos, levaram a um tal gráo de confusão, pessimismo e desanimo, que nem elles mesmos tomam mais pé no meio dos desatinos que accumularam. Só se ouvem pragas e esconjuros; apontam-se panacéas capazes de curar as fundas chagas da nação; surgem de todos os lados prophetas e guias, com suas bandeirolas de improvisados estadistas e salvadores dos povos.
    (…)
    O câmbio, a hyperprodução de café, as especulações dos bancos estrangeiros, a queda da monarchia, o militarismo, o regimen presidencial, os despotismos olygarchicos dos Estados, os gastos superfluos dos governos, os roubos nas repartições públicas (…)todas estas cousas e outras muitas tem sido invocadas como causa de nossos males. Mas é evidente, para quem sabe enxergar, que não passam de symptomas e effeitos de uma causa superior que se não tem querido ver (…)
    Se a lista das falsas causas é enorme, a dos falso remédios não é menor.
    (…) restauração da monarchia e até ditadura militar, reclamada em altas vozes das columnas de vários jornaes(…) Houve até político, litterato, jornalista, tido na conta de grande sabedor, que, com todo o desembaraço nos aconselhou a renuncia da indepencia e a submissão ao protectorado dos Estados Unidos… Tanto é profunda a incapacidade desses levianos directores da opinião brazileira!
    (…)
    O BRAZIL SOCIAL. 1 – O problema. Revista do IGHB, volume LXIX, parte II, pp.106/107, 1908.
    EM TEMPO: Silvio diagnosticou; mais foi incapaz de apontar uma solução, já que esta passaria, claro, por uma abordagem mais profunda a la Manuel Bomfim, de quem era desafeto visceral. Pareceu apenas falar obviedades.

  2. Suspeitas? Não resta a menor dúvida que essas queimadas e incêndios são propositais e financiadas por fazendeiros latifundiários com o propósito de desmoralizar e desestabilizar o governo Lula que tem que agir rápido identificando esses criminosos incendiários e os tirando de circulação. Não temos mais um adversário político como eram os tucanos e sim um inimigo sem qualquer tipo de escrúpulos capaz das práticas mais sórdidas.para atingir seus objetivos que é a extrema direita de inspiração nazifascista.

  3. O agronegócio envenena os alimentos e os lençois freáticos, incendia florestas e se perpetua através do apoio que dá aos políticos fascistas. Ele não é apenas inimigo da vida, da natureza e da democracia. O agronegócio é inimigo de si mesmo e deve ser decapitado antes que consiga destruir o Brasil.

  4. É evidente que a grande maioria dos incêndios é provocada criminosamente e os interessados e potenciais mandantes ou autores têm atuado coincidentemente após a exortação pública do pastor o picareta para ” tocar fogo no Brasil”. Quem são os potenciais interessados? Todos do campo da extrema direita e incrustados nos grupos de internet: madeireiros, garimpeiros, agro especuladores, grileiros, milicianos, crime organizado, terroristas de 08 de janeiro e talvez até grupos estrangeiros vinculados ao extremismo de direita. Será difícil descobrir mas a PF tem que continuar trabalhando nessa linha.

  5. Grande parte da sociedade braZileira (lembremos dos ~52% x 48%) só vai entender, SE ENTENDER, esta tragédia de dimensões continentais quando começar a faltar ou racionar ÁGUA, ENERGIA, os PREÇOS subirem (e juros não servirão para nada a não ser coomplicar) e outros colaterais como piora na saúde pública, emprego, incapacidade de investimento, etc.
    Aqueles que a causam ou para ela contribuem, direta ou indiretamente, na pior das hipótses, se desfarão de seus “ätivos” e (se) mandarão para exteriores mais “civilizados” (como nunca foram), usando o que eventualmente já guardam em refúgios fiscais.
    E nós (?) e nossos descendentes aqui ficaremos, num imenso buraco semi-desértico, administrando a vida na destruição.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador