Em ato esvaziado, Bolsonaro defende anistia para golpistas e candidatura em 2026

Ex-presidente usa presos pelo 8 de janeiro para tentar evitar prisão; início do julgamento por golpe de Estado está marcado para 25 de março

Crédito: Reprodução/ Youtube Silas Malafaia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o palanque organizado pelo pastor Silas Malafaia em Copacabana, no Rio de Janeiro, para tentar fazer o público acreditar que o seu interesse em uma lei que garanta a anistia para golpistas envolvidos nos atentados do 8 de janeiro é público, desinteressado, voltado ao bem dos cidadãos e em respeito à democracia.

Neste domingo (16), em um ato esvaziado em comparação a outras manifestações, Bolsonaro deu a sua versão sobre as acusações pelas quais responde, afirmando, inclusive, que processos envolvidos. Segundo o ex-presidente, as acusações no caso joias e cartões de vacinação já teriam sido desqualificadas – elas apenas não foram apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Crédito: Reprodução/ Youtube Silas Malafaia

O evento contou com a participação de bolsonaristas ilustres, como o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), e do pastor Silas Malafaia. 

E, ao longo dos discursos, eles apontaram Bolsonaro como o candidato da direita para as próximas eleições, alegando inclusive que tirá-lo da disputa é uma afronta à democracia.

“Eleições, sem Bolsonaro, é negar a democracia no Brasil. Se sou tão ruim assim, me derrote”, disse o único presidente que não logrou a reeleição desde a redemocratização.

Vale ressaltar que o ex-presidente está inelegível até 2030, condenado pela prática de abuso de poder econômico e dos meios de comunicação.

Bolsonaro tentou emplacar ainda a versão de que todos os inquéritos do Alexandre de Moraes são secretos e que ele teria iniciado a tentativa de golpe em 2021, durante live que questionava a credibilidade das urnas eletrônicas. 

“Nosso governo fez o trabalho. Por que perdeu a eleição? Será que a resposta está no inquérito 1361 secreto até hoje?”, apontou.

O ex-presidente também refutou a tese de que teria obsessão pelo poder, pois o que tem é “paixão pelo Brasil”. Afirmou ainda que, se for morto, que os bolsonaristas continuem lutando. “Se estivesse aqui estaria preso ou morto por eles. Eu serei um problema para eles preso ou morto. Mas, vejo a chama acessa, da esperança”, afirmou.

Crédito: Reprodução/ Youtube Silas Malafaia

Participações

Assim como os demais atos, a manifestação pela anistia contou com os já tradicionais pilares do bolsonarismo, como a religião e o storytelling. 

A abertura ficou a cargo do pastor Cláudio Duarte, que soma mais de 10 milhões de seguidores na internet por suas dicas de relacionamento. 

“Vamos orar neste momento. senhor, nosso deus, e pai soberano. É em teu nome que nós abrimos esta reunião. Muito mais que um aglomerado de pessoas, apenas um propósito: a justiça para a nossa nação”, afirmou o pastor.

Valdemar Costa neto, liberado apenas na última semana para voltar a falar com Bolsonaro, demonstrou ter memória curta. “Neste governo, a gasolina ficou cara. Então volta, Bolsonaro. Neste governo, a carne ficou cara. Então volta, Bolsonaro.” 

Nikolas ferreira insistiu no discurso bolsonarista do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmando que a Justiça deveria estar cuidando de casos de criminalidade em vez de prender “cidadãos inocentes”, classificados como terroristas e condenados por ter, por exemplo, depredado uma estátua com um batom.

O deputado bolsonarista mais atuante nas redes sociais lembrou ainda que a decisão do STF tirou a oportunidade dos condenados de presenciarem momentos importantes de familiares, como casamentos e nascimentos. 

Ao longo do evento, três bolsonaristas presos foram usados para tentar criar uma narrativa de injustiça. Um deles foi o empresário baiano Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, que morreu após um mal súbito na Papuda em 2023. A cabeleireira Débora dos Santos, presa por manchar uma estátua de batom, também foi bastante citada pelas autoridades presentes. 

Ezequiel Ferreira Luis, condenado por depredar o Palácio do Planalto, também foi amplamente citado.

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8 Comentários

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  1. Esse capitão caipira genocida golpista e vagabundo que incentiva Donald Trump a invadir o Brasil deveria ser amarrado num poste e fuzilado na forma do Código Penal Militar. Nosso país pouparia muito dinheiro resolvendo esse problema de uma maneira rápida e militarmente adequada.

  2. Dormindo com o inimigo ou diga-me com quem andas, e te direi quão longe irás.

    A despeito das disputas de narrativas sobre o tamanho da audiência na manifestação dos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro, algumas considerações merecem ser feitas.

    Primeiro, nem o STF, nem qualquer outra pessoa que defenda a Lei de Anistia, promulgada em pleno regime militar, em 1979, que depois teve sua constitucionalidade confirmada pelo STF, já em tempos “democráticos”, poderá subtrair a legitimidade do pedido dos manifestantes pró Anistia dos criminosos do 8 de janeiro de 2024.

    Ora, qual o argumento para impedir esse debate político e legislativo, se a sociedade brasileira aceitou a aberração jurídica da (auto) anistia dos militares, sendo que uma parte de seus crimes ainda está em andamento, já que os sequestros sem a recuperação dos corpos mantêm a consumação em estado de permanência, além de que outros, como a tortura, são imprescritíveis e não suscetíveis de anistia, fiança, graça ou indulto, conforme todos os tratados que somos signatários?

    Mais ainda, qual será a tese jurídica esposada pelo STF, uma vez provocado a declarar a inconstitucionalidade da lei, como já anteciparam os que são contrários à anistia, já que foi essa corte a deitar jurisprudência para tornar constitucional a anistia a criminosos que sequer foram investigados, já que militares não foram indiciados, investigados, processados, e sentenciados pelos crimes bárbaros e, mesmo assim, perdoados?

    Me parece, mas posso estar enganado, que estamos diante da figura do direito penal do inimigo.

    Bem, dito isso, vamos ao evento deste dia 16/03/2025.

    Jair Bolsonaro não reuniu essas pessoas na orla carioca de Copacabana para pressionar o Congresso ou o STF.

    Penso que não.

    Jair Bolsonaro sabe que não vão converter ninguém, nem fazer com que mudem de posição pelo volume de apoio que recrutar a sua causa.

    Sua demonstração de força, ou tentativa, a depender de quem olhar a manifestação, não foi dirigida aos adversários da ideia.

    Jair Bolsonaro sabe que seu impedimento, isto é, a impossibilidade da anistia é o encurtamento de sua carreira, mas é um atalho para muita gente que sonha em herdar seu capital político, e adiantar etapas na corrida para concorrer ao Planalto.

    Muita gente que esteve em seu palanque, hoje, e em outros eventos, já faz as contas para jogar o ex-presidente para fora do páreo.

    Possivelmente, a presença ao lado do ex-presidente é um gesto calculado para mantê-lo como cabo eleitoral.

    O governador de SP é um interessado direto na interdição de seu líder político.

    Há outros, mas talvez ele seja o principal.

    Contra ele, a história.

    É muito raro, principalmente nesses últimos 40 anos, que um governador chegue ao Planalto.

    Só um teve sucesso, Collor.

    Itamar governou MG, mas depois foi senador, e mesmo assim, chegou por impeachment como vice do presidente alagoano.

    Mesmo antes, dentre os demais, antes de 64, só JK conseguiu a façanha.

    A eleição presidencial requer uma capilaridade que o exercício do cargo de governador é um grande obstáculo, sejam pelas atribuições e desgastes do cargo, sejam pelas enormes arestas regionalistas que acumulam, durante esses mandatos.

    Lula foi deputado federal, Bolsonaro idem.

    Dilma não ocupou cargo eletivo, foi ministra.

    Temer golpeou Dilma.

    FHC foi senador, mas se elegeu presidente a partir do cargo de ministro da Fazenda.

    Collor governador e Sarney eleito indiretamente.

    Jango era vice de Jânio.

    JK, governador

    Vargas, bem, Vargas foi Vargas.

    Antes de 1930, o jogo era definido entre as oligarquias de MG e SP.

    Nesse inventário de presidentes, apenas dois governadores.

    Se Tarcisio vai ter sucesso ou não, uma coisa é certa, a anistia é um obstáculo às suas pretensões e de outros pré-candidatos.

    Na política, como se vê, o inimigo está bem mais próximo do que se imagina.

    Eu arriscaria a dizer que no caso de Bolsonaro, talvez ele durma com o inimigo(a), ou compartilhe com ele mais que uma herança genética, além da política.

    1. A anistia dos criminosos militares justifica a anistia dos golpistas destruidores do patrimônio público. É isso, Baco?
      Alguém está impedindo esse debate político e legislativo?
      Quando a sociedade brasileira aceitou a aberração jurídica da (auto) anistia dos militares?
      Ora, a tal anistia foi empurrada goela abaixo da maioria dos brasileiros

      1. Olha, não foi empurrada não.

        Me lembro bem da chegada dos exilados em comemoração, no Galeão, ao som de O Bêbado e o Equilibrista, na voz de Elis Regina, e con a chancela da Globo.

        Muita gente ali sequer havia sido presa ou torturada.

        Nem uma palavra sequer sobre 9 absurdo, nada, só festa.

        Recentemente, STF validou a constitucionalidade, e Lula disse, em alto e bom som, vamos deixar 31 de março.passar, e desautorizou qualquer manifestação do predador sexual Silvio de Almeida.

        Do ponto de vista dos crimes, destruir patrimônio é fichinha perto do que fizeram em 64.

        Não sou favorável a anistiar nenhum dos golpistas, nem de 64, nem de 8 de janeiro, mas o melhor que pode acontecer é abrir esse debate novamente.

        Se anistiou quem matou, sequestrou, estuprou e torturou, por que não anistiar esses imbecis?

        Ora, porque nenhum deles deve ser anistiado, é isso.

        Agora, se o STF ou a sociedade rejeitar a anistia agora, tem que rever a de 1979.

        Coerência, Rui, coerência, é isso que nos falta, como país, como povo.

        Somos uma vergonha, um amontoado de arranjos e peitinhos, atalhos e gambiarras.

        A defesa nesse espaço, das falas recentes de Lula sobre Gleisi são um sintoma muito ruim.

        Não só perdemos a iniciativa política, estamos ficando parecidos com eles.

        1. A destruição de patrimônio pode até ser fichinha perto do que fizeram a partir de 64 mas a destruição do patrimônio em 8 de janeiro era um meio para fazer o Brasil recuar aos anos de chumbo, não era um fim em si mesmo. Não aconteceu não por falta de vontade dos baderneiros, mas por circunstâncias alheias à vontade dos tais criminosos.

          Caía a tarde feita um viaduto
          Sem anistia!

  3. Artigo publicado por Ricardo Noblat menciona que trata-se do “Jus esperniandi”, termo jocoso jurídico que nada mais seria do que “direito de espernear”, concedido a defesa ou acusação.

    1. SEM ANISTIA!

      Quanto ao público, qualquer pequeno, PEQUENO, bloco no Carnaval carregou mais gente.
      Por mais idiota que seja esta turma bolsonarista, a ficha começa a cair de vez.
      Agora é esperar que este facínora e seus comparsas virem réus, que já sejam colocadas imediatamente as tornozeleiras e que, por fim, sejam rapidamente decretadas as suas prisões.

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