Entenda o esquema armado por aliados de Bolsonaro para vender joias de luxo

PF apura crimes de peculato e lavagem de dinheiro; programa mostrou lojas nos EUA que compraram as joias

Tânia Rego – Agência Brasil

A Polícia Federal deflagrou na última sexta-feira a fase ostensiva da Operação Lucas 12:2, que apura o plano executado por aliados de Jair Bolsonaro para vender presentes de luxo que foram entregues por autoridades estrangeiras ao Estado brasileiro quando Bolsonaro era presidente da República. Os valores envolvidos podem superar R$ 1 milhão.

O versículo da Bíblia que deu nome à operação diz que “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido.”

A PF já colheu indícios de que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e seu pai, Mauro César Lourena Cid, um militar da reserva que mora nos Estados Unidos, venderam parte das joias de luxo que Bolsonaro recebeu de presente.

E, quando a investigação sobre o caso veio a público, o grupo deu um jeito de reaver as joias vendidas nos EUA, usando o advogado dos Bolsonaro, Frederick Wassef, como possível recomprador de um dos relógios de luxo – um Rolex.

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O que você precisa saber sobre a Operação Lucas 12:2

Na Operação Lucas 12:2, a PF fez buscas e apreensões em endereços de quatro pessoas próximas de Jair Bolsonaro:

  • o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Mauro Lourena Cid, pai de Mauro Cid e ex-colega de Bolsonaro na Aman;
  • Osmar Crivelatti, tenente que também foi ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Frederick Wassef, advogado que já defendeu a família Bolsonaro.

Os fatos investigados configuram crime de peculato – porque as joias apropriadas indevidamente pelos ajudantes de Bolsonaro eram do Estado brasileiro, não do ex-presidente – e lavagem de dinheiro.

Na noite de domingo (13), o programa Fantástico exibiu reportagem mostrando as lojas nos EUA que teriam comprado as joias desviadas pelo aliados de Bolsonaro.

Segundo a PF, Mauro Cid vendeu dois relógios de luxo – entre eles, o Rolex que teria sido recuperado por Wassef- por 346 mil reais à loja Precision Watches, na Pensilvânia, e o dinheiro teria sido depositado na conta de seu pai.

Depois, Mauro Cid tentou vender o resto do kit – que incluía abotoaduras, um rosário islâmico e um anel, todos de luxo – em Miami.

Outro kit de joias recebido por Bolsonaro, agora através do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, teria sido levado a leilão online por uma loja de Manhattan, mas não foi vendido.

Segundo a PF, todos os presentes estão de volta ao Brasil.

Num das mensagens captadas pelos investigadores, Mauro Cid diz que “Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente. E aí, ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas, também pode depositar na conta. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?”.

Agora, a PF agora quer a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e de sua esposa, Michelle Bolsonaro. O pedido será analisado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que autorizou a Operação.

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1 Comentário

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  1. Um dano colateral que pouco ou nada se fala é a vergonha diplomática de receber um presente de uma nação estrangeira e vendê-lo como contrabando pessoal. Proporcionalmente, não fica longe dos ladrões de celular de uma Cracolândia. É inacreditável o dano e a desonra que amealhamos com a infame eleição deste despresidente.

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