Para Bolsonaro, Dom Phillips deveria ter “mais que redobrada atenção”

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Presidente diz que jornalista britânico “era malvisto na região” por conta de reportagens contra garimpeiros

Foto: Alan Santos/PR

O jornalista britânico Dom Phillips era “malvisto na região” em que desapareceu no Amazonas devido às reportagens contra garimpeiros e deveria ter tido “mais que redobrada atenção”, segundo o presidente Jair Bolsonaro.

“Esse inglês era malvisto na região, porque fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental, então, naquela região lá, que é bastante isolada, muita gente não gostava dele”, disse o presidente nesta quarta-feira.

Em entrevista à jornalista bolsonarista Leda Nagle, o presidente ressaltou que Phillips “tinha que ter mais que redobrada atenção para consigo próprio”.

“A gente não sabe se alguém viu e foi atrás dele, lá tem pirata no rio, lá tem tudo que possa imaginar lá”, afirmou Bolsonaro, que não comentou as declarações de preocupação do premier britânico Boris Johnson a respeito do caso.

Phillips e Bolsonaro já tiveram embate

O posicionamento de Bolsonaro sobre o desaparecimento do jornalista britânico não é muito diferente da forma como ele tratou Phillips em coletiva de correspondentes estrangeiros no início de seu governo, em julho de 2019.

Em entrevista à TV GGN 20 horas na última sexta-feira (10/06), o pesquisador aposentado do INPE Acioli Cancellier de Olivo lembra que, na ocasião, Bolsonaro “já tinha feito algumas insinuações a respeito de não concordar com os números de desmatamento da Amazônia e de queimadas”.

“Naquele dia 19 de julho, em uma manhã invernal, Bolsonaro recebe os correspondentes da imprensa estrangeira. Naquela conversa, Bolsonaro disse ‘eu duvido muito dos dados de desmatamento apresentados pelo INPE, e até acredito que o seu presidente (no caso Ricardo Galvão) está à serviço de alguma ONG’”, lembra o pesquisador.

Democracia é coisa frágil. Defendê-la requer um jornalismo corajoso e contundente.

Junte-se a nós: www.catarse.me/jornalggn

Acioli lembra que, ao final do evento, “um jornalista inglês chamado Dom Phillips falou para o Bolsonaro, naquele mesmo dia próximo quando Bolsonaro falou de Galvão. Dom Phillips perguntou ‘e essa escalada do aumento do desmatamento da Amazônia? ’”.

“Bolsonaro rispidamente falou para Dom Phillips ‘a Amazônia é nossa. Respondi? ‘. De forma intimidatória”, disse Acioli. “Então, só quero dizer o seguinte: a forma que Bolsonaro tratou o Galvão, as consequências todos viram o que aconteceu (Galvão foi exonerado). Com Dom Phillips nós não sabemos ainda”.

Com informações da Folha de São Paulo

Leia Também

Polícia prende segundo suspeito de desaparecimento de Phillips e Pereira

Grupo com Sebastião Salgado e Wagner Moura vai acompanhar buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira

“Profundamente preocupado”: Boris Johnson sobre desaparecimento de Dom Phillips

Embaixada brasileira no Reino Unido admite erro e pede desculpas à família de Dom Phillips

Família de britânico desaparecido na Amazônia pede doações para ajudar nas buscas

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Isto não é uma declaração.
    Isto é uma ameaça. Uma ameaça a todos que divergem dessa gente milico miliciana.
    Essa gente não pode continuar a ameaçar o Brasil e ficar impune.

  2. Também pode aconselhar os moradores das cidades a não saírem de casa, para não serem assaltados, mesmo com “redobrada atenção”…
    Um “conselho” que ele só não dá a si próprio porque (fora a “fakeada”) ele pode se dar ao luxo de andar com um comboio de carros blindados e um séquito de agentes federais (e/ou mercenários/milicianos?). Frequentemente cercado por uma claque de rebanho.
    A quantidade de desqualificações atribuíveis à este despresidente adolinquente só faz crescer.
    Mas o mais inacreditável de tudo é que ele foi eleito.
    Um insondável mistério.

  3. SIm, numa região populada por bandidos, apoiados pelo (des)governo, ser “mal visto” é elogio.
    Pior é termos um (des)presidente BEM VISTO pelas bandidagens que se espraiam pelo país.
    Este mesmo que tem como um de seus lemas que “bandido bom é bandido morto”…
    E a bandidagem matando a torto e a direito, tomando o braZil de assalto.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador