STF define bolsonarista como relator de investigação sobre imóveis da família

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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André Mendonça, que foi ministro de Bolsonaro antes de ser indicado ao STF, recebeu a ação do senador Randolfe

Foto: ABr

O ministro André Mendonça foi o sorteado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para ser o relator da ação movida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que solicita uma investigação sobre a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo por parte de diferentes integrantes da família Bolsonaro.

A escolha de Mendonça como relator desse caso é controversa, já que o ministro é um dos indicados pelo próprio Jair Bolsonaro para formar parte da corte a partir de dezembro de 2021.

Antes disso, André Mendonça foi parte importante da engrenagem do bolsonarismo no poder: foi ministro da Justiça entre abril de 2020 e março de 2021, em substituição de Sérgio Moro, e logo depois assumiu como Advogado-Geral da União, cargo que ocupou até agosto daquele ano, quando foi indicado para o STF.

Presbiteriano, Mendonça também é considerado o “ministro terrivelmente evangélico” que Bolsonaro prometeu instalar no STF, em meados de 2019.

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O caso dos 51 imóveis

A iniciativa de Randolfe está baseada na reportagem dos jornalistas Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, publicada na última terça-feira (30/8) pelo UOL, que revela um total de 107 imóveis adquiridos pelos Bolsonaro desde os Anos 90, registrados nos nomes de diferentes pessoas do clã: o próprio Jair Bolsonaro, suas ex-esposas, seus filhos, seus irmão e até a sua falecida mãe, Dona Olinda.

Porém, entre os mais de 100 imóveis dos Bolsonaro, os que mais chamam a atenção são 51 deles, que foram comprados com dinheiro vivo.

Segundo a reportagem, o valor total das transações em espécie seria de mais de 25 milhões de reais, segundo valores corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

A matéria do UOL também afirma que 25 dessas transações teriam acionado investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal.

Segundo especialistas em casos de corrupção, comprar de grande valor em dinheiro vivo podem ser um indício de lavagem de dinheiro de origem ilícita. No entanto, na mesma terça-feira em que surgiu a reportagem, Bolsonaro deu declarações questionando o escândalo causado pela mesma.

“Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Eu não sei o que está escrito na matéria”, reclamou o mandatário, durante sua participação em um evento da União Nacional do Comércio e dos Serviços.

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Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

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