
Jornal GGN – A rapidez dos profissionais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em liberar a vacinação da vacina Pfizer contra covid-19 para crianças entre cinco e 11 anos foi alvo de ameaças apenas pelo exercício de suas funções.
“Tendo como pano de fundo um discurso negacionista e anticientífico – antagônico à boa técnica e às boas práticas regulatórias – servidores públicos foram ameaçados pelo regular exercício do seu dever funcional. Algo extremamente incompatível com o regime democrático e que deveria inspirar a máxima atenção das autoridades competentes”, diz a Univisa (Associação dos Servidores da Anvisa).
A declaração é uma referência ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou em live ter pedido de forma extraoficial o nome daqueles que aprovaram a aplicação das vacinas em crianças.
“Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas, para que todo mundo tome conhecimento e, obviamente, forme o seu juízo”, disse Bolsonaro, segundo o site Poder360.
Dentro desse contexto, a Univisa lembra que a intenção de divulgar a identidade dos profissionais envolvidos na análise não tem qualquer interesse republicano – muito pelo contrário.
“Antes, mostra-se como ameaça de retaliação que, não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência”, afirma a Univisa.
A associação ressalta que o posicionamento dos denunciantes é “uma atitude que demonstra desprezo pelos princípios constitucionais da Administração Pública, pelas decisões técnicas da agência e pela vida dos seus servidores”.
“A Univisa repudia qualquer ameaça proferida contra o corpo técnico da Anvisa, bem como a quaisquer tentativas de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária que não advenham do debate estritamente científico e democrático”, ressalta a entidade.
A Univisa também se solidariza com aquelas e aqueles que, extenuados pela carga de trabalho imposta pela pandemia, veem-se ainda perturbados e constrangidos por ameaças – “fato que se torna mais grave quando parte das autoridades que possuem o dever de zelar pela paz, pela saúde pública e pelo cumprimento das decisões da Administração”.

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