O caso das câmeras corporais de Tarcísio, que permite PM jogar pessoas da ponte

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Em caso de extrema violência, policial militar arremessou homem de cima de uma ponte na Zona Sul de São Paulo

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Um vídeo, publicado nas primeiras horas desta terça-feira (3), tem chocado internautas nas redes sociais devido a violência escancarada da Polícia Militar (PM) de São Paulo, sob a chefia do governador Tarcísio de Freitas. Nesse caso, um homem foi arremessado de cima de uma ponte por um agente de segurança, na Zona Sul. 

O episódio brutal ocorreu na madrugada de segunda-feira (2). As imagens mostram um PM levantando uma moto que está no chão. Um segundo e um terceiro policial se aproximam. Logo após, um quarto policial chega segurando o homem de camiseta azul, que indica ser o motociclista abordado. Ele se aproxima da beirada da ponte e joga o homem no rio.

A vítima não foi identificada e o destino dele após o caso também não se sabe. Outro vídeo mostra um corpo vestido com uma camiseta azul boiando no rio. Entretanto, não há a confirmação se o corpo é o mesmo do homem jogado pelo PM. Segundo o G1, a vítima não morreu, mas não há informações sobre o seu estado de saúde.

A PM informou que os agentes envolvidos no caso seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Cidade Ademar. O policial que arremessou o homem é da Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam). 

A corporação disse que foi solicitado o afastamento imediato dos oficiais envolvidos no caso. Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que “a Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado”. 

Assim que tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação inaceitável“, anunciou a SSP. 

Todos os policiais que estavam em serviço na área identificada foram convocados e já estão sendo ouvidos. A instituição reitera seu compromisso com a legalidade, sem tolerar qualquer desvio de conduta“, completa o comunicado.

Mais violência policial

Esse é só mais um caso de violência policial que ganhou a mídia nos últimos dias. Também na Zona Sul, um homem de 26 anos foi morto com tiros nas costas disparados por um Policial Militar de folga em frente a um mercado no Jardim Prudência. Esse episódio ocorreu no dia 3 de novembro.

O homem assassinado foi identificado como Gabriel Renan da Silva Soares. Ele foi atingido por Vinicius de Lima Britto, que alegou ter agido em legítima defesa.

Antes de ser baleado, Soares havia furtado quatro pacotes de sabão para lavar roupa, no mercado Oxxo, na avenida Cupecê. Ele tentou fugir, mas escorregou na saída da loja. O PM, então, atirou diversas vezes.

Neste caso, a SSP informou que o PM está afastado das atividades. “O caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos“.

O caso das câmeras corporais

Esses e outros casos de violência policial ocorrem em meio à política das câmeras corporais dos agentes de Tarcísio, já questionada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No último dia 28, a Corte estendeu o prazo para o governo prestar esclarecimentos sobre o “liga e desliga” dos aparelhos. 

O STF está acompanhando o tema após a Defensoria Pública questionar a contratação de 12 mil novas câmeras que deixam de fazer gravações automáticas e ininterruptas, para serem acionadas voluntariamente pelos policiais. 

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, havia determinado que a gestão Tarcísio prestasse mais esclarecimentos sobre o caso até a última quinta-feira (28). No final daquele dia, o governo paulista requisitou um prazo adicional para encaminhar os dados e foi concedido mais cinco dias para o envio das informações.

O caso é acompanhado pelo Núcleo de Processo Estruturais e Complexos da Suprema Corte. O contrato firmado em setembro, com a Motorola Solutions, custa R$ 4 milhões mensais, com duração de 30 meses e valor total de R$ 105 milhões.

No edital, o governo paulista alega que câmeras são mais tecnológicas e terão novas funcionalidades, como reconhecimento facial e possibilidade de transmissão ao vivo. O texto, porém, não faz referência à gravação interrupta de vídeos. Agora, os policiais é que devem acionar a gravação de forma intencional. 

Segundo a SSP, a medida é uma forma de reduzir custos, uma vez que as gravações contínuas resultaram em problemas de autonomia dos equipamentos e também em custos de armazenamento, sendo que a maior parte das gravações não é aproveitada.

Conforme noticiado pelo GGN, o uso das câmeras corporais reduziu o número de mortes de civis e dos próprios policiais desde 2019, quando 62 batalhões passaram a usar os aparelhos.

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4 Comentários

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  1. Sejamos diretos, criminosos de farda. Seria interessantíssimo se a PM (ou a imprensa) mostrasse os resultados de todas Invetigações feitas pela própria PM. Quem sabe a gente passa a acreditar, ou confiar.

  2. Os paulistas estão transformando São Paulo no mangue que o Rio de Janeiro, se tornou. Tarcísio é o agente. Barco pra frente. E os gritos de euforia irracional da Faria Lima (parafraseando Alan Grenspan)… continuam.

  3. Quando foi que o Tarcísio errou, lá atrás, quando a PM Paulista executava aleatoriamente pretos e pobres na Baixada Santista, ocasião em que ele declarou: “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, ou agora, quando afirma que “Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”?

    Esse Troglodita estuda na mesma cartilha do genocida Bolsonaro, o qual afirmou: “Temos que fazer o quê? Em local que você possa deixar livre da linha de tiro as pessoas de bem da comunidade, ir com tudo para cima deles. E dar para o agente de segurança pública o excludente de ilicitude. Ele entra, resolve o problema. Se matar 10, 15 ou 20, com 10 ou 30 tiros cada um, ele tem que ser condecorado [o policial] e não processado.”

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