Estudo prevê que Brasil terá a pior taxa de desemprego da América Latina em 2022

Victor Farinelli
Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN
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País governado por Jair Bolsonaro está em 16º lugar, considerando as estatísticas de 2021, mas deve entrar para a lista dos 10 primeiros considerando as projeções para o final deste ano

Foto: José Cruz/Agência Brasil

A agência de classificação de risco Austin Rating publicou recentemente um levantamento com as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a economia global, o qual trouxe más notícias para o Brasil: o estudo aponta o Brasil como um dos países com maior taxa de desemprego durante este ano de 2022.

Na lista, que contém estimativas sobre 102 países estudados, o Brasil aparece na nona posição entre os que devem ter maior índice de desemprego este ano, com uma taxa de 13,7%. À nossa frente aparecem, pela ordem: África do Sul, Sudão, Palestina, Armênia, Geórgia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia do Norte e Bahamas.

Essa estimativa não está distante da taxa de desemprego no Brasil em 2021 registrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que foi de 13,2%, o 16º pior índice entre os 102 países estudados, e uma piora com relação ao ano de 2020, quando o Brasil estava na 22ª posição – também em um levantamento realizado pela Austin Rating, baseado na medição do IBGE sobre aquele ano, que foi de um desemprego de 13,8%.

Entre os países da América Latina, o Brasil é o que tem a pior posição no ranking, mas não muito à frente da Costa Rica, que está em 10º lugar, com 13,4% de desemprego estimado para este ano.

Entre os outros latinos citados na lista, apenas a Colômbia está mais ou menos próxima: 13º lugar, com 11,9% de desemprego estimado. Depois aparece o Panamá (24º, com 9,7%) e a Argentina (28º, com 9,2%) e o Chile (44º, com 7%).

O Brasil também é um dos 22 países cuja projeção do índice de desemprego para 2022 tem dois dígitos, o que é bastante mais eloquente quando se compara com as médias de blocos de países envolvidos no estudo, todos eles abaixo dessa casa dos dois dígitos: a média mundial de desemprego para este ano está calculada em 7,7%, a média do G20 deverá ser de 8% e a dos BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) seria de 8,2%.

Esta última estatística, relacionada aos BRICS, não é incrementada somente pelo Brasil mas também pela África do Sul, que lidera o ranking com uma taxa de desemprego estimada para 2022 de 35,2%. Entre os outros países do bloco, a Rússia prevê um desemprego de 9,3% (27º lugar no ranking) e a China terá 3,7% (85º lugar no ranking).

Em entrevista ao G1 – em matéria de Darlan Alvarenga –, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, que coordenou o levantamento, disse que “ainda que a estatística tenha algum ajuste, a realidade não se muda. (A posição do Brasil) ainda será lamentável (…) Quando a gente pega aqueles países que são diretamente comparáveis com o Brasil, como Grécia, Peru e até a própria Argentina todos esses têm uma perspectiva melhor”.

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Victor Farinelli

Victor Farinelli é jornalista residente no Chile, corinthiano e pai de um adolescente, já escreveu para meios como Opera Mundi, Carta Capital, Brasil de Fato e Revista Fórum, além do Jornal GGN

1 Comentário

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  1. Mais do que a taxa do desemprego, é muito mais lamentável a falta de qualidade nos empregos que vão sendo gerados. Apesar do acúmulo de cursos profissionalizantes por parte das pessoas, procurando tornar atraentes os currículos, as ofertas encontradas deixam a desejar. São consequência dos investimentos e isso coloca o País cada vez menos atrativo. A falta de dinamismo econômico, somado ao baixo crescimento ao longo dos anos, diminui o interesse por investimentos. O desemprego reduz ainda mais a atratividade do País, por comprometer a geração de renda. Sem falar de outros fatores que desimpulsionam investimentos. Há uma necessidade de enfrentar todo esse conjunto de coisas que atrapalham o desenvolvimento do País. A escada do desenvolvimento não é rolante, sem escalar os degraus ninguém sai do lugar.

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