Os bastidores do nível de desemprego no Brasil, por Thulio Benvenuti Antunes

Do fim do governo Temer ao atual, desemprego caiu de 11,6% para 11,2%. Nessa velocidade, demoraremos quase 2 décadas para atingirmos a menor taxa de desemprego

Fila de desemprego em São Paulo – Foto: Guilherme Balza

“DESEMPREGO ENCERRA NOVEMBRO EM 11,2%” – Vem ver o que não estão falando…

Por Thulio Benvenuti Antunes

Em março de 2016, quando Dilma estava próxima de ser afastada por impeachment, o desemprego era de 10,9% (logo, menor que o atual). Hoje, o governo Bolsonaro divulga que o “desemprego é o menor em mais de 3 anos” e induz o eleitor a pensar que as coisas estão boas quando, na realidade, desde que tiraram Dilma, o desemprego só aumentou.

Nestes 3 anos (2 de Temer e 1 de Bolsonaro), os governos de direita aplicaram uma série de medidas contra o trabalhador, como a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência, sob o pretexto de que o emprego melhoraria… E só piorou! Enquanto você não abrir os olhos para essa realidade, seguem divulgando meias verdades, com o argumento de “o remédio é amargo mas é por uma boa causa”.

Do trimestre set-out-nov/2018 (fim do governo Temer) ao atual, o desemprego caiu de 11,6% para 11,2%, ou seja, em 1 ano a redução foi de apenas 0,4%! Um ritmo extremamente fraco, se levadas em conta as promessas que foram feitas após tantos prejuízos aos trabalhadores. Nessa velocidade, demoraremos quase 2 décadas para atingirmos a menor taxa de desemprego que o Brasil já teve, que foi de 4,8% em dezembro de 2014 (fim do 1° mandato Dilma).

Ainda, escondem que muito dessa mísera baixa do desemprego é sustentada por trabalhadores que, sem alternativa, rumaram para a informalidade. 38,8 milhões de pessoas, segundo IBGE, estão na informalidade (vendendo doce na rua, trabalhando de Uber, fazendo marmitas para fora, etc). Os informais já são quase metade (41,1%) das pessoas que trabalham.

De acordo com o “Programa Verde Amarelo” de Bolsonaro e Paulo Guedes, o jovem que está entrando no mercado de trabalho agora e que, portanto, também contribui para essa pífia redução dos índices de desemprego, já entra (I) recebendo um adicional de periculosidade menor (o valor do adicional caiu de 30% para 5%); (II) com direito a um fundo de garantia menor (o depósito obrigatório para o empregador caiu de 8% para 2%); e (III) com indenização por demissão sem justa causa menor (caiu de 40% do FGTS para 20%).

Portanto, a baixa do desemprego atual, sustentada por uma série de prejuízos ao trabalhador e ainda longe dos patamares dos governos de esquerda, não é algo a ser comemorado. Não se deixe enganar!

 


Fontes:

“Desemprego cai para 11,2% em novembro, mas ainda atinge 11,9 milhões, diz IBGE” (https://glo.bo/3642JiC)
“Brasil encerra 2014 com a menor taxa de desemprego já registrada” (https://glo.bo/2Q2oxWq)
“Adicional de periculosidade para jovem cai de 30% para 5% pela nova regra” (https://bit.ly/2Zv1Xcb)
“Jovem que participar do Programa Verde-Amarelo terá redução de 75% no saldo do FGTS” (https://glo.bo/35ZZF7q)
“Programa reduz multa do FGTS para 20%” (https://glo.bo/2Su2yt1)

Redação

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