Vamos juntar algumas peças no caso do criminoso assassinado pelo PCC no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Peça 1 – a politização da Polícia Civil de São Paulo
Em setembro passado, houve um incidente conjugal envolvendo Eduardo Tagliaferro, assessor do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O assessor foi detido e, com ele, o celular. A corregedoria da Polícia Civil, então, exigiu que ele abrisse a senha do celular.
Dias depois, o conteúdo das conversas com Alexandre de Moraes transformou-se em uma série na Folha de São Paulo, para a qual o jornal foi buscar a ajuda do jornalista americano Glenn Greenwald. Foi uma tentativa canhestra de mostrar que o subordinado conversava e prestava contas ao chefe. O episódio não apenas sepultou a imagem jornalística de Glenn, como comprovou o processo de politização da Polícia Civil paulista, através da Corregedoria.
O jogo político era anterior. Começou quando, assumindo o governo, Tarcísio de Freitas indicou o capitão Guilherme Muraro Derrite para Secretário de Segurança, desalojando todo o alto comando da Polícia Militar. Apesar da pouca idade, Derrite já era da reserva da PM. Na ativa, comandou a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a perna mais violenta da PM.
Derrite tornou-se influenciador, elegeu-se deputado estadual, apoiou as declarações agressivas de Bolsonaro, defendeu a cloroquina, combateu o desarmamento, apoiou a militarização da segurança pública, atacou as minorias. No cargo, liberou a PM para matanças, culminando com as represálias no enterro de uma criança de 4 anos, assassinada por balas policiais.
Como subsecretário foi indicado o delegado Osvaldo Nico Gonçalves. O delegado especializou-se em casos de grande repercussão, ganhou a simpatia do jornalismo policial. Tanto está ligado aos esquemas políticos de Tarcísio que era o candidato preferido dele, e de Derrite, para candidato a vice-prefeito de Ricardo Nunes.
Além da carreira de delegado, é um empresário bem sucedido. Em 1992, quando conseguiu ser promovido a delegado, montou uma pizzaria no Ipiranga. Mesmo acumulando com a carreira de delegado, atuando em áreas críticas, como a do crime organizado, conseguiu montar uma rede de seis unidades, na capital, ABC Paulista e no Guarujá, além de outros bares e restaurantes. Segundo o Metrópoles, o patrimônio atual do delegado é de R$ 12,3 milhões.
Sempre foi conhecido pelo uso excessivo da força, pela atração por holofotes, conflitos com áreas periféricas e interferências em investigações policiais. E por cultivar relações com autoridades de todos os poderes.
Na Operação Churrascada, sobre venda de sentenças de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo, no celular de Ivo de Almada, um dos suspeitos, a polícia recuperou diversos pedidos de favores do desembargador ao delegado Nico.
A conversa denota intimidade. O desembargador pede sua interferência para resolver a situação de um amigo de família, escrivão que foi afastado de uma delegacia.
Nico responde assim a um dos pedidos do desembargador:
- Ô Doutor Ivo, que saudades do senhor, que honra ouvir sua voz. É isso aí, pede pra passar meu telefone, pede pra ele vim falar comigo para poder entender o que está acontecendo e tentar ajudá-lo, tá bom? Eu vou ver isso com o Fabio, ver o que aconteceu, tá bom? Mas pede para ele vir aqui amanhã às onze e meia no palácio da polícia. Obrigado.
Ele despertou suspeitas, também, ao aceitar passar um fim de semana na casa de João Dória, em Campos de Jordão, em um momento em que a polícia civil estava investigando as operações da J&F e Doria havia sido contratado pela parte contrário.
Não há nada de objetivo contra ele, apenas uma enorme capacidade de se relacionar com todos os setores, o que garante um poder adicional aos seus poderes de policial. E um envolvimento político claro com o governador.
Peça 2 – um crime de policiais?
Há uma desconfiança cada vez maior de que a morte do de Antônio Vinícius Grietzbach – ligado ao PCC – foi ação de policiais. O atrevimento, de atuar em uma região pública, não é típica de organizações criminosas, mas de assassinos indeterminados. A lógica é simples. Se fosse do PCC, imediatamente levantaria todas as forças policiais contra ele.
Oito dias antes de ser assassinato, Vinicius depôs para a corregedoria da Policia Civil. No depoimento, acusou policiais do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa de tentar achacá-lo, cobrando R$ 40 milhões para deixar de investigá-lo em uma acusação de assassinato. Há suspeitas de que o depoimento vazou, motivando o assassinato.
Reportagem da SBT informou que um investigador acusado de corrupçao, delatado por Vinicius, é parente da corregedora da Polícia Civil – justamente a responsável pelas investigações.
Com todas essas suspeitas e indícios, é evidente que uma investigação conduzida pela corregedoria da polícia e pelo delegado Nico dificilmente elucidará de forma isenta o crime.
O episódio apenas acentua o processo acelerado de degradação da polícia paulista. Começou pela PM. A autorização para matar não apenas é sinal de selvageria. É também uma forma de fugir aos controles hierárquicos da corporação. O policial ganha um poder intimidador que pode ser utilizado por qualquer organização criminosa – já que toda violência será perdoada.
Por enquanto, o combate ao crime organizado em São Paulo é trabalho solitário do promotor Lincoln Gakiya, que recentemente acusou o PCC de ter se infiltrado em todos os poderes de São Paulo.
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Tenho um preconceito em relação a todo mundo que usa arma, milico, policia, segurança, tanto faz. Quem tem cabeça pra fazer isso, pegar arma e ate ter que matar, não é para pessoa normal. Pelo menos no Brasil. Infelizmente a Policia NO BRASIL INTEIRO, é a maior parceira do crime, sendo a mão armada de quem manda mesmo no negocio que esta sempre olhando tudo bem de longe.
Mauro Guimarães Soares, amigo de Alexandre de Moraes e delegado do Deic foi morto num possível latrocínio em setembro. Será?
Mauro Guimarães Soares, delegado morto num possível latrocínio era ligado a Alexandre o Moraes e ativo nas investigações contra o crime organizado. O governador de São Paulo é o único militar do grupo do Haiti com cargo político relevante. Os outros Cardeais do Haiti, também supostamente envolvidos c as milícias haitianas estão soltos e atuantes nas forças armadas. Todos eles participaram ativamente na intervenção no RJ e a partir dali tomaram o poder com Bolsonaro
foi eleito prometendo levar a inteligência de segurança pública do Rio para São Paulo, lembra?
Mas se São Paulo foi tomada por milicianos cariocas; É a carioquização do Estado de São Paulo, na política. É foi escolha do povo de São Paulo
Agenesia ética=Narcisismo+Hipocrisia+Selvageria=Pseudo Ideologia/Pseudo-ordem/Pseudojustiça=Piada sem graça/Indigestão
Nassif, seria muito interessante uma análise ampla do novo tabuleiro geopolítico na América do Sul com a vitória do Trump e com Milei na presidência da Argentina. Estou sentindo que, desde a Guerra do Paraguai, passaremos a ter uma possibilidade real de uma guerra moderna e em grande escala por aqui. Imagino ser este um sonho antigo de determinados políticos, empresários e forças armadas dos Estados Unidos. Acho que o Brasil corre um seríssimo risco a médio e longo prazo. Atualmente, já não tem boas relações com Venezuela e Argentina. Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia têm históricos instáveis e vejo neles ameaças reais em caso de conflitos . Se for atacado no sul, no norte e pelos flancos com apoio do Tio Sam, todo o trabalho do Barão de Rio Branco para formatar esse país continente iria por água abaixo. Tenho motivos para pensar num cenário desses ou não?
Rio Branco disse ser estratégico a política ABC: Argentina, Brasil e Chile.
Não temos acesso ao Oceano Pacífico. Milei é um maluco pior que o Bozo e sabemos que uma hora o povo perde a paciência.
Mas é engraçado, por exemplo, que a imprensa à brasileira (um jornalista investogativo ficaria instigado com o fato) não se interessa pela fraude processual ocorrida no processo em que o hacker de marcela temer fora condenado e ao arrepio do que determina a lei de execução penal no que se refere a iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, para um caso de …. estelionato. Para nós que operamos o Direito não há dúvidas de que o sistema de justiça brasleiro se sente dissociado de sua população. excerto da reportagem: O aúdio da conversa de Marcela com o irmão desapareceu do processo. https://g1.globo.com/google/amp/sao-paulo/noticia/hacker-condenado-por-chantagear-primeira-dama-disse-ter-audio-que-jogaria-nome-de-temer-na-lama.ghtml
logo depois moraes é nomeado ministro do supremo, por meios golpistas. infelizmente o Brasil está se deteriorando e não temos um único estadista.
Rui Ribeiro
11 de novembro de 2024 às 9:12 am
A vítima também ia delatar policiais corruptos. Então não se sabe se ele foi vítima do PCC ou da Polícia. Certamente a banda podre da polícia teria mais a perder com as delações do que o PCC. Então…
“Há uma desconfiança cada vez maior de que a morte do de Antônio Vinícius Grietzbach – ligado ao PCC – foi ação de policiais”.
Eu sou meu fã. Vdd esse bilete