Peça 1 – o negócio da lavagem de dinheiro
Lavagem de dinheiro é um processo pelo qual dinheiro obtido de forma ilícita, como através do tráfico de drogas, corrupção ou outros crimes, é transformado em dinheiro “limpo” e inserido na economia formal.
A lavagem de dinheiro geralmente envolve três etapas:
- Colocação: O dinheiro sujo é introduzido no sistema financeiro. Por exemplo, pode ser depositado em pequenas quantias em várias contas bancárias diferentes.
- Camada: O dinheiro é misturado com outras fontes de fundos para dificultar o rastreamento. Isso pode envolver a compra de bens, como imóveis ou veículos, e depois vendê-los.
- Integração: O dinheiro “lavado” é reinvestido na economia legal, como em um negócio legítimo.
Métodos de lavagem de dinheiro:
- Casas de câmbio: Troca de grandes quantias de dinheiro em diferentes moedas.
- Empresas fantasmas: Criação de empresas fictícias para movimentar dinheiro.
- Investimento em bens: Compra de imóveis, carros de luxo, obras de arte e outros bens de alto valor.
- Jogos de azar: Uso de cassinos e bingos para “lavar” dinheiro.
Peça 2 – os negócios do contraventor assassinado no Aeroporto
Tome o caso de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado pelo PCC no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ele era o típico lavador de dinheiro do PCC – e com influência na organização.
Segundo as notícias era apenas um corretor de imóveis no Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo. Aí, conheceu um personagem do PCC, Anselmo Bicheli Santa Fausta, o Capa Preta, que tinha negócio com comércio de drogas e de armas..
Vinicius aproximou-se de Capa Preta e passou a lavar dinheiro na compra e venda de imóveis de alto padrão, além de providenciar “laranjas”, que emprestaram o nome para o criminoso. Depois, entrou no negócio de “criptomoedas”.
Para os esquemas de lavagem de dinheiro, Gritzbach utilizava a compra de imóveis, investimentos em diversas empresas e aplicações em criptomoedas. Seus ganhos são estimados entre 30 milhões a 100 milhões de reais.
Peça 3 – as características da lavagem
Algumas características são evidentes no processo de lavagem de dinheiro.
Primeiro, a necessidade de criar sucessivos CNPJs. Quanto maior a quantidade e o valor das operações de lavagem de dinheiro, há mais necessidade de CNPJs e de entrelaçamento de empresas, para poder fazer circular os valores, diluindo a concentração em algumas delas, que poderia chamar a atenção da Justiça.
Depois – no caso de lavagem de dinheiro do tráfico -, os valores movimentados, extraordinariamente elevados. Em pouco tempo, Gritzbach passou a um mero corretor de imóveis a um empresário milionário, com imóveis de alto luxo, viagens internacionais e jóias – encontradas com ele no aeroporto.
Peça 4 – o caso Pablo Marçal
Em poucos anos, Pablo Marçal abriu mais de uma dezena de empresas, a maior parte das quais abrigada no mesmo endereço, Alameda Tocantins, número 956, em Alphaville.
Aqui, um pequeno levantamento de empresas registradas em seu nome.
E empresas desativadas.
Com exceção da PW Participações – criada em Goiânia em 2007 -, todas dividem o mesmo endereço.
Confira a data de criação de várias de suas empresas:
General Bank | 13/12/2023 |
Seneca Air Ltda | 11/08/2023 |
Flat Participações Ltda. | 28/03/2023 |
Digital Kingdom Ltda | 20/04/2023 |
Marçal Loteamento Participações Ltda | 18/08/2021 |
Marçal Participações Ltda | 10/03/2020 |
Escola Elementar e Fundamental | 25/08/2021 |
Grande parte delas tem no seu CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) a autorização para negociações de imóveis. E, agora, o General Bank, que permitirá a Marçal movimentar dinheiro de terceiros – embora seja juridicamente uma S/C e não um banco.
A montagem de empresas e negócios não é tarefa trivial, especialmente se forem abertas várias delas simultaneamente. Demanda identificar mercado, ter quadros técnicos de confiança para tocar cada negócio, montar a área de pessoal, do marketing, definir claramente o produto e o mercado.
A maior jogada de Marçal foi encenar um potencial de riqueza típico da nova economia digital. Como não há muito histórico, e multiplicam-se os casos de enriquecimento de influenciadores, Marçal recorreu a dois truques de marketing.
Primeiro, mostrou seu enriquecimento, com aviões e mansões. Depois, montou um enorme marketing em cima de seus cursos, como o fato de seu público pagar alguns milhares de reais para um almoço em sua companhia justificasse seu enorme enriquecimento..
Ninguém parou para avaliar a enorme desproporção entre o potencial de venda de livros e cursos, e a fortuna acumulada por Marçal. Ele acena com seu público potencial – seus seguidores, alguns fanáticos. Mas a abrangência do seu negócio é muito maior do que o potencial de faturamento de seus produtos: venda de livros e de seminários.
Se quiserem avançar, Polícia Federal e COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e Receita Federal não terão nenhuma dificuldade em passar seus negócios a limpo. Basta ir atrás de cada empresa e analisar de perto o que produzem de serviços e produtos.
Tem escola? Então tem que mostrar os alunos. Tem companhia de aviação? Tem que mostrar os aviões, as rotas e o faturamento. Tem serviços digitais? Mostre serviços prestados, clientes e preços cobrados.
Nas eleições para presidente, houve uma batida nos escritórios de Marçal e constatou-se que todas suas empresas dividiam o mesmo escritório. E ficou por isso mesmo.
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Ele quer usar a carreira politica para blindar sua fortuna e se livrar da cadeia, não vê quem não quer…e não são poucos os que não querem, principalmente gente ligada ao judiciário, mas é por pura convicção, ninguém tá comendo bola, da fortuna do meliante.
https://youtu.be/chI88lFkLlE?si=lCLcHVr_O8H_t2Gt
Como o Brasil possui pessoas crédulas…impressioante. Vide chicos xavier, joões de deus, edires macedo, etc… uma fauna rica nessa espécie.
Falar em corretores bem sucedidos a gente não pode ignorar a beleza da profissão e nem o poder que ela pode proporcionar ao profissional dedicado. Kassab que o diga. Taí um cara digno de ser seguido.
Além desses métodos elencados para lavagens de capitais, que habitualmente são empregados no varejo, qualquer indivíduo que tenha um médio conhecimento do mercado financeiro, sabe que as instituições possuem áreas específicas para engenharias financeiras (produtos sob medida), onde ocorrem operações simuladas, tanto para criar origens para os capitais ilícitos, quanto para criar recursos informais (caixa 2), sendo os bancos privilegiados, por conhecerem as demandas de ambos os lados. Desta forma, agem como intermediários, unindo as duas pontas soltas, inclusive para internar e externar recursos.
Desculpe a ignorância, mas se não tinha imóveis, veiculos no ano anterior e nem recursos, como posso no ano seguinte aparecer com isso ? A receita não pega?
Normalmente a pessoa faz um operação de compra oficial com valor baixo e paga por fora. Mas depois vende com o valor real ou superfaturado.