As fraquezas de Alckmin

Primeira fraqueza: não conhecer pessoas

O que diferencia um José Serra, um Aécio Neves, um Delfim Netto, o próprio Fernando Henrique Cardoso é a capacidade de constituir equipes com quadros técnicos capazes. Quando terminou o governo FHC, foram despejados no mercado os melhores quadros tucanos. Quem acompanha de perto ações administrativas do governo sabe quem são os quadros que funcionam e quem são os que jogam para a platéia.

Aécio levou para lá um time de primeiríssima; Serra trouxe para a prefeitura nomes de peso. Alckmin se fixou em pessoas com visibilidade na mídia.

Segunda fraqueza: jogar fora oportunidades históricas

Em nenhum setor do governo FHC havia mais excelência do que na área de tecnologia e inovação. Quando começou o governo Lula, a área mais criticada era justamente o Ministério de Ciência e Tecnologia, com Roberto Amaral desmontando o trabalho do governo anterior.

Se tivesse visão de estadista, Alckmin teria convocado um Américo Pacheco, um Britto Cruz (reitor da Unicamp), um Vogt (presidente da Fapesp) e montado um sistema de inovação no Estado à altura de qualquer grande país europeu. São Paulo tem universidades excepcionais, institutos de pesquisa de ponta, uma instituição de financiamento da pesquisa exemplar, a estrutura da FIESP, do Sebrae. Um secretário com visão de futuro teria revolucionado a área.

Em vez disso, em um arranjo político interno, Alckmin nomeou para a pasta João Carlos Meirelles, um agricultor sem conhecimento do riscado. O resultado foi pífio. Não se soube de nenhuma articulação entre universidades, empresas e institutos patrocinada pelo governo do Estado.

Terceira fraqueza: não administrar conflitos

O Chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, não gostava do Secretário de Ciências e Tecnologia Meirelles que tinha implicância com o Secretario da Agricultura e assim por diante. O da Segurança não se dava com o da Administração Penitenciária e com o da Justiça.

Alckmin não mediava nenhum conflito. Com isso se criaram feudos e boicote interno entre os secretários.

São raríssimas as reuniões conhecidas de Alckmin com todo seu secretariado. Não fazia e não delegava. Concentrou-se em alguns pontos, como o dos conjuntos habitacionais, e deixou os demais soltos, sem nenhuma espécie de cobrança.

Quarta fraqueza: não administrar por objetivos.

Qualquer governo gerencial trabalha com indicadores e metas. No curto período em que foi Secretário do Planejamento, Martus Tavares penou para juntar algumas dezenas de projetos prioritários. Nenhum deles tinha indicadores objetivos de desempenho, que permitisse ao responsável ser cobrado por sua açao.

Quinta fraqueza: incapacidade de decidir e planejar

A linha 4 do Metrô atrasou porque o governo do estado demorou no planejamento de desapropriações.

O Rodoanel atrasou anos, em parte por problemas ambientais, em parte porque Alckmin não decidia nunca se cobraria pedágio ou não. Os problemas ambientais teriam sido resolvidos em pouquíssimo tempo, juntando as partes envolvidas, se o gestor fosse um José Serra, um Sérgio Motta, uma Dilma Rousseff, um Luiz Furlan. É esse o trabalho do governador: juntar pontas, coordenar ações e resolver impasses e decidir, decidir, decidir.

Suprimiu-se uma estação do Metrô no Jardim Guedala por pressão de figuras influentes.

Certamente, José Serra ou mesmo Aécio Neves trariam para a campanha outra visão de país e de gestão. E não ficariam nesse jogo de bordões tipo “eu cheguei para balançar as estruturas”. Como assim?

Luis Nassif

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