A Rede Globo é a mãe do analfabetismo político, por Roberto Bitencourt da Silva

por Roberto Bitencourt da Silva

Do ponto de vista político, o domínio da escrita e a habilidade da leitura consistem em recursos importantes para o exercício da cidadania. Como diria Paulo Freire, contribuem para a leitura do mundo.

Mas, infelizmente, é forçoso lembrar que não são os fatores decisivos para a alfabetização política. As experiências cotidianas e os contornos do tempo em que agem os sujeitos são aspectos mais importantes para uma politizada “leitura do mundo”.

Nos anos imediatamente anteriores ao golpe civil-militar de 1964, grossa parte da população não era letrada. Era “analfabeta” do ponto de vista escolar.

Porém, prevalecia uma imprensa não oligopolizada – somente na cidade do Rio de Janeiro havia mais de 20 jornais em circulação –, e uma televisão que não possuía influência maior nos esquemas de percepção da população.

Ademais, entre os estratos baixos e altos das classes trabalhadores, bem como em frações da pequena burguesia, as experiências cotidianas no trabalho, nas escolas, nas universidades e nos quartéis, permitiam uma percepção mais aguçada do país em que viviam.

Os partidos, de esquerda e direita, assim como os sindicatos de trabalhadores, guardavam boa margem de coerência nas ações e legitimidade junto às suas bases sociais. Por isso, tinham capacidade de desempenhar um papel politicamente educativo.

Um trabalhador humilde tinha clareza de que o capital estrangeiro subtraía muito mais riqueza do que criava no país, bem como identificava no latifúndio uma opressão aos trabalhadores rurais, além de encarecer os alimentos nas cidades, gerando a “carestia”.

Muitos trabalhadores urbanos, sem passar pela escola ou com baixa escolaridade, conseguiam compreender assuntos áridos, para os padrões dos nossos dias, como as transferências dos lucros dos chamados investimentos externos para o exterior.

Não só compreendiam, como demandavam solução política para o que se entendia ser uma “espoliação” sobre os frutos dos trabalhadores e uma “sangria” das riquezas nacionais.

Os Estados Unidos eram concebidos como uma potência perigosa, que ameaçavam os interesses nacionais, na cosmovisão de amplas faixas das classes trabalhadoras e médias.

Hoje, a imbecilidade campeia, o analfabetismo político grassa na terra brasilis. Isso a despeito da elevação dos níveis de escolaridade e, em tese, dos domínios das competências na escrita e na leitura.

Educação escolar e universitária, oferecida ou apropriada, na melhor das hipóteses, de maneira meramente instrumental e despolitizada é o que temos em nossos tempos.

Por outro lado, a principal formadora de (in)consciências, comportamentos, categorias de percepção sobre o mundo e atitudes,  está longe de ser a escola.

O sujeito compra um casaco ou um aparelho celular de marca norte-americana e se identifica com os Estados Unidos. A sua afeição, do ponto de vista identitário, é com o “grande irmão” do Norte, pouco se lixando para o Brasil. A sua mente é colonizada pela mercadoria. Quem a faz ou está associado a ela é exaltado. “Viva os EUA”, diz o bobalhão.

Veste uma camisa da CBF e sai às ruas clamando contra a “corrupção”. Contribui para colocar inúmeros sujeitos comprometidos com práticas torpes, corruptas, antipopulares e antinacionais.

Contribui para formar um governo ilegítimo, que adota medidas que, em boa medida, irá causar danos diretamente a si mesmo, o pregador da “moralidade”, ontem, via golpe.

A imbecilidade e a obscuridade venceram. Com certificados escolares e universitários. Por ora.

O analfabetismo político impreante, cujos irmãos são a imbecilidade e a obscuridade, tem pai e mãe: o golpe civil-militar de 1964 e a Rede Globo. São essas experiências que conformam boa parte do cotidiano da nossa gente.

O pai, portador de influências duradouras, autoritárias, suscitou a valorização da subalternidade em relação ao exterior (o eterno complexo de vira-latas) e em parte expressiva das relações sociais no país.

A mãe, os conglomerados da família Marinho, opera cotidianamente sob a forma daquilo que o filósofo Ludovico Silva chama de “mais-valia ideológica”. Isto é, o prolongamento simbólico da exploração e das relações sociais desiguais, no tempo de descanso e que deveria ser dedicado à reflexão autônoma dos sujeitos.

Eis o papel que a Rede Globo desempenha: embota as capacidades de percepção sobre os próprios sujeitos, sobre os seus potenciais interesses e suas situações reais de vida, como também em torno das necessidades do país em que vive. O analfabetismo político é o fruto da Rede Globo.

Hoje, o analfabeto político, tão lépido e fagueiro, quanto oco e facilmente manipulável, dá suporte a um governo espúrio, assentado nas abomináveis, mas endeusadas, “instituições”.

Roberto Bitencourt da Silva – historiador e cientista político.

 

 

 

 

 

Redação

21 Comentários

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  1. Excelente texto, quanto a nós

    Excelente texto, quanto a nós cabe não colaborar com estas duas desgraças remanescentes do período militar, PMDB e Rede Globo. Quanto a Globo que não assisto há décadas, é o Diário Oficial de um país continental, ela forja tudo, ela conseguiu até que as pessoas acompanhacem pelo pequeno monitor de TV uma coisa super chata e enfadonha que é corrida de Fórmula 1, aliás transformou um piloto de corrida, com um macacão cheio de marcas multinacionais, daí a nome de avenidas e ruas no país odo, mudaram até o nome da Rodovia dos Trabalhadores em SP em herói Nacional.

    Ontem fiz a minha parte, cancelei a NET que tem pequena participação acionária da Globo e mudei de operadora de TV e Internet, não vou mudar o mundo, mas não vou alimentar com meu dinheiro aquele Cãncer nacional que é a Rede Globo, todos que não aceitam aquilo devem boicotar, acho que não terá o efeito financeiro desejado, mas ontem já dormi melhor, do meu dinheiro individualente eles não precisam, já que esta com o orçamento do país nas mãos, via seu governo golpista instalado em Brasília.

    1. Bem lembrado. Aquilo que

      Bem lembrado. Aquilo que aconteceu na morte de um mero motorista de carros velozes que custam milhões e atraem mulheres gostosas é um ótimo exemplo do grau de globotomização da população brasileira. E tem o futebol. Putz, o povo fica acordado até a madrugada, porque a goebbels precisa passar sua modorrenta novela das 9. Ao menos se ficassem calados, seriam apenas os imbecis sem dormir, mas não, gritam feito hienas no cio, e não deixam ninguém mais dormir.

  2. Poder da Globo

       Muitos alegam quee com a internet o papel da Globo seria mitigado, ledo engano. A intenert requer postura ativa para acessar os sites que analisam as notícias. As pessoas não acessam a internet de forma passiva, mas ativa. Então, convencidas de determindas realidades, acessam sites que confirmam tal realidade. A Globo atua no inconsciente e sub-reptício, enquanto a internet atua no consciente, portanto a luta é desleal.

  3. Desculpe, Nassif, mas vou

    Desculpe, Nassif, mas vou escrever palavrões.

    Mãe do analfabetismo político é o kct. A Globo é o legítmio Caos primordial grego que infesta este país de idiotas. Todos acreditam nessa m****. Ela está entranhada no país através de suas afiliadas e retransmissoras. É faz muito bem o que tem que fazer: propagar a burrice, burrice e mais burrice. 

    Desculpe, mas tinha que escrever esse desabafo. 

  4. É o globogolpismo em ação

    Fica cada vez mais claro que TODAS as manifestações produzidas pelas organizações Globo procuram aumentar sua capacidade de interferir nas decisões políticas. Por bem ou por mal. E, ainda, como se estas fossem de iniciativa ou de interesse da população.

     

  5. Vamos instruir nossos filhos

    Uma coisa que me incomoda é jantar com televisão ligada. Como não temos esse habito em casa, quando vou a casa das pessoas, em que a televisão esta geralmente na Globo fica a noite toda ligada me incomoda. Eu preguntei a minha prima porque não delisgar a televisão ja que estavamos passando uma noite juntos, para conversar. Ela respondeu que era habito, que o marido chega em casa liga a tevê e passa a noite toda em frente. Perguntei se ele jantava na frente da televisão, sem muito dialogo e ela confirmou. Eh isso ai que se chama de uma geração televisão. Sem a televisão, e a Globo teve particpação prepoderante nisso, essa geração, dos anos 70 e princiapalmente de 80, não sabe mais o que fazer, menos ainda o que dizer.

    1. E não só em casa.

      Realmente o que a Sra fala é verdade. Ainda bem que lá em casa a audiência da rede Gloebbels definhou.

      O problema é que em 98% das salas de espera estão com seus aparelhos ligados nessa porcaria….

  6. confesdso que aquelas longas

    confesdso que aquelas longas discussões em família em

    que  tentávamos dizer que a globo foi e é sempre golpista,

    não foi em vão, pois agora as pessoas irão relacionar aquelas

    informações e começar a percebef de certa forma

    que havia verdade no que falávamos…

  7. Uma hora de honestidade no

    Uma hora de honestidade no jornal noturno dos Homers acabaria com o golpe no dia seguinte. Os coxinhas iriam todos pra rua pedir a cabeça de Temer, Aécio, Serra e, claro, dos 3 chefões da máfia, os verdadeiros donos desse bananal.

  8. Vcs estão ignorando o papel
    Vcs estão ignorando o papel que bestas como Olavo de Carvalho e outros vlogueiros conservadores tiveram nessa nova onda reaça. Acho q a globo juntamente com a péssima Educação deram os fundamentos, mas o recheio dessa coxinha de bosta que está aí pertence aos vlogueiros neocons do qual Olavo de Carvalho eh o carro chefe

    1. Globotomia

      Nenhum desses têm a décima parte da força dessa mídia odienta. Sem a globo o golpe não tem sustentação.

      Só imaginar um pouquinho o Jornal Nacional em apenas um dia falando a verdade e o Brasil inteiro muda junto.

  9. CONHEÇAM MELHOR A REDE ESGOTO

    THE NEW YORK TIMES DETONA A GLOBO: “TV QUE ILUDE O BRASIL”

    THE NEW YORK TIMES FAZ CRÍTICA-DENÚNCIA À REDE GLOBO: “TV IRREALIDADE QUE ILUDE O BRASIL”

     

    VEJA LINK ABAIXO DE FILMES SOBRE A DIGNÍSSIMA REDE GLOBO

     

    Você Deveria Saber – Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Globo Tenta Manipular os Protestos- Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Rede Globo entra na Justiça contra a CNN !!! Quer censurar esse vídeo!!

    Documentário proibido feito pela BBC sobre o poder de Manipulação da RE

    Rede Globo História secreta de Crimes- Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Documentário proibido feito pela BBC sobre o poder de Manipulação da REDE GLO

    Ceará Vermelho – Equipe da Globo é expulsa de manifestação no Rio

    Globo é expulsa de manifestação em Belo Horizonte

    Globo é expulsa de manifestação de profissionais de educação

    Rede Globo EXPULSA de manifestação em Madri

    REDE GLOBO SENDO EXPULSA DE MANIFESTAÇÃO EM MARINGÁ

    Globo expulsa dia 24 07 2015 da Manifestação no Rio de Janeiro

    “Fora Globo”: Rede Globo é expulsa de Copacabana por grevistas (HD)

    O POVO NÃO É BOBO ABAIXO A REDE GLOBO!

    Manifestação em frente a Rede Globo do RJ

    GLOBO É HOSTILIZADA EM MANIFESTAÇÃO HOJE EM MACAÉ

    PROTESTOS CONTRA REDE GLOBO

    Fora, Globo !” na manifestação

    Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Jornalistas da Rede Globo são expulsos das manifestações em Londres

    Rede Globo é expulsa da Marcha contra a Corrupção em São Paulo

    Rede Globo é Expulsa pelo Povo

    Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    A rede globo deve a receita federal mais de 600 milhões-Esses caras são impressionantes

    A Globo usa Você para não pagar impostos-Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

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    Rede Globo entra na Justiça contra a CNN !!! Quer censurar esse vídeo!!

    Documentário proibido feito pela BBC sobre o poder de Manipulação da RE

    Rede Globo História secreta de Crimes- Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    Documentário proibido feito pela BBC sobre o poder de Manipulação da REDE GLOBO

    Rede Globo História secreta de Crimes- Globo entra na justiça contra a exibição deste vídeo

    A História da Rede Globo – Doc. BBC – Proibido no Brasi

    Muito Além do Cidadão Kane (completo / dublado) – documentário sobre a Rede Globo

    Além do Cidadao Kane (completo)

    Exaltação e propaganda da Ditadura Militar na Rede Globo 1975

    Rede Globo, Golpe Militar de 1964 e a Formação do PiG

    Manifestante Rasga o Verbo Contra a Rede Globo

    verdade oculta da globo 360p

    MUITO ALÉM DO CIDADÃO KANE – A PODRIDÃO DA REDE GLOBO

    Além do Cidadao Kane (Beyond Citizen Kane) Documentário Sobre a Rede Globo 1993

    O Mistério das Máscaras de Chumbo (TV Globo, 1990) – 1/2

    Revelações – Fora Globo

    Rede Globo é Expulsa pelo Povo

    Jornalistas da Rede Globo são expulsos das manifestações em Londres

    Reporter da Globo sendo expulso da manifestação em Campos, RJ.

    https://youtu.be/jEvcnhI_p_0?list=PLyzAq7Xt3whoNlevgBwCMtI5YEiOFB8Zn

    Equipe da Globo é expulsa de ocupação na Aldeia Maracanã,no Rio

    Rede Globo não consegue trabalhar nem em Londres. FORA GLOBO.

    Rede Globo é expulsa da Marcha contra a Corrupção em São Paulo

    GLOBO É REPRIMIDA EM MAIS UM MANIFESTO!!!!!! FORA REDE GLOBO

    Rede Globo sendo expulsa de Copacabana pelo povo

    Rede Globo e Caco Barcelos são Ridicularizados e Expulsos de Manifestação

     

     

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    REPÓRTER WILLIAN BONER: DE COMENTARISTA DE DESFILE E ESCOLAS DE SAMBA À ANALISTA DE CULTURA POLÍTICA ECONOMIA E  POLÍTICA SOCIAL – MUITA RESPONSABILIDADE PARA O RAPAZ

     

    A JORNALISTA VANESSA BARBARA APRESENTOU UMA DURA CRÍTICA À REDE GLOBO EM SUA COLUNA NO THE NEW YORK TIMES NA ÚLTIMA SEMANA.

    NO ARTIGO TRADUZIDO E VEICULADO NO BRASIL PELO UOL, A TAMBÉM COLUNISTA DO ESTADÃO E EDITORA DO SITE LITERÁRIO “A HORTALIÇA”, ANALISOU UM DIA DE PROGRAMAÇÕES DA EMISSORA E DESCREVEU O ATO DE ASSISTIR AO CANAL COMO “SE ACOSTUMAR A CHAVÕES E FÓRMULAS CANSADAS”.

    AS CRÍTICAS VÃO DOS TELEJORNAIS AOS TALK SHOWS E NOVELAS.

    Veja o texto na íntegra:

    No ano passado, a revista “The Economist” publicou um artigo sobre a Rede Globo, a maior emissora do Brasil. Ela relatou que “91 milhões de pessoas, pouco menos da metade da população, a assistem todo dia: o tipo de audiência que, nos Estados Unidos, só se tem uma vez por ano, e apenas para a emissora detentora dos direitos naquele ano de transmitir a partida do Super Bowl, a final do futebol americano”.

    Esse número pode parecer exagerado, mas basta andar por uma quadra para que pareça conservador. Em todo lugar aonde vou há um televisor ligado, geralmente na Globo, e todo mundo a está assistindo hipnoticamente.

    Sem causar surpresa, um estudo de 2011 apoiado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o percentual de lares com um aparelho de televisão em 2011 (96,9) era maior do que o percentual de lares com um refrigerador (95,8) e que 64% tinham mais de um televisor. Outros pesquisadores relataram que os brasileiros assistem em média quatro horas e 31 minutos de TV por dia útil, e quatro horas e 14 minutos nos fins de semana; 73% assistem TV todo dia e apenas 4% nunca assistem televisão regularmente (eu sou uma destes últimos).

    Entre eles, a Globo é ubíqua. Apesar de sua audiência estar em declínio há décadas, sua fatia ainda é de cerca de 34%. Sua concorrente mais próxima, a Record, tem 15%.

    Assim, o que essa presença onipenetrante significa? Em um país onde a educação deixa a desejar (a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico classificou o Brasil recentemente em 60º lugar entre 76 países em desempenho médio nos testes internacionais de avaliação de estudantes), implica que um conjunto de valores e pontos de vista sociais é amplamente compartilhado. Além disso, por ser a maior empresa de mídia da América Latina, a Globo pode exercer influência considerável sobre nossa política.

    Um exemplo: há dois anos, em um leve pedido de desculpas, o grupo Globo confessou ter apoiado a ditadura militar do Brasil entre 1964 e 1985. “À luz da História, contudo”, o grupo disse, “não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original”.

    Com esses riscos em mente, e em nome do bom jornalismo, eu assisti a um dia inteiro de programação da Globo em uma terça-feira recente, para ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove.

    A primeira coisa que a maioria das pessoas assiste toda manhã é o noticiário local, depois o noticiário nacional. A partir desses, é possível inferir que não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito. O fato de nossa presidente, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e que seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, está sendo investigado por receber propina, recebe menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com os âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva.

    A partir dos talk shows matinais e outros programas, eu aprendi que o segredo da vida é ser famoso, rico, vagamente religioso e “do bem”. Todo mundo no ar ama todo mundo e sorri o tempo todo. Histórias maravilhosas foram contadas de pessoas com deficiência que tiveram a força de vontade para serem bem-sucedidas em seus empregos. Especialistas e celebridades discutiam isso e outros assuntos com notável superficialidade.

    Eu decidi pular os programas da tarde –a maioria reprises de novelas e filmes de Hollywood– e ir direto ao noticiário do horário nobre.

    Há dez anos, um âncora da Globo, William Bonner, comparou o telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson –incapaz de entender notícias complexas. Pelo que vi, esse padrão ainda se aplica. Um segmento sobre a escassez de água em São Paulo, por exemplo, foi destacado por um repórter, presente no jardim zoológico local, que disse ironicamente “É possível ver a expressão preocupada do leão com a crise da água”.

    Assistir à Globo significa se acostumar a chavões e fórmulas cansadas: muitos textos de notícias incluem pequenos trocadilhos no final ou uma futilidade dita por um transeunte. “Dunga disse que gosta de sorrir”, disse um repórter sobre o técnico da seleção brasileira. Com frequência, alguns poucos segundos são dedicados a notícias perturbadoras, como a revelação de que São Paulo manteria dados operacionais sobre a gestão de águas do Estado em segredo por 25 anos, enquanto minutos inteiros são gastos em assuntos como “o resgate de um homem que se afogava causa espanto e surpresa em uma pequena cidade”.

    O restante da noite foi preenchido com novelas, a partir das quais se pode aprender que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. (Com base nisso, acho que não sou uma mulher.) As personagens femininas são boas ou ruins, mas unanimemente magras. Elas lutam umas com as outras pelos homens. Seu propósito supremo na vida é vestir um vestido de noiva, dar à luz a um bebê loiro ou aparecer na televisão, ou todas as opções anteriores. Pessoas normais têm mordomos em suas casas, que são visitadas por encanadores atraentes que seduzem donas de casa entediadas.

    Duas das três atuais novelas falam sobre favelas, mas há pouca semelhança com a realidade. Politicamente, elas têm uma inclinação conservadora. “A Regra do Jogo”, por exemplo, tem um personagem que, em um episódio, alega ser um advogado de direitos humanos que trabalha para a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios materiais para fabricação de bombas para os presos. A organização de defesa se queixou publicamente disso, acusando a Globo de tentar difamar os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil.

    Apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas foram dolorosas de assistir, com suas altas doses de preconceito, melodrama, diálogo ruim e clichês.

    Mas elas tiveram seu efeito. Ao final do dia, eu me senti menos preocupada com a crise da água ou com a possibilidade de outro golpe militar –assim como o leão apático e as mulheres vazias das novelas.

     

     

     

  10. Campainha pavloviana revisitada!

    As instituições da ditadura foram filhas do desenvolvimentismo excludente, portanto foram configuradas para fazer-nos cumprir uma cadeia de comando que foi atualizada com a substituição do paternalismo de caserna pelo de mercado. A classe média tem reflexos mais  condicionados, porque contou com mais estímulos positivos graças aos relativos privilégios de incluídos durante o processo de exclusão; portanto, foi quase automático fazer esses cachorros do Pavlov, ao ouvirem a campainha do alimento a caminho, mudarem sua saliva de verde oliva para dourada/CBF quando ouvem algum “plim plim” Global.

  11. Sem contar os ininteligíveis

    Sem contar os ininteligíveis últimos parágrafos, encontrei os seguintes erros crassos de Português no artigo: (i) erros de vírcula (sintaxe): 5º parágrafo: “quartéis, permitiam”; 6º parágrafo: “trabalhadores, guardavam”; 13º parágrafo: “atitudes, está”; (ii) erro de concordância: 16º parágrafo: “medidas que, em boa medida, irá”.

    Eis a evidência de como, ao contrário do sustentado pelo Autor do artigo, a educação universitária no País é péssima.

    Se o Autor do artigo diz que a situação tual é de “elevação dos níveis de escolaridade e, em tese, dos domínios das competências na escrita e na leitura” mas comete estes erros, como levar em consideração sua opinião sobre assuntos muito mais complexos, como economia internacional, direito e política, apesar de toda a formação acadêmica que possa ter?

    Nesse sentido, o Autor acerta a respeito de sua formação: temos uma educação “meramente instrumental”, isto é, fundada apenas no diploma, sem o respectivo respaldo substancial de conhecimento.

    Por fim, o artigo evidencia o caráter do Autor, que talvez guarde relação com sua formação deficiente: não há a necessária confiança pacífica do intelectual em seus argumentos. Qual a racionalidade em chamar alguém de “bobalhão”, em sair berrando que isto ou aquilo é “imbecil”? Apenas alguém assim desequilibrado teria a soberba de afirmar, categoricamente, o que é antipopular, antinacional, ilegítimo, obscuro e de falar em nome da sociedade brasileira, isto é, em nome da “nossa gente”.

    1. Idioma!

      Como já dizia um líder comutario da favela do Paraguai (1977): “Precisamos de um jornal que escreva cachorro com X, mas que fale de nossos direitos”.

  12. Martelando, quem sabe entra

    A Globo é o Golpe.

    A Globo é o mal do País.

    Sem globo o Golpe não tem sustentação.

    É a lobotomia sem cirurgia. É a GLOBOTOMIA!

    Os Marinho nos banco dos reus de um juri popular para responderem pelas torturas e mortes no golpe de 64 e por mais esse golpe contemporâneo.

    Paredão e forca pública!

    Que morram engasgados nas própria tripas!

    Ou globo ou o Brasil. Ou um ou o outro.

    Tem que jogar muito cocô nasa instalações desses tráras do povo brasileiro.

    Fim da concessão do seu canal.

    Ou gobo, ou o BRASIL!

     

    1. Ou, como se diz hoje, OU O

      Ou, como se diz hoje, OU O BRASIL ACABA COM A GLOBO OU A GLOBO ACABA COM O BRASIL.

      Definiste bem o mal de alguns brasileiros: foram globotomizados.

  13. A Globo ainda é o maior poder do Brasil

    A Globo ainda é o maior poder do Brasil. E o será pelo menos durante os próximos 10 anos. Em nenhum outro país do mundo, uma empresa de comunicações goza da audiência, da influência e da capilaridade que a Globo tem nas nossas terras, o que a torna uma permanente ameaça à segurança nacional.

    Num Estado Democrático de Direito, no qual as decisões que dizem respeito à pólis passam pelo voto da maioria, não existe maior poder que o daqueles capazes de construir e impor as narrativas dominantes sobre a “realidade” .

    Fazer com que a população acredite numa versão convenientemente distorcida da realidade, se possível sem sequer tomar conhecimento da existência de versões alternativas; fazer com que as massas desejem isto e não aquilo; agenciar opiniões, tutelar humores, incutir preferências, difundir esperança ou revolta, ódio ou amor, execração ou exaltação – isso significa dominar, numa escala muito mais ampla e mais profunda que através da violência. Isso significa produzir submissão consentida, com o requinte de induzir os escravizados a se acreditarem senhores esclarecidos de seus próprios destinos. Isso significa hipnotizar massas inteiras, levá-las a contribuir ativamente para sua própria opressão, e fazê-las acreditar que estão agindo em seu próprio interesse.

    A mídia de massa hoje tem poder maior que os exércitos, pois ela é que produz a Matrix na qual os exércitos se deixam conduzir… exatamente para onde os senhores da mídia querem que eles vão.

    Só uma reduzida elite pensante consegue escapar ao feitiço da mídia. As classes médias não-intelectualizadas são muito facilmente cooptadas, com poucas exceções. Querem se distinguir da ralé; querem se sentir parte do universo esfuziante da publicidade, dos que têm sucesso: os bonitos, louros, brancos, bem nascidos… isso é, os que aparecem. Praticamente imploram para ser tapeados, pois seus interesses são objetivamente antagônicos aos daqueles com quem sonham ardentemente parecer.

    Para os deslumbrados de classe média, a mensagem da mídia funciona como aquele fungo capaz de transformar formigas em zumbis suicidas (http://topbiologia.com/fungo-transforma-formigas-em-animais-zumbis/ ). Eles irão para onde seus parasitas mentais comandarem; espalharão seus esporos, e ainda se deixarão devorar alegremente. Terão como bônus a ilusão de fazerem parte da fração bacana da sociedade – enquanto ajudam essa fração a dominar e esmagar não só a si próprios, como a sua descendência e, finalmente, o país como um todo.

    A Globo foi a maior responsável pela execução do golpe em curso. Sem a Globo, não teria existido Lava Jato, nem clima para o impeachment, nem tolerância de STF e Forças Armadas ao golpe.

    Faço minhas as palavras do Fernando Morais: A Rede Globo é inimiga do Brasil e do povo brasileiro, e assim deve ser tratada.

    A esquerda será eternamente derrotada enquanto não inventar um meio de difundir amplamente, entre os pobres e as classes médias, sua própria narrativa, seus próprios argumentos e sua própria versão da realidade.

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