Finalmente, um evento que honra o que é o Ministério Público, por Breno Tardelli

kata_reprod.jpg

Foto: Reprodução

Do Justificando

Finalmente, um evento que honra o que é o Ministério Público

por Breno Tardelli

Fico muito feliz em saber que finalmente o Ministério Público organizou um evento à altura de seu trabalho em desfavor da população. Quem conseguiu a proeza do sincericídio foi a sucursal do Rio de Janeiro que chamou seus melhores think tanks para brindar-nos todos com brilhantismo de suas análises sobre a bandidolatria, o democídio e com reflexões de Kim Kataguiri sobre segurança pública. 

Para quem não conhece muito a instituição, trata-se de uma excelente oportunidade de entender bem de perto o chorume generalizado que escorre da boca de promotores e promotoras de justiça todos os dias. Quem imagina que Danilo Gentili é o ápice da miséria da humanidade é porque não esteve em um ambiente de membros do Ministério Público. Duvida? Pois então vá ao evento e veja com seus próprios olhos. Inclusive, ajudo você e deixo abaixo a programação para maiores informações:

bandidolatria-o-evento.png

Bom, algumas conclusões são possíveis e, por isso, gostaria de comentar alguns painéis. Evidentemente, um evento com tamanha sinceridade não pode ser perfeito e tem que ser aberto pelo Procurador Geral de Justiça. Afinal, como perder a oportunidade de ouvir uma metralhadora de clichês as-instituições-estão-funcionando ou o Ministério-Público-trabalha-pela-sociedade? O sorriso plástico apontará para o enorme espaço reservado para as dúzias de assessores puxarem o saco enquanto pouco ou nada trabalham. Tudo isso é fundamental para um bom evento de repartição pública que se preze. Antes do chorumão, rola o bom e velho (bem velho) corporativismo dos nossos grandes representantes da casta jurídica.

Lembre-se que cada promotor e promotora de justiça é um custo pesado para o orçamento público. Esperaria-se uma certa diferença técnica entre eles e um leigo, afinal muito dinheiro é investido para contratação desse amador profissional. Por isso, se o nível técnico, humanístico e jurídico de um promotor é inferior, isso deveria lhe perturbar pois não há, então, razão alguma para pagar tamanho salário. São pessoas muito bem pagas que passam o dia prendendo negros com discurso de Datena, sem nenhuma atualização com a realidade, estudos e pesquisas. Algo nessa equação está errado.

Voltando, sugiro que você veja o painel “Desencarceramento mata”. Sinto-me enojado por alguém dizer isso na realidade carcerária do país, mas não deixa de ser uma ótima oportunidade para entender o que a grande maioria dos promotores e promotoras pensam em todos os Estados, sem nenhum medo de generalizar, mas tem medo de dizer em voz alta. Afinal, se uma instituição se ocupa de prender negros o dia todo, ela não vai querer que eles saiam um dia, correto? Que apodreçam na cela – superlotada, de preferência, eles adoram descumprir a Lei de Execuções Penais. A tese do “desencarceramento mata” é tão representativa que Ministério Público do RJ trouxe um coleguinha direto dos pampas gaúchos para abrilhantar os fluminenses. Vai pagar passagem, hotel e tudo mais – com o dinheiro do contribuinte, claro. 

Mas calma. Tem mais. Tem dois coleguinhas do Rio Grande do Sul que vem com a tese da bandidolatria, algo no sentido de que quem aplica a Constituição Federal – esse papelzinho sem o menor significado para eles –  está idolatrando bandidos, cuja expressão apenas serve para designar réus negros presos por crime comum. Policiais fardados que executam pessoas? Aí não, esses eles adoram, gozam até.

Se fossem sinceros e generalizassem a palavra bandido para qualquer tipo de réu, creio que eles se autoprenderiam. A bandidolatria da instituição, que adora lamber uma bota e paparicar uma farda, é algo que vira pauta internacional. A Human Rights Watch (com certeza, uma grande instituição petralha na visão de nossos valorosos promotores e promotoras de justiça), em pesquisa realizada na cidade do Rio de Janeiro, concluiu que “há má vontade do Ministério Público em investigar esses casos [de execuções policiais] e que normalmente as investigações só avançam quando há interesse social e pressão por parte da mídia”. Ou seja, meus caros promotores e promotoras, a verdade é que vocês gostam mesmo é de uma viatura da Polícia Militar bem poderosa, uma Blazer repleta de policiais armados até os dentes para vocês sentirem aquele arrepio de prazer no pescoço…

Para não ser injusto, tem uns quatro, cinco promotores em cada Estado da federação que se salvam. Pobres coitados! Ter de conviver com essas pessoas que falam que desencarceramento mata, imagino como deva ser duro. E de fato é: quem se salva por ter o mínimo de humanidade ou é perseguido institucionalmente pelos mesmos vetustos e democráticos chefes da instituição que adoram sorrir para a corja de assessores, ou faz sua carreira na miúda, silente, longe de problemas.

Dito isso, caros amigos e amigas, o Kim Kataguiri, o “jênio” que fecha o evento, é o menor dos problemas. Inclusive, penso que caberá a ele subir o nível da peleja – os promotores são muito piores e muito mais toscos. Não me espanta, portanto, ele ser o último a falar, pois normalmente os melhores ficam para o final. Kim é um ídolo, um ideal, algo a ser seguido por essa instituição que, de tão reprodutora do senso comum, faz Datena parecer um intelectual de primeira grandeza.

Brenno Tardelli é diretor de redação no Justificando.

Assine

Redação

21 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Kim Kataguiri e Alexandre Frota

    Kim Kataguiri discutindo segurança pública e Alexandre Frota discutindo educação é a mesma coisa de um porco olhando para uma pérola.

  2. Parece piada do Sensacionalista

    O kimzinho, que sabe tudo em questões de segurança, deverá sugerir chamar o Chapolim, os Power Rangers, a Mulher Maravilha etc. etc.

    Como diz o Macaco Simão: “este é o país da piada pronta”.

  3. Por que?

    Estranho, muito estranho tantas críticas negtivas ao  Ministério Público que  tem como funções institucionais(art 129 da CF) entre elas  a de “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.”

    1. Estranho?

      Estranho é aalguém achar que o kim tem nível para palestrar sobre segurança pública….Se o ministério público quer respeito, que se faça respeitar.

    2. Kim Kataguiri, especialista em Segurança Pública

      Isso sim é muito estranho. Um cara que não é da área, nunca atuou na área (aliás, alguém sabe dizer se além de manifestante profissional o Kim faz alguma outra coisa na vida?), não tem formação na área, não tem estudos publicados na área, enfim, sabe tanto de segurança pública quanto eu sei pilotar um ônibus espacial, é chamado para dar palestra para quem, de acordo com o mesmo art. 129 que você citou, inciso VII, deve exercer o controle externo da atividade policial.

      A julgar pelo descalabro do Rio de Janeiro nessa área policial, os que vão beber da sabedoria e conhecimento de Kim Kataguri não estão trabalhando direito…

  4. O nível…

    O autor tem toda a razão, infelizmente…. Dá para imaginar o que deva ser o nível intelectual de quem contrata este pequeno idiota do kim para uma palestra….  E nós pagando os absurdos salários destes mequetrefes. Até quando?

  5. Parabéns, Brenno Tardelli,

    Parabéns, Brenno Tardelli, pela coragem e pelo texto bem elaborado. Me senti muito bem representado. Lembro de ter participado de um evento do MPPE, em Exu-PE, sobre a “paz”. No meu entender foi mais um evento de promoção e de jactância do procurador-geral, onde fiquei muito triste por meus colegas, professores/as, em sua maioria, não terem compreendido os reais objetivos do encontro e terem os aplaudido, fazendo que eles se sentissem, ainda mais, reis e rainhas, a encantarem seus súditos. Claro, tudo isso, bancado com o suor do contribuinte!

  6. Nenhuma novidade.
    Bem pouco

    Nenhuma novidade.

    Bem pouco se pode esperar de promotores que ganham acima do teto.

    Ao fazer isto eles se tornam LADRÕES.

    É, portanto, natural que eles se reunam com punguistas irrelevantes. 

  7. Risco intolerável

    Não consegui ler direito a figura. Apenas dtsingui um tópico que, realmente, confirma a tese do autor do post: “Direito Penal da Vítima”. É de dar calafrios.

    Pode ser que outros tópicos estejam contemplados e minha miopia não me permitiu enxergá-los na figura.

    Por via das dúvidas, sugiro mais alguns:

    a) “Direitos Humanos para Humanos Direitos”;

    b) “Bandido bom é bandido morto”;

    c) “Tá com pena, leva pra casa”;

    d) “Onde está esse pessoal dos Direitos Humanos que não protesta agora”.

    Que bom que o Ministério público esteja promovendo essas palestras de conscientização para todos nós, “homens de bem”. É preciso acabar com essa prática esquerdista dos DH, pois se não reagirmos agora corremos o risco intolerável de cairmos em uma democracia.

     

  8. MP/RJ

    É de pasmar a iniciativa do Ministério Público do Rio de Janeiro! O Rio e o Brasil não merecem! O Rio de Janeiro tem Luis Eduardo Soares, Roberto Kant de Lima, Julita Lembruber, Ignácio Cano, Jacqueline Muniz, Leonarda Musumeci e tanta(o)s outra (o)s do mesmo quilate!!! E o MPRJ “importa” dois chimangos (ou serão maragatos?) metidos a besta e o Kim Kataguri!!!! É dantesco, farsesco, deprimente! Será que se o Marfam ainda fosse o Procurador-Geral de Justiça isso aconteceria?

  9. Projeto de ditadura do Judiciário prestes a ser enterrado:

    Globo vs. Temer: o exemplo mais ilustrativo da tragédia brasileira

    Por Romulus

    A Globo nunca ficou do lado perdedor…

    Assim, em constatando a derrota final dos Procuradores, não hesitará 2 segundos antes de jogar o PGR Rodrigo Janot e o MPF ao mar…

    À Globo, no curto prazo, basta que siga a Lava a Jato de ~Curitiba~…

    (que visa exclusivamente a Lula e ao PT!)

    É verdade que o “passo maior que as pernas” – a guerra total contra ~toda~ a classe política tocada pela Lava a Jato de ~Brasília~ – animou a Globo (e a Finança) num primeiro momento…

    Afinal, a implantação da “Noocracia (escamoteada!)/ “‘Democracia’ à iraniana” no Brasil – seu projeto de longo prazo – estava a apenas um passo…

    Mas aí…

    Chegou o Ortega y Gasset e estragou a “festa”:

     

    “Entre o ser e o crer que já se é…

    … vai a distância entre o sublime e o ridículo”

     

    – Certo, Globo/ MPF/ Janot??

     

    LEIA MAIS »

    http://bit.ly/GLOBOxTEMER

     

     

  10. Expurgo
    Os expurgos de Stalin cairiam como uma luva no judiciário brasileiro, de tão urgentes.
    Todos no olho da rua e condenados a “reeducação pelo trabalho”, fazendo manutenção da ferrovia madeira-mamoré.
    Seria um deleite para nós, contribuintes q sustentamos essa casta de parasitas inúteis a peso de ouro, assistir aquelas bundas fartas, arrombadas por trombas de hematófagos de uma polegada.
    Perto disso, o inverno siberiano é paradisíaco.
    Espero viver para isso.

    1. Concordo Mauro Estes safados,

      Concordo Mauro Estes safados, além de mamarem no Estado (quer dizer, parasitarem todos nós), de destruírem o País, de abaixarem as calças para seus Donos (quem tem mente de entreguista e escravo por opção não merce respeito); inventam gambiarras imorais para ROUBAREM dinheiro público; gambiarras como “auxílio moradia”, “auxílio paletó”, auxílio supositório

      CHEGA 

  11. Eu pensei que fosse piada…

    Pensei que fosse piada a história do sujeito que é contra o Exército combater o mosquito da dengue, sob o argumento de que o bicho na fase larval nada – e, portanto, é matéria da Marinha – e na fase adulta, voa – passando, portanto, à competência da Aeronáutica. Mas não é que o sujeito existe e organizou esse evento do MP?

  12. Bom, se alguém tinha dúvida

    Bom, se alguém tinha dúvida sobre a indegência intelectual e moral dos justiciadores ops promotores tem agora a confirmação. Alguém tem que avisar o dono do prédio onde vai ser feito o evento para proteger o gramado. Vai que eles resolvam que está na hora de pastar…

    Ah! Eu senti falta do Bolsonaro entre os palestrantes. E o Dória extermnador de morador de rua “bandido” não vai? 

  13. Podia ser pior …

    Como dizem alguns amigos gaúchos, “nada está tão ruim que não possa piorar”. Já pensaram o Alexandre Frota no papel de debatedor? Seria o nirvana judiciário.

  14. Um evento de astrolavismo cultural em estado bruto.

    São todas olavetes confessas e professas, fanáticas e frenéticas seguidoras do fiofósofo – aquele que emite “sapiência” pelo fiofó – e conhecido astrólogo 71. Mora na fiofósofia dos exemplos:

    Avatar, Titanic, Rousseau, é tudo de esquerda: “Eu relembro que quando vi esse filme, eu falei, bom, aquele cara é o único que se diverte, que ele entra e metralha, enfim…” O cara acha divertido metralhar alguém e o ministério público quer ouvir seus ensinamentos “edificantes”, sobre a segurança pública. Confiram em 3:15 do vídeo a seguir:

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=lTRwT6nbIIo%5D

     

    Entrevista com um dos autores do livro, em 4:04 do vídeo:

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=8Raf4eVg9cc%5D

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador