Porque o Bolsa Família é importante

Já tinha alguns anos de jornalismo, o país começava a lutar pela redemocratização, fui entrevistar Abraham Lowenthal, um dos pensadores do Partido Democrata norte-americano e estudioso da América Latina.
 
Na época, nós, jornalistas econômicos, estávamos empenhadíssimos em convencer o meio empresarial de que a democracia era um “bom negócio”. Fiz uma série de perguntas sobre a importância da democracia para a economia. 
 
A resposta de Lowenthall me derrubou. “A democracia é importante porque é importante. Não precisa de justificativas econômicas”.
 
***
 
Saindo de Macapá, depois de uma palestra para coordenadores do Sebrae de todo o país, me vali do ensinamento de Lowenthal.
 
Um dos temas debatidos foi o Bolsa Família. 
 
Um dos coordenadores apontou os benefícios que o BF trouxe a inúmeras regiões estagnadas do seu estado. 
 
Primeiro veio o novo consumo, por meio do BF e da Previdência Social. Em seguida, vieram os novos empreendimentos. Com eles, novos empregos. E a região ganhou vida própria. No país todo, a melhoria de renda gerou um mercado de consumo fantástico.
 
Outro coordenador tinha visão diferente. Sua percepção era a de que as mães pobres passaram a ter mais filhos, para aumentar a Bolsa; as famílias fugiram para as cidades, sobrecarregando os serviços públicos; e diminuiu a propensão de todos para o trabalho.
 
***

 
Com o BF houve redução da natalidade e da mortalidade infantil. Mesmo reduzindo a mortalidade infantil, houve redução dos filhos. Ou seja, o BF exerceu um papel civilizador, ao permitir às mães planejar, e impedindo as crianças de morrer.
 
As estatísticas mostram, também, número crescente de beneficiários do BF pedindo desligamento, depois de conseguir renda suficiente. Mas é óbvio que, com o BF e a Previdência, os jovens passaram a entrar mais tarde no mercado de trabalho e houve uma queda na oferta de mão de obra para empregos de baixíssima remuneração.
 
Os dois fatos se refletiram em toda estrutura de emprego, provocando um efeito cascata de aumento do salário real.
 
Já as cidades mais pobres, especialmente no Nordeste, receberam mais famílias pela relevante razão de que os caraminguás do BF deram condições a elas de permanecer na sua região, mesmo enfrentando uma das maiores secas da história. Obviamente, com a seca, procuraram as cidades.
 
***
 
Aí se entram em desdobramentos que nada têm a ver com o BF.
 
Um deles é o aumento do salário real, bom para o consumo, ruim para a estrutura de custos das empresas. O caminho são reformas e melhorias de gestão que signifiquem um choque de produtividade. 
 
O segundo problema é que, nas regiões mais pobres, aumentou a renda das pessoas mas não a receita dos municípios – contribuiu para isso a imprudente política de desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
 
Mais uma vez, nada tem a ver com o BF.
 
No final do encontro, sugeri aos ouvintes que criticassem a Fazenda, o Tesouro, a Receita, o Ministério das Cidades, mas não o Bolsa Família. Se houver um céu no serviço público, seus criadores ganharam o assento eterno.
 
Lembrando Lowenthall: o Bolsa Família é importante porque acabou com a fome de milhões de brasileiros. E basta.
Luis Nassif

65 Comentários

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  1. E basta. Mas… a

    E basta. Mas… a mediocridade humana é sem limites e ainda ouve-se comentarios, desporvidos de dados e pormenores sobre o BF, negativos. Opondo-se a esse pensamento estreito, tenho visto também mais tolerância daqueles que tanto esbravejaram contra o “bolsa esmola”. Como a democracia, ele esta encontrando seu espaço e mostra-se importante para que possamos crescer enquanto nação.

     

    “Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
    E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
    As visões se clareando, até que um dia acordei
    Então não pude seguir, valente, lugar tenente
    E o dono de gado e gente, porque gado a gente marca
    Tange, ferra, engorda e mata
    Mas com gente é diferente.”

  2. O que dói é o quanto de tempo

    O que dói é o quanto de tempo levamos para apreender uma coisa tão elementar como essa. Quantos cadáveres deixamos ao longo do caminho? Talvez as milhares de cruzes inominadas  nos façam lembrar que muitas vezes as soluções simples sempre serão as de maior eficácia. Já no século XIII o monge franciscano Guilherme de Occam arguia  tal evidência. 

    Postei hoje no Fora de Pauta um pequeno texto calcado numa notícia de jornal aqui do Ceará publicada em 1983 e que retratava a cruel situação dos então flagelados da seca. Decerto que com os guardas-chuvas sociais de hoje tais absurdos não ocorreriam. 

    Mas é sempre assim: precisamos antes penar muito até criarmos coragem para enfrentar nossas agruras de frente.  

  3. A festejada realidade

    Dr Adib Jatene disse:

    “Enquanto grupos nacionais e internacionais vivem na opulência, parte significativa da população se rejubila por sair da miséria para a pobreza. E o governo federal faz disso sua meta maior.”

    Infelizmente esta é a realidade de uma economia de mercado, mesmo que os governos de esquerda adotem políticas sociais como meta prioritária . Nunca seremos uma Cuba Social Clube.Nem pensar em renunciarmos aos nossos carros zero km, roupas de grifes, domingos nas churrascarias de rodízio, etc, etc. Aff!

    http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/09/1340661-adib-jatene-estado-de-bem-estar-e-desigualdade.shtml

  4. Um mundo de pensamentos

    Um mundo de pensamentos “rasteiros” se divide em dois lados.

    Maniqueísmo na veia.

    Um entende que o governo deve priorizar a economia que ela, por si só, alavancaria a desenvolvimento e diminuiria a pobreza.

    O outro lado entende que o governo deve priorizar a população, que ela alavancaria a economia.

    Da mesma forma que uns acreditam que a democracia era um “bom negócio”, outros acreditaram que a ditadura seria “um bom negócio”.

    As querras são feitas quando alguns acreditam ser “um bom negócio”.

    O negócio é o seguinte.

    Sempre que se colocar a economia como precedente da política aumentaremos as insatisfações, o desequilíbrio e a desigualdade.

    O Estado nasceu para exercer “função política” da qual a economia é apenas um dos seus braços.

    Nas últimas décadas o Estado passa a exercer a “função econômica”, colocando a função política em segundo plano.

    O desastre econômico mundial, a insegurança, o desequilíbrio e a insatisfação das populações se intensificam.

    Esse é o erro fundamental da política de “fazer crescer o bolo” para depois repartí-lo.

    O que vemos é que o bolo cresceu e não o repartiram. Ele explodiu.

    Em alguns momentos históricos, depois do bolo explodir cataram o que sobrou e repartiram para a população. Nestes momentos o que se viu foi o avanço da democracia, e em seguida o avanço da economia.

    Sempre que se prioriza a economia evoca-se o lema crescer. Quando o Estado exerce a sua função política o lema é desenvolver.

    A social-democracia europeia e o “new deal” americano são exemplos da função política como prioridade do Estado e a característica de desenvolver.

    Thatcher  e Reagan, exemplos do lema crescer e do estado exercendo prioritariamnte a função econômica.

    O Brasil mesmo com crescimento de PIB baixo vem diminuindo a cada ano a taxa de desemprego, melhorando os salários e direitos do que estão na base social. Portanto, crescer é uma coisa, desenvolver é outra. Na década de setenta o PIB brasileiro bombava e a taxa de desemprego aumentava, as condições sociais pioraram muito, mesmo com o PIB recorde.

    No momento atual do mundo  observa-se a economia dominando a política, submetendo governos para que esses passem a agir em nome dela.

    Não é mais o Estado criando políticas para o desenvolvimento da economia, e sim a economia ditando de forma direta e incisiva como o Estado deve agir.

    A cultura de crescimento a qualquer custo, o paradigma do individualismo, são os principais agentes incentivadores desta situação, onde o Estado como organizador da vida em sociedade deixa de existir para em seu lugar o Estado passe a ser o gerenciador de interesses das grandes corporações.

    Para isso, ou por causa disso, e de forma proposital, criou-se a “retórica do economês”, (no Post “A retórica do economês“, onde se confunde economia, crescimento, política e Estado, cuja intenção foi a de camuflar noções ideológicas diversas.

    Assim, observa-se a predominância da economia sobre a política, sobre o próprio Estado, onde o único instrumento de pacificação se dá através da procura do crescimento do PIB, e não através da busca do desenvolvimento via melhorias substanciais no IDH, na divisão mais justa da riqueza do país, diminuindo o enorme fosso entre os ricos e pobres. (No Post “A predominância da economia na política“.

    Mas, o mundo é outro. Se antes, e sempre,  o crescimento de alguns se deu através da exploração de populações e países mais pobres que a eles se submetiam, nos dias atuais não existem mais aqueles que se submeteram de forma pacífica, ou não, para que fossem explorados. No mundo já não existem mais inocentes que acreditem em promessas vãs, enquanto que a informação circulando com muito mais velocidade e pela liberdade proporcionada pela internet (ainda fora do domínio de players) não permitirão a exploração que se dava por meio da enganação e da surdina; o mundo está atento.

    A expansão da economia de alguns se deu pelo fato de que havia, (como uma bexiga quando é enchida), espaço para “ser enchida”, o que nos dias de hoje não será mais possível porque todos procuram ocupar o mesmo espaço.

    Neste sentido o bolsa família passa a ser condição obrigatória para o “bom negócio”.

    1. Estado mínimo

      Alguns projetos sociais tocados pelo governo FHC foram indispensáveis para mitigar a miséria provocada por suas políticas. A privatização, terceirizaçã e precarização do trabalho foram tão intensas que criaram uma nova classe de miseráveis, uma classe média migrando para empregos mal-remunerados e as classes subalternas perdendo esses mesmos empregos e escancarando a miséria nacional. O “estado mínimo” já houve entre nós. Foi no Império. Por 60 anos, D.Pedro II não investiu um grama de ouro no desenvolvimento brasileiro. Para quem gosta de poucos ministérios, só havia os da Justiça, da Marinha, da Guerra e Fazenda. Seis décadas de atraso e povo miserável e analfabeto. Os Estados Unidos, com menos recursos naturais, com furacões (imprevisíveis à época) e grandes desertos a oeste,  começaram iguais ao Brasil. Quando terminou o século XIX, eles já eram uma das potências mundiais e nós, apenas exportadores de café. No Vale do Paraíba, os latifundiários viviam num luxo de invejar a corte britânica. Serviços de porcelana que valeriam um carro de luxo de hoje, vestidos e jóias de enrubescer atrizes de Hollywood, e o povo que calejava as mãos plantando e colhendo café, sem saber no almoço, se haveria jantar. Essa era e é a cara do estado mínimo. Mas ainda há jornalistas econômicos recebendo uns trocados do PSDB defendendo essas posições antinacionais, entreguistas, atrasadas e covardes.

    2. estado – mercado

      Olá Assis, belissímo o teu texto. Espero estar enganado, mas discordo do teu texto no sentido em que o mundo se tornou complexo demais, populoso demais para o surgimento de grandes estadistas desenvolvimentistas. O que vejo é uma tensão entre mercado e estado com a sociedade de mediadora. Se teremos mais estado ou mais mercado é uma questão puramente experimental e particular de cada nação. Na minha opinião prevalecerão as equipes de governo e a figura do grande estadista ficará ,cada vez mais, em segundo plano.

  5. Fala Nassif,
    Experimentou o

    Fala Nassif,

    Experimentou o filé de filhote? Ou foi de tucunaré?

    Se voltar a Macapá algum dia, recomento o restaurante Estaleiro.

     

  6. Getúlio tinha seus planos

    Getúlio tinha seus planos também para dar um ajudinha aos mais carentes. Eu era criança, porém recordo-me de quando meu pai recebia um abono mensal. Recordo-me de uma nota vermelha, de cem (dinheiro), que meu velho trouxe certa tarde, e com ela comprou apenas o suficiente pra matar a fome da família por uns dias. Ele era autônomo e quando se via aodentado, o que ra comum, carecia enormemente daquela quantia. 

    Outro dia, divergindo de uma amiga, daquelas que odeiam petistas, fiz menção a esse fato, concluindo ser ele uma das razões pra eu valorizar o BF. Só sabe o significado desse tipo de benefício quem dele realmente precisa. O ser humano honesto não rouba pra comer; é mais fácil morrer de fome e ver seus filhos também morrendo. Assim sendo, qualquer ajuda do Governo deixa de ser uma esmola, mas um verddeiro incentivo, um meio de aumentar a autoestima de quem só não perde a diginidade quando sente fome.

  7. Democracia, mas cumprindo uma função social para todos

     “A democracia é importante porque é importante. Não precisa de justificativas econômicas” (by Lowenthall)

    A democracia é a força do povo, mas se o povo não tem forças, não tem um mínimo de condições sociais, não há uma democracia plena. Na Grécia Antiga havia a democracia, aquela onde somente as elites da terra natal eram cidadãos, os demais não eram cidadãos, sendo que estes demais eram mais de 80% da população. Na Grécia Antiga a democracia era elitista.

    Os EUA são um exemplo de democracia, onde uma parcela cada vez maior da população vem perdendo força econômica e perdendo direitos sociais. Nessa democracia bipartidária (PR e PD) as grandes corporações econômicas escolhem os governantes e determinam há décadas as políticas sociais que beneficiam cada vez menos cidadãos estadunidenses. Os EUA já forma mais democráticos, eles se encaminham aos poucos para ser a mesma democracia elitista grega, com a explçoração de não somente habitantes dos EUA, mas habitantes de outros países.

    Cuba não é uma democracia nos conceitos dos EUA e de nossa imprensa do PIG, pois lá os cidadãos não escolhem o presidente do país (!!), no entanto eles vivem uma democracia social, onde todos têm os direitos básicos à saúde, educação e cultura. E muitos deles escolhem os seus representantes no Parlamento unipartidário. Cuba é mais ou menos democracia que os EUA?

    Democracia não pode ser somente o direito de escolher os seus representantes no Parlamento e escolher os seus governantes. Democracia tem que estar ligado aos direitos sociais de toda a população. Se a política econômica de um país não favorece uma política social que inclua todos na plena vida de de cidadãos (ter acesso à educação, saúde, educação, esporte, por exemplo) essa democracia tende a ser uma democrcia de elites.

    O Bolsa Família está mudando a vida das pessoas para melhor (mas não é só o BF), este programa é democratizador, pois pretende ajudar a melhorar a vida de milhares de cidadãos que não tinham plenas condições de serem cidadãos. Hoje o Brasil é mais justo do que na época do governo do finado FHC, portanto mais democrático.

    É necessário sim políticas econômicas para desenvolver uma democracia plena, de todos os cidadãos do país, dessa forma o país não se transforma numa democracia de elite, onde poucos usufluem de fato a democracia (caso dos EUA, por exemplo).

    1. Usei um pedaço de seu

      Usei um pedaço de seu comentário:

       

      Os EUA são um exemplo de democracia, onde uma parcela cada vez maior da população vem perdendo força econômica e perdendo direitos sociais. Nessa democracia bipartidária (PR e PD) as grandes corporações econômicas escolhem os governantes e determinam há décadas as políticas sociais que beneficiam cada vez menos cidadãos estadunidenses. Os EUA já forma mais democráticos, eles se encaminham aos poucos para ser a mesma democracia elitista grega, com a explçoração de não somente habitantes dos EUA, mas habitantes de outros países.

      Cuba não é uma democracia nos conceitos dos EUA e de nossa imprensa do PIG, pois lá os cidadãos não escolhem o presidente do país (!!), no entanto eles vivem uma democracia social, onde todos têm os direitos básicos à saúde, educação e cultura. E muitos deles escolhem os seus representantes no Parlamento unipartidário. Cuba é mais ou menos democracia que os EUA?

       

      Para fazer uma pergunta no meu facebook, espero que não fique chateado.

      1. CUBA

        Cuba não é uma democracia melhor do que EUA.para uma grande parcela da sociedade, para a qual o Estado lhe proporciona o bem estar social(público e privado) que somente uma economia de mercado é capaz de produzir. Uma outra camada da população bem que poderia viver em Cuba e não iria perceber a diferença.

        1. José Adailton,
          Concordo com

          José Adailton,

          Concordo com você,  se a nossa elite vivesse em Cuba, como a elite (nomenclatura) de  lá, nem perceberia a diferença.

  8. “As pessoas tem um pouco de

    “As pessoas tem um pouco de receio de tocar nesse ponto –, vou dizer para vocês de forma muito clara, a grande diferença entre o PSDB e o PT em relação aos programas de transferência de renda é que, para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida, extremamente necessário. Para o PT é o ponto de chegada. Queremos muito mais do que isso.”

     “Obras há três anos abandonadas, com o dinheiro público, lá, jogado e largado. Isso não é normal. Obras orçadas por x já custando hoje duas ou três vezes aquele orçamento inicial e não concluídas. Isso é desperdício, o maior desperdício de dinheiro público que se pode ter.” “Não podemos aceitar que o Brasil cresça na América do Sul apenas mais que a Venezuela, como vai ocorrer esse ano. Ano passado, crescemos mais apenas que o Paraguai. Não é justo com os brasileiros. Nenhuma propaganda, por mais maciça que seja, por mais bilionária que seja, como a propaganda oficial, vai mascarar a nossa realidade.”  (Aécio Neves)

    1.  
      O maior “programa de

       

      O maior “programa de transferência de renda” do PSDB foi o PROER, através do qual foram doados, só de entrada, R$ 37,7 bilhões a banqueiros que hoje vivem como reis, a maioria no exterior!

    2. Desconfiava que voce era cabo

      Desconfiava que voce era cabo eleitoral do Aécio. Agora tenho certeza.

      Legal, acho que voces deveriam fazer isso mesmo, como o Estadão em 2010 (pena que aos 47 m do 2 tempo), sair do armário, bater asas e voar, como orgulhosos tucanos. Invés desse papo envegonhado e enrustido de “apartidário”.

      Tens minha admiração

    3. Não é só para rimar…

      …mas VAI TOMAR NO CU, LEDÚ! Vc nunca passou fome, fascista. E pode me denunciar que eu tou cagando e passeando pra vc, verme!!!!!

  9. bolsa familia

    quanto aos beneficios do bf, como os obesos mentais de nossa classe dominante, ficarao sem o pratao cheio dos milhoes de brasileiros desvalidos ? é uma maldade!

  10. O mundo real não é especializado

     

    A questão sobre o que vem primeiro, ou qual é o mais importante a ser abordado pela política, se a economia auxilia a democracia ou vice-versa, se ecaixa dentro de um âmbito disciplinar e acadêmico, que nos dias de hoje sufoca a formação de nossos profissionais. Esse fator trabalha para uma visão unidimensional do processo político e histórico, uma vez que as alternativas visam justamente consertar algo que precisa estar dentro dos eixos. A vida social é complexa, com interesses divergentes e um bom estadista ou governo trabalha para que a sociedade se fortaleça através da promoção do bem-estar de seu povo. Claro que a economia é fundamental, mas o velho refrão do “crescer para depois dividir” é obsoleto, pois o cescimento hoje se inclui na solução ou erradicação da miséria entre outras coisas. E é niso que a economia está inserida. Será que os princípios sociais não são mais importantes?

  11. Curativo, e não

    Curativo, e não remédio…

    Nassif, não deixo de concordar parcialmente com o v. ponto de vista mas não posso aplaudí-lo.

    Ao meu ver o BF é um curativo que realmente trouxe um alívio muito grande para nossa dor social, mas ela não é o remédio. Não se pode imaginar a perpetuação desta opção como única solução para o país, pois como você mesmo descreveu a BF provocou mudanças no comportamento e na auto estima da população mais pobre. Isso é ótimo mas para ser duradouro o governo tem que melhorar o perfil de tributação para garantir recursos para a sua manutenção.

    Assim é fundamental se definir melhor de quem cobrar impostos e a quem conceder benefícios. Já ouviu alguma vez falarem os impostos que pagam os milinários jogadores de futebol? E a economia em não recolhimentos de impostos que conclomerados conseguem com programas publicitários de aparência social? E por aí afora… Não se constrói justiça social duradoura criando-se regras discriminatórias e trupes de protejidos.

    Mas o verdadeiro remédio para a nossa dor social é sem dúvidas a educação. Só por meio dela é que conseguiríamos dar consciência aos cidadãos mais simples sobre o que realmente é importante consumir e quando consumí-lo. Sem melhorar este padrão de consumo, a BF só contribuirá ainda mais para migrar o dinheiro público para os bolsos dos grandes empresários e industriais, de maneira indireta mas efetiva. Nunca neste país a indústria automotiva foi tão rentável, assim como os bancos e administradoras de crédito, assim como as grandes redes de magazines, etc.

    É visível que o BF acentuou este vetor de deslocamento da riquesa.  E sem educação, e não só educação informativa de conseitos e técnicas, mas principalmente a formativa de cidadania e de valores não materiais, este vetor sempre continuará beneficiando os espertos da vez. Por isso para o mundo de hoje o Brasil é o “negócio da China” do momento.

  12. Estranho. Quando tento

    Estranho. Quando tento publicar o texto do Nassif no facebook, no lugar onde deveria haver o título da matéria aparece a mensagem, “Acesso negado | GGN”.

  13. Belo artigo

    Parabéns pelo artigo, Nassif, muito legal.

     

    Não consigo acreditar quando escuto gente criticando os programas assistenciais do governo. Será que as pessoas realmente não conhecem o país onde vivem? Não é possível ser contrário a programas como o Bolsa Família, não podemos conviver com pobreza sem tomar medidas efetivas para melhorar a situação da população. Aliás, mais importante até do que o Bolsa Família foi o aumento enorme no poder de compra do salário mínimo, ao longo dos 11 anos do governo do PT.

    Agora, também me sinto na obrigação de dizer que medidas desse tipo não resolvem a situação no longo prazo. O aumento na capacidade de consumo é temporário, quando surge uma crise econômica mais grave é justamente o poder de consumo da população mais pobre que é completamente achatado e isso certamente vai acontecer novamente mais cedo ou mais tarde, queiramos ou não. Programas assistenciais e mesmo o aumento real gigantesco que o salário mínimo teve não significam, no longo prazo, redistribuição de renda, que não é algo alcançável através dessas medidas.

    Para redistribuir renda só há um caminho: subtrair a renda de quem tem muita renda e passá-la para quem tem pouca renda. A principal forma de se fazer isso é reforma agrária. A distribuição de terras continua muito ruim no Brasil e a sociedade brasileira não vai tornar-se mais igualitária enquanto esse problema não for atacado de forma muito mais drástica do que foi feito até agora. Não dá para enfrentar processos judiciários que duram décadas para desapropriar meia dúzia de fazendas improdutivas de mil hectares, isso não vai permitir que os agricultores pobres de um país de 200 milhões de habitantes tenham acesso à terra. É preciso melhorar também, e muito, o acesso aos serviços básicos, principalmente educação e saúde. O dinheiro para isso só pode sair de um lugar: do bolso dos ricos. Enfim, é preciso ir mais longe, é necessário deixar bens permanentes, que não sejam afetados por crises econômicas, nas mãos da faixa mais pobre da população. Esse é o jeito de fazer redistribuição de renda.

  14. Essa foi boa

    Gostei, não  se explica o matar a fome de um faminto. Assim não se admite o golpe, a ditadura dos privilegiados

    Se a necessidade básica é o comer, o estado não providenciar o minimo necessário é que  se deve explicação e não o contrário.

    Negar o pão é contra a constituição de qualquer pais ocidental ou não

     

  15. Onde a “ciência” econômica

    Despresemos a sonhada e importantissima razão social. Se existisse esta tal ciencia econômica as dúvidas já estariam sanadas. Para mim é claro como a luz do sol que a ajuda aos mais desfavorecidos sempre é vantajosa. Vale para qualquer país; é o melhor dos investimentos econômicos. Permite como no Brasil fazer com alguns simples acessórios uma revolução social positiva. O bolsa família se paga e sobra para a sociedade em curtissimo prazo, meses.

    A fuga dos economistas em estudar problemas básicos e de repercução na sociedade, não na alta sociedade que eles tanto gostam, é doentia. Preferem falar a bobagem do dia sobre cambio e sobre macro economia que de longe não dominam nada. Chutam conforme o pig pede. Qual a escola de economia que colocou para seus alunos o bolsa família, o valor ideal do salário mínimo, a economia dos pobres e afastados das riquesas do país? Nemhuma.

    Não queria dizer, mas o bolsa-ricos é desastrosa e histórica e abundante no mundo.

    1. Cuidado com a generalização
      Existem economistas sérios e preocupados com o bem estar social. O problema é que, como os jornalistas sérios, eles têm pouco espaço na grande imprensa. Não que a notoriedade seja importante, mas a circulação pública de idéias não faz jus ao bom nível da produção intelectual fora do “mainstream” econômico liberal conservador.

  16. Outro coordenador tinha visão diferente…

    “Outro coordenador tinha visão diferente. Sua percepção era a de que as mães pobres passaram a ter mais filhos, para aumentar a Bolsa; as famílias fugiram para as cidades, sobrecarregando os serviços públicos; e diminuiu a propensão de todos para o trabalho.”

     

    Ora, o BF dá uma ajudinha apenas para forrar o estômago, permitindo àquele que anda procurando alguma ocupação se livrar de um dos dois problemas que afligem todos os desocupados: a) encontrar ocupação, b) encontrar dinheiro para comprar comida (que, sem a BF, depende 100% de a) ser resolvido). 

    Muitas vezes b) toma tempo que seria muito melhor investido em a). O BF ajuda a pôr isso em seus lugares. Nem precisa fazer contas. Se o a) for resolvido, o b) se resolve por si, e o pobre deixa de requerer a BF. 

    Para quem já teve que lidar com a) sem ter b) sabe muito bem do que estou falando. 

    Agora, quem apresenta essa visão acima deve achar que pobre é analfabeto, não sabe fazer conta, é desonesto, e só procura moleza!

    Só que, quem procura ou preserva a sua moleza hoje em dia é principalmente o rentista, aquele que vive dos juros e gosta de eleger seus cúmplices, ops amigos, lá do PSDB. Se viver de rendas é honesto ou não, se é moralmente aceitável ou não, já é conversa para filósofos.

    Só para começar a discussão: é certo dar juro alto para que, quem tem, fique na moleza? 

    E mãe pobre virar parideira por causa de BF soa até como insulto às mães, principalmente para aquela que já tem filhos e sabe a trabalheira infernal que é por um filho no mundo e fazê-lo ser alguma coisa.

    Fugir para a cidade com bolsa família, só mesmo quem nunca ouviu nada da realidade de migrantes, que deve haver aos borbotões no campo, os migrantes retornados, todos falando das agruras pelas quais passaram, especialmente dos custos elevadíssimos, se comparados com os custos no campo. 

    Uma regrinha simples: pagam-se salários mais altos na cidade, não por altruísmo, e sim, porque as despesas nessas cidades sempre são beeem maiores do que no campo. 

    Ou seja, a visão apresentada é, para dizer o mínimo, de alguém que não sabe o que a própria boca anda falando. 

     

     

    1. Perfeito, e esse tal outro

      Perfeito, e esse tal outro coordenador “que tem visão diferente” tem uma visão tão diferente que não enxerga as estatíticas direito. Ele afirma que as mulheres pobres resolvem ter mais filhos para ganhar mais “bolsa-esmola’, no entanto a taxa de natalidade tem diminuído. Sua afirmação é baseado em que? No blog do Titio Rei?

      Outra “visão diferente” dele é sobre o trabalho infantil. Nassif aponta que com o Bolsa, a mulher pode sustentar seu filho que não precisa trabalhar para botar comida em casa. Daí a criança pode estudar e entrar no mercado de trabalho mais tarde com salário melhor. Para o tal de “visão diferente” isso é vagabundagem

  17. Quando eu ouço alguém dizer,

    Quando eu ouço alguém dizer, dizer não bradar, que o Bolsa Família não tem porta de saída (é só isso que sabem dizer), respondo que o Bolsa Família não tem porta de saída porque ele É A PORTA DE SAÍDA. 

  18. cegueira ideológica

    Ontem assisti pela band news a entrevista de um publicitário e guru de campanhas do psdb. Não me recordo o nome. Ele credita a razão das seguidas derrotas eleitorais a uma suposta “moral distorcida dos pobres”, um desabafo pelos esforços fracassados em explorar politicamente o mensalão. Entretanto é revelador quanto ao grau de preconceito e cegueira ideológica de uma corrente ainda poderosa no Brasil, a mesma corrente que não quer entender a importancia do bolsa familia.

    1.   Isso não é cegueira, é

        Isso não é cegueira, é neo-escravocratismo mesmo.

        Pra essa gente pobre bom é aquele que não abre a boca, porque assim não reclamam nem mostram os dentes cariados.

  19.  
    Ainda que segmentos do

     

    Ainda que segmentos do conservadorismo insistam em afirmar que o Bolsa Família é um programa  assistencialista e eleitoreiro, a realidade tem mostrado o contrário, por isso não é à toa que respeitadíssimos organismos internacionais ligados às Nações Unidas vejam nesse programa um importante instrumento de incremento de renda para os mais pobres e redução nos indicadores de miséria e desigualdade social.Portanto Nassif está certo quando afirma que “o Bolsa Família é importante porque acabou com a fome de milhões de brasileiros”.  Isto é inestimável.Não que nossos seculares problemas de injustiça e desigualdade social tenham sido resolvidos. Longe disso. Mas o pouco do que foi feito com esse programa, suplantou em muito a insensibilidade social de sucessivos governos, que nunca se preocuparam efetivamente com o drama e a fome dos mais pobres.

  20. O mais inacreditavel pra mim,

    O mais inacreditavel pra mim, sao os indices divulgado todo ano sobre as toneladas de alimentos produzidos, a muitos anos observo isto e fica aquela pergunta…..como pode uma nacao sendo uma das maiores produtoras de alimentos do mundo e, milhares de seus filhos morrem de fome…..isso e de uma crueldade….

     

    1. Onde estão esses filhos
      Onde estão esses filhos “morrendo” de fome aqui no Brasil? Se disser que há uma má distribuição, que alguns comem pouco até concordo. Mas onde estão esses ” milhares ” morrendo de fome que a Globo ainda não viu?

      1. Estatísticas velhas…

        Malú, esse é um problema recorrente na esquerda brasileira: ficam repetindo frases sobre fatos que ocorriam a 20, 30, 40 anos atrás, como se estivessemos congelados nos mesmos problemas que eram o cerne do discurso esquerdista nos anos 1950-60.

        Outro dia um amigo meu veio com uma conversa sobre exôdo rural. Ora, pombas! Somos um país eminentemente urbano, desde os anos 1990. Hoje talvez tenhamos já 85% da população nas cidades! O inchaço urbano aconteceu nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado, não está acontecendo agora. Há urbanização ocorrendo no interior do NE, por exemplo, mas isso não é parte de um exôdo rural, é uma urbanização que naturalmente acompanha o aumento de renda que está ocorrendo na região.

        É claro que devem acontecer episódios de morte por inanição no Brasil. Acontece na Suécia, porque não ocorreria aqui? Mas são mortes episódicas, decorrentes da história pessoal do morto, algo muito diferente de mortes endêmicas por inanição, como ocorriam até 30 ou 40 anos atrás, principalmente no NE em épocas de seca como a atual. Mas nossa esquerda insiste na idéia de que a inanição é endêmica no país. Talvez porque, sendo muito mais trágicas, lhes conforte a alma crer que estão heroicamente lutando pela vida de alguém. Aos moinhos, pois, Quixotes! Mas depois que quebrarem as lanças, levantem-se, sacudam a poeira e voltem para a estrada, pois o verdadeiro Leviatã usa ternos caros, carros de luxo e mora nos Jardins ou no Leblon…

  21. Ministério das Cidades

    “No final do encontro, sugeri aos ouvintes que criticassem a Fazenda, o Tesouro, a Receita, o Ministério das Cidades, mas não o Bolsa Família.”

     

    Principalmente o Ministério das Cidades. Os outros a gente pelo menos sabe que existe, esse aí nem isso! Quando aparece é pra ajudar os especuladores imobiliários.

    O Ministro foi indicado por quem mesmo?

  22. Filhos planejados?

    “Com o BF houve redução da natalidade e da mortalidade infantil. Mesmo reduzindo a mortalidade infantil, houve redução dos filhos. Ou seja, o BF exerceu um papel civilizador, ao permitir às mães planejar, e impedindo as crianças de morrer.”

    Nassif, cá entre nós, chegar a essa conclusão é forçar a barra.

    1. Racionalizando o irracionalizado

      Nassif tem razão ao afirmar que o BF exerceu um papel civilizador, impedindo as crianças de morrer, mas…

      Somos animais. E quanto mais longe da civilização e da urbanização, mais poderosamente se manifestam nossos instintos, muito menos pressionados pelos limites sociais. Se observamos o que ocorre com populações de mamíferos submetidos longamente a dietas hipossuficientes, notaremos que as crias por gestação tendem a aumentar, quando é normal o parto de múltiplos, ou a frequência de prenhez aumenta, quando os partos são unitários. Isto se deve a que, pressionadas pelo instinto de preservação da espécie pela multiplicação, as fêmeas, pressentindo – não sabendo, o que envolve consciência da situação – a fragilidade da situação, pois uma cria subnutrida corre muito mais risco de morte, engravida com mais facilidade, atendendo à pressão instintiva de legar à nova geração ao menos o mesmo número de espécimes de sua geração. Isto esta fartamente documentado em laboratório.

      Haverá sempre quem argumente que “não somos animais”, ou que “não agimos por instintos”. Em relação a quem pensa desse modo, prefiro encerrar qualquer discussão antes mesmo que se estabeleça: não é possível discutir fé com ciência, e no final das contas, essas idéias são, quase sempre, mais assentadas em dogmas de fé do que em conhecimento científico. Para os que, contudo, queiram apresentar um argumento científico contrário, apresento um dado estatístico incontestável: a diminuição da fertilidade (filhos por mulher apta à gravidez) nas populações dos países mais ricos, especialmente naqueles em que a distribuição de renda foi menos desigual, ocorrida no pós 2ª GM, que se estende por todas as classes sociais, mas mais espetacularmente nas classes mais pobres, com o número de filhos descendo a menos de 2 por família, insuficiente para apenas repor a população, no longo prazo.

      O BF tem de fato esse papel civilizatório. Assegura às mulheres a sobrevivência da prole, trazendo-lhes alguma segurança e certeza alimentar. Tranquilizadas quanto a permanência desses filhos, instintivamente elas se voltam não para novas gravidezes, mas para o aprimoramento dessa prole, melhorando habilidades, transferindo mais conhecimentos “práticos”, enfim, dando mais atenção a cada filho individualmente do que seria possível em famílias mais numerosas. Oxalá essa geração de filhos menos desamparados, menos solitários na multidão de sua própria família, gere cidadãos mais confiantes e aptos a desafiar a vida, ao invés de se deixar pastorear como ovelhas rumo à tosquia.

      1. CAro Nonato, não conheço

        CAro Nonato, não conheço pesquisas sociológicas nem antropológicas, só acho que é muito pouco tempo para se chegar a esta conclusão. Sem contar outrras centenas de fatores que podem levar ter contribuído. E não duvido que se os nascimentos tivessem aumentado, haveria qum chegasse à conclusão que a BF permitiu que se tivesse mais filhos.

        1.   Evandro, penso que você

            Evandro, penso que você está se prestando ao papel de “advogado do diabo”, não ao papel do próprio, daí até dá pra debater.

           

            Vamos pensar o seguinte: somos, você e eu, brasileiros. Sabemos do horror que é a vida do sertanejo, especificamente em períodos de seca. Lamentávamos o medonho espetáculo de milhões de seres humanos vivendo com fome aguda. E fome MATA, nós sabemos disso.

            Pois bem, eis que é posto para funcionar um programa –  ou política, ou sistema, tanto faz – em que essas pessoas recebem um valor mínimo, que não passa de R$200 e poucos reais por família, mas suficientes para que os fantasmas da fome contínua e da miséria mais desgraçada sejam ao menos afastados. Não sei você, mas acredito ser forçoso chegar a duas conclusões:

            1) A realidade econômica brasileira é, ainda hoje, pavorosa, uma vez que 1/3 de salário mínimo já basta para que tanta gente deixe de procurar “maravilhosos” empregos de R$100 por mês ou até menos, valores que deveriam insultar imediatamente qualquer cidadão da Era Contemporânea;

            2) Considerando que ao mesmo tempo caíram taxas de natalidade e mortalidade, é querer um pouco demais que haja mera coincidência entre o fenômeno social e a disseminação do benefício.

  23. levem a bolsa, mas deixem a família em paz

    Porque o Bolsa Família é importante

    …porque conservar, com unhas e dentes, a instituição Família Brasileira Contemporânea – católico-burguesa iletrada consumista – , não deixando-a desmilinguir-se por causa do abandono, tanto real como espiritual, do lar doce lar pela entidade mãe-mulher, outrora que fora a silenciosa discreta amálgama emocional da pétrea coesão familiar, e que hoje, no papel tragicômico de mãe-mulher moderna feminista consumista emancipada além-fronteiras da razão pura, já deixara, há muito tempo para trás, as suas necessárias virtuosas obrigações domésticas e os seus graciosos intuitivos atributos naturais de fêmea civilizada habituada a viver feliz em harmonia e paz no seio da família patriarcal: aquela família hegemônica que conhecemos – praticamente sem grandes transformações mesmo porque não se mexe em bolsa família que está ganhando a vida no velho costume assistencialista caritas – , desde os tempos bíblicos da Criação e o quê então se sucedera na história milenar do clã pater família…forjado pelo poder de/voto da Palavra / da Fé / da velha política Promessa de Felicidade quando partirdes desta para melhor: para o tão sonhado latifúndio da Reforma Agrária “Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos.”

     

    1. gostei…

      hehehe, gostei, retórica invejável. Mas apesar do descompasso psicológico a  metafisíca contemporânea é cética materialista.Um anacronismo compreensível. 

  24. Programas sociais

    Nassif, o Krugman escreve sobre o programa do governo dos EUA de suplementação alimentar (bolsa comida?). Sua conclusão é idêntica à sua: o programa livrou milhões de americanos da fome. Confesso que nem supeitava da existência de um programa como este nos  EUA. O título do texto é sugestivo: Livre para ser faminto. Infelizmente não consegui traduzi-lo:

    Free to Be Hungry

    The word “freedom” looms large in modern conservative rhetoric. Lobbying groups are given names like FreedomWorks; health reform is denounced not just for its cost but as an assault on, yes, freedom. Oh, and remember when we were supposed to refer to pommes frites as “freedom fries”?

    Fred R. Conrad/The New York Times

    Paul Krugman

    The right’s definition of freedom, however, isn’t one that, say, F.D.R. would recognize. In particular, the third of his famous Four Freedoms — freedom from want — seems to have been turned on its head. Conservatives seem, in particular, to believe that freedom’s just another word for not enough to eat.

    Hence the war on food stamps, which House Republicans have just voted to cut sharply even while voting to increasefarm subsidies.

    In a way, you can see why the food stamp program — or, to use its proper name, the Supplemental Nutritional Assistance Program (SNAP) — has become a target. Conservatives are deeply committed to the view that the size of government has exploded under President Obama but face the awkward fact that public employment is down sharply, while overall spending has been falling fast as a share of G.D.P. SNAP, however, really has grown a lot, with enrollment rising from 26 million Americans in 2007to almost 48 million now.

    Conservatives look at this and see what, to their great disappointment, they can’t find elsewhere in the data: runaway, explosive growth in a government program. The rest of us, however, see a safety-net program doing exactly what it’s supposed to do: help more people in a time of widespread economic distress.

    The recent growth of SNAP has indeed been unusual, but then so have the times, in the worst possible way. The Great Recession of 2007-9 was the worst slump since the Great Depression, and the recovery that followed has been very weak. Multiple careful economic studies have shown that the economic downturn explains the great bulk of the increase in food stamp use. And while the economic news has been generally bad, one piece of good news is that food stamps have at least mitigated the hardship, keeping millions of Americans out of poverty.

    Nor is that the program’s only benefit. The evidence is now overwhelming that spending cuts in a depressed economy deepen the slump, yet government spending has been falling anyway. SNAP, however, is one program that has been expanding, and as such it has indirectly helped save hundreds of thousands of jobs.

    But, say the usual suspects, the recession ended in 2009. Why hasn’t recovery brought the SNAP rolls down? The answer is, while the recession did indeed officially end in 2009, what we’ve had since then is a recovery of, by and for a small number of people at the top of the income distribution, with none of the gains trickling down to the less fortunate. Adjusted for inflation, the income of the top 1 percent rose 31 percent from 2009 to 2012, but the real income of the bottom 40 percent actually fell 6 percent. Why should food stamp usage have gone down?

    Still, is SNAP in general a good idea? Or is it, as Paul Ryan, the chairman of the House Budget Committee, puts it, an example of turning the safety net into “a hammock that lulls able-bodied people to lives of dependency and complacency.”

    One answer is, some hammock: last year, average food stamp benefits were $4.45 a day. Also, about those “able-bodied people”: almost two-thirds of SNAP beneficiaries are children, the elderly or the disabled, and most of the rest are adults with children.

    Beyond that, however, you might think that ensuring adequate nutrition for children, which is a large part of what SNAP does, actually makes it less, not more likely that those children will be poor and need public assistance when they grow up. And that’s what the evidence shows. The economists Hilary Hoynes and Diane Whitmore Schanzenbach havestudied the impact of the food stamp program in the 1960s and 1970s, when it was gradually rolled out across the country. They found that children who received early assistance grew up, on average, to be healthier and more productive adults than those who didn’t — and they were also, it turns out, less likely to turn to the safety net for help.

    SNAP, in short, is public policy at its best. It not only helps those in need; it helps them help themselves. And it has done yeoman work in the economic crisis, mitigating suffering and protecting jobs at a time when all too many policy makers seem determined to do the opposite. So it tells you something that conservatives have singled out this of all programs for special ire.

    Even some conservative pundits worry that the war on food stamps, especially combined with the vote to increase farm subsidies, is bad for the G.O.P., because it makes Republicans look like meanspirited class warriors. Indeed it does. And that’s because they are.

     

    A version of this op-ed appears in print on September 23, 2013, on page A23 of the New York edition with the headline: Free To Be Hungry.

     

  25. Importância do Bolsa Família para o país

    Grande parte dos comentários avalia a importância do BF para os beneficiados. Acho importante avaliar também o benéfico que isso tem trazido para o país, no seu conjunto.
    O dinheiro aplicado no BF fica no Brasil, gira no Brasil e volta para o Estado (federal, estadual ou municipal), parcialmente, na forma de impostos. O BF é um investimento, no próprio país, que além dos benefícios individuais para a população mais carente, tem trazido estabilidade econômica e um enorme crescimento do mercado interno, gerando defesas contra especulações ou crises internacionais.

  26. Precisa ser ampliado

    O programa precisa ser ampliado. O valor ainda é muito baixo, o ideal seria pouco mais de 1 salário mínimo com reajustes de inflação anuais.

  27. Bolsa-Família e seus mitos

    TRÊS TRABALHOS CIENTÍFICOS QUE DESTROEM MITOS SOBRE O BOLSA-FAMÍLIA

    O Bolsa-Família não aumenta a fertilidade das mães beneficiadas:

    http://paa2009.princeton.edu/papers/90658

    Bolsa familia aumenta taxa de matrículas, diminui o abandono escolar e aumenta a taxa de formados no ensino médio:

    http://faculty.apec.umn.edu/pglewwe/documents/BrBolsa6.pdf

    Desempregados com bolsa faília procuram mais emprego:

    Desempregados sem bolsa família que buscam emprego: 68%.

    Desempregados com bolsa família que buscam emprego: 74%.

    http://www.ipc-undp.org/pub/IPCWorkingPaper46.pdf

  28. Muitos perguntam quando esses

    Muitos perguntam quando esses benefícios irão acabar. Vejo duas maneiras disso acontecer: 1. quando o povo apresentar a não-necessidade de apoio financeiro governamental – e somente se no Planalto estiver um petista, como Dilma -, e 2. se na eleições vindouras for eleito um tucano.

    1. Não, não, não!

      Nadiê, quando um tucano ou mesmo outro direitista estiver no poder, aí é que não vai acabar. Eles vão manipular para perpetuá-lo sem fazer disso um porta de saída para o estado de indigência dos beneficiários. E aí, SIM, farão do programa uma verdadeira moeda de troca (eleitoral). Abrs.

      1. Caríssimo Nonato, como disse

        Caríssimo Nonato, como disse um conhecido meu, com nove meses de seca(sendo generoso) esse povo contrário espera que agricultores no Nordweste sobrevivam de quê?

        Mas quanto a seu ponto de vista, o que impede de um tucano falar exatamente isto qu você falou?

          1.   Isso quer dizer que você

              Isso quer dizer que você CONCORDA com o BF e entende que ele não é mero progama ELEITOREIRO, correto? 

  29. Bolsa Família

    É inegável o impacto do programa Bolsa Família na economia, porém, o maior feito desse programa está no resgate da cidadania de muitos milhares de brasileiros. Trabalhei durante muito tempo em pequenas cidades do interior da Bahia e conheci de perto o uso político nas distribuições de cestas básicas. As cestas eram entregues mediante apresentação e, às vezes, retenção do título eleitoral. Os pobres que declaravam o voto em “adversários” dos detentores do poder não recebiam as cestas. O programa Bolsa Família entrega um cartão ao pobre beneficiário e ele vai ao banco ou casa lotérica, saca seu dinheiro e vai ao mercado como CIDADÃO consumidor. Ele não precisa mais humilhar-se aos “donos do poder”. Isso é que leva os partidos conservadores de oposição ao desespero. Os antigos pedintes, hoje cidadão, não mais aceitam o “cabresto” e votam de forma consciente. Cidadania, esse é o segredo do sucesso do programa Bolsa Família.

  30. Fome!!!

    Comandante Nassif, nem precisava tantas palavras para justificar o óbvio. Pena que minha Mãe não viveu para ler! Bastava escrever o último parágrafo: 

    “O Bolsa Família é importante porque acabou com a fome de milhões de brasileiros. E basta.”

    Pois só quem passou fome sabe o que ela representa! PARABÉNS!!!

    1. Foo, foi ótimo!
      Mas

      Foo, foi ótimo!

      Mas acrescento que o BF é importante porque é importante, não precisaRIA de justificativas econômicas, mas as tem: a cada real investido no Bolsa Família, R$ 1,44 volta à economia. Sendo o fator que destravou a roda da economia  das regiões mais miseráveis,o BF foi um dos responsáveis pela elevação verificada no IDH em todos os municípios brasileiros na última década.

  31. A miséria tem efeitos multiplicativos

    A miséria tem efeitos multiplicativos, que não se restringem à pessoa que está na miséria, mas aos familiares, e à comunidade como um todo. Acabar com a miséria (via bolsa família) e melhorar a qualidade do ensino e saúde públicos, é, portanto, fundamental para construirmos um Brasil melhor. Não se lê uma linha sequer sobre isso na “grande” mídia. É como se essa mídia lucrasse com o atraso.

  32. A Bolsa-Família é importante?

    A Bolsa-Família é importante? Sim, muito importante, mas, a meu ver, mais do que dar o peixe, o interessante para o Brasil é ensinar a pescar. A ajuda é por demais importante, mas ela deve ser conduzida para que a família, na figura de todos os seus membros, tenha oportunidade de estudar, crescer e evoluir para que ande com as próprias pernas.

    1. A Bolsa-Família é importante?

      Esqueça o “mas…”. Isto que você está dizendo de o Bolsa Família proporcionar oportunidades já está acontecendo há muito tempo, tanto que de ano a ano milhares de famílias são descadastradas e outras tantas novas famílias acrescentadas  ao programa.

    2.   Amigo,
        Essa história de

        Amigo,

        Essa história de “ensinar a pescar” é linda, comove, me faz chorar e etc, mas vamos parar para pensar por um instante: qual a possibilidade de um cidadão, melhor, milhares e milhares de famílias a quem não é destinada educação minimamente decente, saneamento, possibilidade de empregos minimamente decentes e etc “aprender a pescar”? Imagine que esse mesmo cidadão, digo, essas milhares e milhares de famílias agora tem o mínimo garantido, podendo recusar empregos escravizantes (isso não é aprender a pescar, é passar a vida sendo isca) e não precisando mais temer ameaças a mais simples segurança alimentar caso – veja só – passem a COBRAR melhores serviços públicos.

        Numa dessas ironias da vida talvez até passem a votar no PSDB, caso o partido deixe de embolsar cachoeiras de verbas públicas e realmente “fazer mais”, deixando de lado o blablabla vazio.

    1.   Ah, claaaro. Eu mesmo nunca

        Ah, claaaro. Eu mesmo nunca ouvi falar em compra de votos antes. Você tem toda a razão, melhor era sem o BF, antes esses pobres fedorentos simplesmente morriam de fome – e não vendiam votos, imagina.

        Também tanto faz que o benefício faça a economia girar, mais importante é a fome com dignidade, estagnação econômico com Deus e pelo PSDB. Bato palmas a você, mas só duas: clap clap.

    2. O porco…

      André, O porco, o caso desse D., por viver na lama, acha que tudo é lama, não vê que com a implantação da urna eletrônica, não existe mais o cabresto eleitoral, o leitor vota livremente em quem ele quer. não tem mais aquela de dar R$ 10,00 a um, almoço a outro para que ele vote nos seus candidatos. Não entende o porco, que quem vota no PT o faz por ter a consciência exata de que só esse partido e seus governos, até o presente, se preocuparam com os miseráveis e os tem assistido e lembra com perfeição o que representam os partidos anteriores e não os querem de volta ao Poder, pois, sabem, os desfavorecidos, que correm sérios riscos de retornarem a miséria em que viviam anteriormente.

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