Too big to fail, por Wagner Iglecias

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Too big to fail, por Wagner Iglecias

Nos USA existe um ditado que diz “Too big to fail”. Refere-se a grandes empresas nacionais que são importantes demais para desaparecerem, e que portanto devem contar, sim, com o apoio dos governos. Até ai, nada mais real e típico do Capitalismo como ele é, onde não há grande negócio nem história de sucesso empresarial que não tenha alguma relação com o Estado.

Quando o presidente da mais importante multinacional privada brasileira, Marcelo Odebrecht, é condenado a 19 anos de prisão, e André Gerdau, diretor-presidente de uma outra empresa-símbolo da economia brasileira, sofre condução coercitiva para ir depor na Justiça, fica-se com a impressão de que o Brasil está percorrendo um caminho diferente, numa trajetória auto-destrutiva que não se vê em outros países capitalistas.

Obviamente que ninguém vai defender aqui relações escusas entre governos e empresas, mas como bem lembrou em artigo de hoje o jornalista Mauro Santanyana, não se vê dos aparatos da Justiça rigor igual em relação a empresas estrangeiras envolvidas em malfeitos em nosso país. Na visão dele algumas empresas brasileiras estão pagando o preço de terem apoiado um governo nacionalista como o do PT. Caso mais próximo a isso no passado é o do antigo empresário Mário Wallace Simonsen, que foi próximo de Juscelino Kubitschek e João Goulart, e teve suas empresas encampadas ou fechadas pela ditadura militar. Entre elas estavam a TV Excelsior, a Panair (maior companhia aérea brasileira nos anos 1960), a Comal (maior processadora de café do país à época) e a Celma (empresa de manutenção de turbinas e aeronaves), entre outras.

Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. o mais assustador é ter um

    o mais assustador é ter um monte de gente, de órgãos, instituições que poderiam dar um basta a esse descalabro, mas ficam assistindo de camarote, como se fosse uma coisinha à toa

  2. E nimguém repara que com a

    E nimguém repara que com a queda das ações destas empresas os famosos investidores estrangeiros caem de boca. Aquele frase de shalespeare que dizia: Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia. Pode ser utilizada na justiça: Há mais coisas entre o réu e o juiz do que pode imaginar nossa vã democracia.

  3. É o que eu tenho repetido

    É o que eu tenho repetido aqui também. Não enxerga quem não quer ou não tem os instrumentos necessários pra perceber: estão sendo obviamente tratados como “traidores de classe” por terem se associado ao “Lulopetismo”. Ou jogam Lula e o Partido dos Trabalhadores ao mar ou se ferram.

    Só as crianças grandes ainda acham que se trataa de “combate à corrupção”….

    É pra isso, portanto, que serve a subideologia do ” sinistro projeto de poder petralha”, para condensar as ideologias antissociais que circulam por aí mas que tiveram pouca eficácia eleitoral.

    Só mesmo sacrificando o PT, o PT, o PT como bode expiatório, como “boi de piranha” para retomarem o Poder nas mesmas bases da Nova República. Ou seja, o “mercado” financeiro abocanha metade dos Orçamentos, e o resto se estapeia pelo que sobrar.

    1. … E os PALERMAS do “campo

      … E os PALERMAS do “campo acadêmico” ficam “só olhaaando”…

      Depois, com certeza, vão deitar um montão de teses, ah, vão!

      Palermas!

  4. Alhos com bugalhos

    Embora seja de se lamentar a falta de vigor na investigação de casos de corrupção envolvendo outros partidos, não dá para dizer que as empreiteiras estão sendo penalizadas porque “apoiaram o projeto nacionalista do PT”. Supondo que a justiça se move no contexto de um jogo de poder (eu não acho que esse é o único motivo mas não vale a pena entrar nisso agora), Odebrecht, OAS e cia. apenas estão pagando o preço por terem feito parte do esquema. Se o objetivo é derrubar o governo, pouco importa se as empresas envolvidas na corrupção são brasileiras ou estrangeiras – se houvesse algum indício de participação de uma empresa estrangeira no caso da Petrobras, que de alguma forma incriminasse ainda mais o governo, a “turma de Curitiba” não ia explorar o caso apenas porque não se trata de uma empresa nacional? Até parece …

  5. Não tem essa de …

    Não tem essa de muito grande para quebrar , minha mui modesta opinião , quer dizer que empresas grandes podem fazer o que quiser porque por serem muito importantes para a economia nada vai acontecer , uma das razões da lei é o medo , o medo deve fazer o cara pensar duas vezes antes de subornar um político ou diregente de estatal , cria-se um perigo em ser muito cínico ou pragmático ,” corrupção sempre vai existir” , ” todos fazem” , empresas devem ser punidas sim , empresários também , se quebrar é parte do risco que correu quando decidiu ganhar um negócio de forma ilegal.

  6. Lá não há cizânia em certas questões.

    A cizânia no Brasil acontece em função do Parlamento  e boa parte do Poder Judiciário não serem de viés nacionalista.

    O Parlamento nada mais é que um reflexo da votação de uma população desconectada aos interesses do país.

    A minha campanha pelo voto consciente ao Parlamento faz todo o sentido.

    Segundo pesquisa a partir de dados do DIAP, cerca de 40 % dos eleitores de Dilma votaram em parlamenteres manifestamente oposicionistas à Dilma.

    O  resultado é a sanha golpista… a partir do próprio Parlamento… a partir de parcela fascista do Poder Judiciário e a partir de parte do  Ministério Público.

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    É como tenho dito.

    O quarto poder não é a imprensa.

    O quarto poder é a colossal ignorância política que impera entre a nossa gente.

    É necessário que haja mais matérias jornalísticas que vinculem eleitores e eleitos, dento de um mesmo projeto de nação.

    É importante estampar ao eleitor a sua responsabilidade para com o país.

    É importante mostrar claramente que há dois projetos. Um nacionalista e outro farsante.

    Tivéssemos um pouco mais de educação política e certas pessoas jamais seriam reeleitas para o Parlamento.

    A população brasileira vota em quem a massacra.  Pior ainda…vota reiteradamente nas mesmas pessoas que a massacra.

    O desdém para com a história , para com as riquezas nacionais finda por arrebentar com o país.

    É tão importante preservar a democracia quanto levar adiante a missão cidadã de educar para a política.

    Valeu,

    Sergio Govea.

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  7. Marcelo preso, e o resto?

    É engraçado prender o Marcelo, justo ele que sua empresa estava desenvolvendo tecnologia para o nosso primeiro submarino nuclear. Estes eventos ultimos são uma mistura de sabotagem com ignorancia. 

  8. Cegueira humana

    Até meados de 2013 havia tempo e condições de evitar o tsunami e o terremoto que atingiu as plagas governistas e seu partido politico. Acontece que enquanto se navegava em mares tranquilo e de vento favoravel, ninguem ligado ao capitão do navio, se animava a perceber de que a situação estava ameçada por tempestades nunca antes vistas por estes mares de navegação. A tempestade perfeita se aproximava e a tripulação se regozijava em festas.

    Pagam pela displicência e pela ganância. Estas forças populares qdo chegam ao Poder se encantam com o brilho e repetem o mesmo procedimento das elites governantes tradicionais, qdo não os superam na ortodoxia de governança.

    Deputados e deputadas dançavam no congresso nacional tripudiando de quem tentava os ameaçar. Levados pela crença de que o sistema que sustenta o poder politico desde as capitanias hereditárias os defenderiam não se deixavam abater por qualquer preocupação. Pelo contrário, debochavam das tentativas de quem timidamente na oposição, fizessem qualquer movimento contrario aos seus interesses. Individualmente e pontualmente não havia como os atingir, todos ali a volta estavam comprometidos com o mesmo sistema que os amparavam. A situação era, na compreensão de quem estava no poder, completamente favorável aos seus projetos. Porem, algo muito singular e diferente de tudo conhecido, vinha em direção contraria, nem o governo, nem a oposição poderia desconfiar de que forças invisíveis aproximavam-se, rápidas e ameaçadoramente e que mudariam todo o cenário do poder. 

    1. Pendulo

      Se a sede de  manter o poder não fosse tão insaciável e tivessem se preocupados em patrocinar as reformas estruturais de que necessita a Nação brasileira, talvez, não estariam nesta situação terminal

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