Alguém vai dizer que é lawfare
por Ricardo Mezavila
Qual a estratégia dos golpistas no vazamento do áudio em que Mauro Cid se diz coagido pela PF a confessar fatos que não aconteceram? O áudio foi gravado sem que ele soubesse, ou era um monólogo previamente escrito e interpretado como se houvesse interlocutor?
Uma coisa ou outra, mas está claro que foi uma armação para tumultuar o processo e adiar a prisão de Bolsonaro, Heleno e Braga, além de outros lacaios. O roteiro parece que tem a intenção de criar jurisprudência do depoimento de Cid em relação ao que foi feito na Lava Jato.
Em uma ação militar, os estrategistas devem ter se debruçado sobre os crimes cometidos pela Lava Jato e revelados na Vaza Jato, nas conversas entre Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros integrantes da operação.
Foi através das mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram enviadas e divulgadas pelo The Intercept Brasil que a farsa foi revelada e o ‘condenado’ Luiz Inácio Lula da Silva teve sentença anulada pelo STF.
Anular a sentença é o objetivo da organização criminosa, porém, mais uma vez foram incompetentes. Os depoimentos do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Júnior são totalmente compatíveis com a delação de Cid. As provas foram produzidas e o processo caminha para o desfecho.
O áudio serviu para dar fôlego aos bolsonaristas, que nas redes sociais comemoram e alertam para a perseguição judicial sofrida pela elite do golpe. Ainda não vi, mas alguém vai dizer que é lawfare.
No desespero incontrolável de vestir a toga de Moro em Moraes, os criminosos sabem que estão com seus dias contados e não declinarão de tentar fugir até o último suspiro.
Ricardo Mezavila, cientista político
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