
do CDHM – Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Discurso de violência e ódio do governo incentiva preconceito e crimes contra indígenas, afirmam representantes da sociedade civil em audiência pública
“O governo tem uma lógica fundamentalista e patrimonialista, ódio e desrespeito aos povos indígenas. Estamos vivendo a desconstrução da lógica republicana e a naturalização da barbárie. Quem mais preserva a natureza são os povos indígenas”, ressalta Érika Kokay (PT/DF), que solicitou a realização do encontro junto com Túlio Gadêlha (PDT/PE).
“Ecocídio”
A emenda constitucional 95, editada no governo de Michel Temer e aprovada no Congresso Nacional, prevê que o gasto primário do governo federal fique limitado por um teto definido pelo montante gasto no ano anterior, reajustado pela inflação acumulada, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Dessa forma, ficam praticamente congelados os gastos em áreas como saúde e educação. A medida é criticada por Dinamam Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “Estamos preocupados com a ruptura da nossa democracia e com a violência contra os indígenas, que aumenta cada vez mais. A emenda 95 também é responsável por essa situação. Os cortes no orçamento suspenderam serviços da Funai e da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), como ao atendimento de saúde nas aldeias e a demarcação de terras. E hoje, quando chegamos nesses lugares, somos tratados com desprezo, uma forma de racismo institucional. Tuxá considera a medida inconstitucional e que viola tratados internacionais. “Estão praticando atentados contra a Amazônia, Cerrado e Caatinga. Isso é ecocídio”.
“O governo esvaziou a Funai, o único órgão indigenista responsável pela articulação em defesa de cerca de um milhão de pessoas, que vivem em mais de cinco mil aldeias e em zonas urbanas. Essas medidas contrariam a nossa Constituição, que tem um capítulo destinado à proteção dos povos indígenas e que garante o direito às nossas diferenças culturais. Além disso, viola tratados internacionais de direitos humanos”, reforças Helder Salomão (PT/ES), presidente da CDHM.
Jussara Griffo, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) diz que “o governo não tem política ambiental porque é contra o meio ambiente, e os responsáveis agora pelas políticas públicas agora são os trabalhadores do setor, que são assediados inclusive na imprensa. Queremos a demissão do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) e a reestruturação do ministério”.
Também participaram Denis Rivas, da Associação Nacional das Carreiras de Especialistas em Meio Ambiente e Claudio Ângelo, do Observatório do Clima.
Pedro Calvi / CDHM

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