
Os seguintes eventos têm relação entre si:
- A decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira, colocando para votar, em tempo recorde, o PL do estuprador.
- Os movimentos especulativos com dólar e juros longos, que se acentuaram na segunda-feira.
- O senado colocando para discutir a independência financeira do Banco Central, com apoio de Roberto Campos Neto.
Todos esses fatos, mais o carnaval ocorrido no Senado – sob o olhar complacente do presidente Rodrigo Pacheco – tiveram objetivos claros: provocar um clima de desorganização política, visando influenciar a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta quarta-feira.
Não é pouca coisa que está em jogo. A intenção do mercado – e do grupo bolsonarista de Campos Neto – é interromper a queda da Selic, com base em argumentos vagos: uma expectativa de inflação que não se confirma com os dados reais; a possibilidade dos Estados Unidos não reduzir mais os juros e por aí vai.
A reação de Lula se deu em duas frentes. No exterior, acabou com as especulações sobre a desvinculação do orçamento dos gastos com saúde e educação. Ontem, em entrevista na CBN, bateu pesado em Roberto Campos Neto e no tal de mercado.
Antes disso, andava tão sem iniciativa, tão sem vontade política que, por aqui mesmo, sugeri que começasse a pensar no sucessor. Levou dois dias para desenvolver o argumento sobre o tema de maior impacto do momento: o PL dos estupradores. Qualquer pessoa que minimamente acompanha o tema do aborto sabe que a defesa do aborto – nas situações definidas pela Constituição – não pode ser confudida com o estímulo ao aborto, mas tratar a questão sob o ângulo da saúde pública.
Em algum momento deu um click em Lula que recuperou parte da combatividade perdida. Na entrevista à CBN, Lula enfatizou que será candidato em 2026, para impedir que os trogloditas voltem a governar o país.
Caiu a ficha de que não impor resistência seria o caminho mais rápido para o cadafalso político. Agora, Lula precisa se armar para o segundo tempo do jogo, que consiste na apresentação de um plano de governo robusto, factível, e que que aponte o futuro de forma clara.
Na entrevista à CBN, Lula deixou claro os caminhos do futuro, na transição energética.
Precisa, agora, avançar em uma área chave – a gestão dos projetos, montando grupos de trabalho intersetoriais para administrar cada um deles, todos se reportando diretamente a ele, Lula.
Se completar esse ciclo, a economia ganhará impulso e Lula terá trunfos maiores para negociar com o Congresso e o tal de mercado.
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Aguardo.
Acredito que essa batalha contra o mercado é a maior de todas elas, inclusive mais que a batalha pelo pré-sal, pela Petrobrás que derrubaram a Dilma Rousseff do poder e prenderam
Lula. Essa batalha contra o mercado e a mídia é a mais épica do país e a mais importante.
Aí, aí…
E desde quando dá para separar uma da outra?
São iguais os interesses que movem as peças para conquista de fonte energética e os que praticam a agiotagem internacional.
Quanta ingenuidade supor que essa batalha seja só retórica ou política.
Estão aí o Oriente Médio e todas as outras regiões que ousaram reagir para provar.
Não tem batalha.
Lula e esse povo de merda que somos entregam tudo rápido.
Lula sabe que dois dos seus maiores desafetos e entraves políticos, Lira e Campos Neto, logo perderão seus cargos e consequentemente não serão mais ninguém no tabuleiro do poder. E, bem ao seu estilo, vai empurrando como dá até ver os dois “inimigos” enfim pelas costas…
Quero ver se para o segundo tempo do seu mandato Lula tem uma carta na manga, pois é essa a impressão que dá.