
Os pontos centrais a serem analisados, na atual conjuntura política são os seguintes:
O poder do capital
O ponto central, em torno do qual giram todos os demais, é o poder político do grande capital. Ele impôs um modelo econômico que vigorou em todo século 20, venceu o poder dos sindicatos, venceu a disputa com a União Soviética, procedeu ao maior processo de concentração de renda da história.
O modelo político econômico
O modelo se baseava em um simulacro de democracia, onde cada pessoa um voto foi siubstituída por um dólar um voto. Interessava ao grande capital uma democracia relativa, sem concentração de poder nas mãos de uma pessoa, e com a influência sobre política econômica (através do controle pelos economistas), partidos políticos (pelo financiamento de campanha), Judiciário (com a contratação de grandes escritórios) e mídia (através da publicidade ou da injeção direta de capital).
A (des)legitimação do modelo
Todo o discurso de legitimação do modelo baseava-se na teoria do transbordamento: se houver liberdade total para o capital, ele transbordará dos países ricos, à medida em que ficam mais caros, para as economias emergentes; ou das grandes empresas para a sociedade em geral. Desde que fossem feitas as lições de casa. as chamadas políticas de austeridade – que preconizam cortes em despesas e aumento de taxas de juros.
As últimas crises, a partir de 2008, desmoralizaram os argumentos. As políticas de austeridade praticadas em sucessivos países enfraqueceram os partidos tradicionais, desmoralizaram o modelo de democracia relativa, deixaram populações inteiras órfãs de Estado, abrindo espaço para a ultradireita.
E isso tudo ocorre sob o avanço da China no campo internacional, com suas políticas internas, de preservação de setores estratégicos, como apoio aos setores privatizados.
Os bilionários e a ultradireita libertária
O interesse do capital financeiro são os negócios. Não há nenhum compromisso com democracia, direitos sociais, sustentabilidade econômica, mas um pragmatismo de apoiar quem abrir espaço para privatizações e desgulamentações da economia.
A parceria com o fascismo, o nazismo e o bolsonarismo são provas evidentes. E o grande negócio do momento são as estatais do chamado sul global. É por aí que se entende o entusiasmo de Abilio Diniz com a eleição de Milei, na Argentina. Em mira, a privatização das estatais argentinas e da exploração dos novos campos de gás e petróleo. Além das facilidades que uma eventual dolarização representará para quem quiser fugir do cerco fiscal prometido por Haddad.
Mas não se ficará nisso. Os bilionários brasileiros já atuam como um partido político, como ficou demonstrado na ONG liderada por Jorge Paulo Lemann, para assessorar o Ministério da Educação, visando entregar a digitalização das escolas púbvlicas para Elon Musk. E, agora, as revelações de Luiz Felipe Dávila, sugerindo uma associação entre bilionários – seu sogro Abilio, André Esteves, Rubens Ometto – para montar um conglomerado com publicações de ultradireita, como o Estadão, Revista Oeste, Brasil Paralelo, emulando o modelo Rupert Murdoch.
A postura recente da revista Veja – dominada pelo Banco BTG – e do próprio Estadão assinalam uma volta ao modelo de jornalismo de guerra, inaugurado em 2005 pela Veja, dirigida por Eurípides Alcântara, atual diretor de redação do Estadão.
Consistia em reportagens escandalosas, juntando informações verdadeiras – e irrelevantes – para conclusões bombásticas -e falsas. E em ataques desqualificadores contra os críticos.
Foi o que aconteceu com a diretora da sucursal de Brasília, Andreza Matais, revelando o salário de um jornalista da Secretaria de Comunicação, que rebatera de forma educada uma notícia inverídica do jornal. E a postura de um subordinado dela, procurando a EBC para saber do salário de um jornalista que havia criticado o jornal. Tudo culminando com um falso escândalo da esposa de um chefe do Comando Vermelho – condenado e preso – que compareceu a uma audiência no Ministério da Justiça como representante eleito de um conselho do Amazonas.
A guerra econômica
Não se tenha dúvida de que essa frente dos bilionários será um dos elementos centrais dos ataques ao governo Lula, por uma razão muito simples: apesar de todas as concessões feitas ao mercado, Lula não parece inclinado a retomar a privatização selvagem de estatais. Ou seja, nem orçamento equilibrado, Selic elevada, cortes de despesas sociais, serão suficientes para aplacar a fome do partido dos bilionários.
Com o fracasso da terceira via e a vitória de Milei, muda-se a estratégia. Em vez do sufocamento lento do Estado, com a apropriação dos juros da dívida pública e da venda de estatais, o caminho direto: a aposta na radicalização dos libertários. Já há algum tempo percebe-se esse movimento em influenciadores liberais, que chegam ao cúmulo de defender até o livre comércio de órgãos. Serão tempos de novas rodadas de radicalização irracional.
Julgam que, sem instituições, eles governarão o país. Precisam combinar com as milícias e o crime organizado.
A estratégia óbvia de Lula deveria ser um pacto de produção com federações empresariais, centrais sindicais, sistema cooperativo movimentos sociais, envolvidos diretamente com a produção. São os representantes diretos de pequenos e médios produtores, aqueles com interesses diretos no barateamento do crédito, no fortalecimento do mercado de consumo, nos pactos de produção.
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“…A estratégia óbvia de Lula deveria ser um pacto de produção…” Excelente observação. Até pelo fato de serem a maioria, com poder de eleger e derrotar qualquer Governo, o que se dirá de alguns poucos ainda que bilionários – e muito maliciosos, sinuosos. Veja o exemplo Diniz e o que ocorreu com seu ex-sócio francês. Mas é possível sim. É a democracia
Muito bom.
Clap, clap! (como diria o saudoso Paulo Nogueira.)
Só faltou você dizer uma coisa, Nassif.
Os juízes já concedem ao clube dos bilionários um privilégio senhorial típico do antigo regime.
“Se vossa mercê quiser, eu posso mudar a decisão judicial.”
Nassif e o revisor cometeram um erro feio aí! Não é Plantão Brasil, deve ser o Brasil Paralelo a que o Nassif quis se referir! O coitado do Tiago do Plantão Brasil já está enfrentando inúmeros processos a mando dos bolsonaros, além de figuras como Malafalsa, e antes o TSE o impediu de sair candidato pelo PT… Espero que corrijam rápido esse erro!
URGENTE:
Prezado, por favor, corrija a parte em que fala do Plantão Brasil. Ele é de esquerda (inclusive está sofrendo perseguição da extrema direita pelo trabalho que ajuda mais que muitos sites progressistas juntos). Se essa parte da matéria não for um caso de esquerda sabotando esquerda, por favor, corrija para não causar mal entendido e não prejudicar o Thiago dos Reis (prejudicá-lo isso é o mesmo que apoiar os fascistas).
“conglomerado com publicações de ultradireita, como o Estadão, Revista Oeste, (PLANTÃO BRASIL… ESSE É ESQUERDA NÃO ULTRADIREITA… erro de digitação aqui Luís?), emulando o modelo Rupert Murdoch”.
URGENTE: Por favor, corrija a parte em que fala do Plantão Brasil. Ele é de esquerda (inclusive está sofrendo perseguição da extrema direita pelo trabalho que ajuda mais que muitos sites progressistas juntos). Se essa parte da matéria não for um caso de esquerda sabotando esquerda, por favor, corrija para não causar mal entendido e não prejudicar o Thiago dos Reis (prejudicá-lo é o mesmo que apoiar os fascistas). “conglomerado com publicações de ultradireita, como o Estadão, Revista Oeste, (PLANTÃO BRASIL… ESSE É ESQUERDA NÃO ULTRADIREITA), emulando o modelo Rupert Murdoch”.
Caso passe na moderação, só um alerta importante:
Plantão Brasil é de esquerda. Na matéria estão associando erroneamente à extrema direita. Agradeço se corrigirem e não ajudarem os Boz0z nas perseguição ao Tiago dos Reis, que vive diariamente fazendo enfrentamento contra a extrema direita perseguidora.
Já foi feita a correção.
Essa é a liberdade do mercado. Liberdade para impor sua vontade.
Exemplo: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/11/21/britania-condenada-indenizar-funcionaria-bolsonaro.htm
“Julgam que, sem instituições, eles governarão o país. Precisam combinar com as milícias e o crime organizado.” Esses caga-raivas endinheirados, aproveitam o mínimo de segurança que o Estado dá, através de suas instituições para destruí-lo, transformando em mera commoditie. E quando o Estado for à faléncia total por ABRIR MÃO DE SER ESTADO, ABRIR MÃO DE GOVERNAR, essa cambada bota a cachorrinha nas costas e vai morar num “paraíso” do Primeiro Mundo, se já não está lá.
O poder privado precisa ser limitado e repartido, pelos mesmos motivos que o poder público. Anos e anos de leniência na defesa da concorrência produziu essas eminências pardas no Brasil, que rivalizam com as instituições. Toda empresa acima de certo tamanho precisa ser transformada em SA e submetida a requisitos de governança e propriedade mais duros, inclusive um controle democrático via golden shares estatais com poder de veto. Não querem o dedo do governo? Que pulverizem sua riqueza em vários segmentos, sem que em qualquer deles tenham poder para chantagear o restante da sociedade como atualmente.