O lançamento do Plano de Transformação Digital, por Luís Nassif

Objetivo é estimular a inovação e o desenvolvimento de tecnologias digitais para reduzir custos e acelerar a transformação digital no país.

Imagem PngTree

Ontem foi anunciada a Missão 4 da Nova Industrialização Brasileira, a Transformação Digital.

Vamos a um raio-X recorrendo às ferramentas de Inteligência Artificial.

Metas de Transformação:

  • Até 2026, transformar digitalmente 25% das empresas industriais brasileiras, assegurando a participação nos segmentos de novas tecnologias.
  • Até 2033, aumentar essa porcentagem para 50%, visando a adoção simultânea de pelo menos três tecnologias como serviços em nuvem, ERP/CRM, Big Data, robôs de serviço, IoT e inteligência artificial.

Objetivos Estratégicos:

  • Estimular a inovação e o desenvolvimento de tecnologias digitais para reduzir custos e acelerar a transformação digital no país.
  • Focar em setores como semicondutores, robôs industriais e serviços digitais avançados para aumentar a competitividade e promover exportações de bens de maior valor agregado.

Investimentos:

  • O plano inclui investimentos públicos e privados, totalizando R$ 186,6 bilhões destinados à missão. Isso inclui R$ 85,7 bilhões do setor privado e R$ 100,9 bilhões de iniciativas do setor público entre 2023 e 2026.

As cadeias de transformação digital na “Missão 4” do documento foram mapeadas visando identificar as oportunidades para o adensamento produtivo das cadeias industriais prioritárias no Brasil. O mapeamento foi realizado levando em consideração critérios políticos e técnicos para definir quais cadeias produtivas são mais promissoras.

  1. Critérios Utilizados para Identificação:
    • Foram considerados diversos critérios objetivos, incluindo indicadores de capacidades internas já existentes no país, como vantagem comparativa revelada, exportações e proximidade produtiva.
    • Indicadores de oportunidades de mercado, como importações, dependência externa, tamanho e crescimento do mercado, e oportunidades na América Latina.
    • Indicadores de complexidade econômica e externalidades, como emissões e desigualdade de renda associadas à cadeia industrial.
  2. Principais Cadeias Mapeadas para a Transformação Digital:
    • Semicondutores: Produção de chips e design in-house.
    • Robôs Industriais: Inclui cobots (robôs colaborativos), manipuladores móveis, gêmeos digitais e robôs humanoides.
    • Produtos e Serviços Digitais Avançados: Como serviços e computação em nuvem, plataformas digitais, indústria do audiovisual e de games.
  3. Objetivo do Mapeamento:
    • O objetivo é estabelecer um foco claro para as missões da Nova Indústria Brasil (NIB), promovendo o desenvolvimento de cadeias produtivas que tenham maior potencial de crescimento e inovação, impulsionando a competitividade do Brasil no cenário global.
    • As cadeias identificadas estão vinculadas às seis missões da NIB e ao Plano Mais Produção, alinhando-se também aos objetivos de adensamento do Novo PAC (CIIA-PAC).

O mapeamento das cadeias foi realizado sem hierarquia entre os critérios, permitindo uma análise abrangente para selecionar até três cadeias promissoras para cada missão, incluindo a missão de transformação digital NIB.

A estratégia da NIB

O estudo baseou-se nos quatro eixos do “Plano Mais Produção”,  para promover a neoindustrialização e a transformação ecológica do Brasil. Estes eixos são:

Eixo 1 – + Inovadora e Digital

   – Foco na inovação e na digitalização da indústria, visando impulsionar a competitividade e o desenvolvimento de novos setores industriais.

Eixo 2. + Verde:

   – Promover a descarbonização da indústria, aumentando a contribuição do Brasil no combate à crise climática e gerando empregos de qualidade.

Eixo 3. + Produtiva.

   – Melhorar a produtividade industrial por meio da inovação e da adoção de novas tecnologias, reduzindo custos e aumentando a competitividade da indústria nacional.

Eixo 4. + Exportadora:

   – Expandir a participação da indústria brasileira no mercado externo, focando no aumento das exportações de bens com maior valor agregado.

Abaixo estão os principais aspectos da sua abrangência:

1. Setores Envolvidos:

   – O plano abrange seis missões principais, que incluem:

     – M1 – Cadeias Agroindustriais: Promoção de inovação e produtividade no setor agroindustrial.

     – M2 – Complexo da Saúde: Desenvolvimento e fortalecimento da indústria da saúde.

     – M3 – Cadeias de Infraestrutura: Modernização e aumento da eficiência nas cadeias de infraestrutura.

     – M4 – Transformação Digital: Incentivo à digitalização e ao uso de tecnologias avançadas na indústria.

     – M5 – Descarbonização: Redução de emissões e promoção de práticas sustentáveis no setor industrial.

     – M6 – Soberania e Defesa: Fortalecimento das capacidades industriais de defesa e segurança.

2. Objetivos Estratégicos:

   – O plano visa a  neoindustrialização  do Brasil, promovendo o crescimento econômico sustentável através da transformação digital, inovação, e descarbonização das atividades industriais.

   – Promover a  competitividade internacional  da indústria brasileira, aumentando a participação no comércio global e exportações de maior valor agregado.

   – Alinhar as políticas industriais às necessidades ecológicas e de sustentabilidade, gerando empregos de qualidade e contribuindo para o combate à crise climática.

3. Investimentos e Recursos:

   – O plano prevê investimentos significativos, tanto do setor público quanto do privado, totalizando R$ 186,6 bilhões. Destes, R$ 85,7 bilhões são do setor privado e R$ 100,9 bilhões são de iniciativas do setor público.

   – Inclui incentivos financeiros, subvenções, créditos e recursos para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), além de financiamento para infraestrutura verde, como datacenters sustentáveis e conectividade.

4. Escopo Temporal:

   – As metas do plano estão distribuídas ao longo de diferentes marcos temporais, com objetivos principais para 2026 e 2033. Isso abrange um horizonte de planejamento e implementação de médio a longo prazo, permitindo adaptações e revisões conforme necessário.

5. Coordenação Multissetorial:

   – Envolve diversos órgãos e instituições, incluindo BNDES, FINEP, EMBRAPII, e outros, para a implementação e acompanhamento das ações. A coordenação entre setores público e privado é essencial para garantir a execução eficaz das estratégias definidas.

Balanço atual

O balanço atual do “Plano Mais Produção” no contexto da “Missão 4: Transformação Digital” apresenta os seguintes resultados e investimentos, considerando o período de 2023 a 2024:

1. Balanço do Setor Público (2023-2024)

BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) :

  – Investiu R$ 36,1 bilhões no “Plano Mais Produção” associado à transformação digital.

  – Destinou R$ 292 milhões para incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) através do Funttel.

  – Alocou R$ 656,7 milhões para expansão de fibra ótica e conectividade por meio do FUST.

FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) :

  – Concedeu crédito de R$ 2,8 bilhões para 377 projetos.

  – Ofereceu R$ 191,8 milhões em subvenções para 89 projetos.

  – Investiu R$ 52,5 milhões em Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e mais R$ 91,1 milhões aprovados para Centros Temáticos de Transformação Digital.

EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) :

  – Destinou R$ 480 milhões para Centros de Competência.

  – Contratou projetos de P&D&I no valor de R$ 61,1 milhões.

–  Total de Investimentos do Setor Público :

  – R$ 42,2 bilhões entre 2023 e 2024.

2. Anúncios para o Período 2024-2026

Investimentos e Medidas Planejadas :

  –  Lei de TICs e PADIS (PL 13/2020) : Crédito financeiro de R$ 21 bilhões.

  –  Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD) : R$ 30 bilhões para diversos setores.

  –  Crédito para Transformação Digital (FINEP) : R$ 4,5 bilhões.

  –  Subvenção Mais Inovação (FINEP) : R$ 270 milhões.

  –  Financiamento para Datacenters Verdes (BNDES/FUST MCom) : R$ 2 bilhões.

  –  Projetos de P&D&I (EMBRAPII) : R$ 420 milhões.

  –  Total de Investimentos Anunciados (Setor Público) : R$ 58,2 bilhões.

3. Investimentos do Setor Privado 

–  Contribuições Anunciadas :

  –  ABINEE : R$ 34,8 bilhões.

  –  ABISEMI : R$ 24,8 bilhões.

  –  P&D Brasil : R$ 16 bilhões.

  –  Amazon : R$ 10,1 bilhões.

  –  Total do Setor Privado : R$ 85,7 bilhões.

4. Total Geral de Investimentos na Missão 4 

–  Total Investido :

  –  Setor Público (2023-2024) : R$ 42,2 bilhões.

  –  Anúncios do Setor Público (2024-2026) : R$ 58,2 bilhões.

  –  Setor Privado : R$ 85,7 bilhões.

  –  Investimento Total : R$ 186,6 bilhões.

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3 Comentários

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  1. “Tecnologia é sempre ideológica”, diz o narrador de um vídeo interessante sobre a obra de Marcuse https://youtu.be/9ZCoLbEkAqs?si=w3Gcf5s5sm9l_IOK. Sim essa afirmação está correta, mas a verdadeira questão é a maneira como a tecnologia é percebida pela sociedade e como a sociedade cria e percebe a si mesma através de aparatos tecnológicos. Nesse sentido, nós podemos dizer que os computadores, redes de computadores, Tecnológias da Informação e Comunicação e Inteligências Artificiais são ideologia elevada à centésima potência, quer porque eles escondem sua natureza ideológica quer porque instrumentalizam uma determinada ideologia (a de que a engenharia pode ou deve substituir as ciências humanas e a política) de maneira extremamente consistente, onipresente e irresistível. O novo totalitarismo existe matematicamente e pode ser reduzido à fórmula “0 ou 1 e nada entre esses dois absolutos”. O homem unidimensional descrito por Marcuse virou o homem binarizado, criado em bolhas virtuais, radicalizados por IAs, organizados nas trilhas de transistores de bilhões de microchips e transmitids por cabos óticos de um lado para outro por todo planeta e além… Quem comanda o show horrores agora? Os barões dos dados e suas Big Techs. E não por acidente eles se comportam como donos do sistema mundo que inclui o capital, os dados, o hardware, o software, os dados produzidos pelos usuários, os resultados das experiencias e negócios feitos com a análise e mineração desses dados e as pessoas que paradoxalmente acreditam que são livres apesar de treinadas por IAs e induzidas a consumir coisas com evidente exploração algoritima de seus medos, desejos e ódios. Nesse sentido, o plano desenhado e colocado em prática por Lula comentado aqui desperta sentimentos ambíguos em mim. É difícil não imaginar o bem e o mal que ele pode causar à sociedade brasileira.

  2. Ridículo os valores para o tamanho do nosso atraso, se o juros da SELIC estivessem em linha com a realidade, e não com o mecanismo circular criado pelos bancos e rentistas, que tudo é motivo para aumentar o juros sem conexão com a realidade, teríamos 300 a 400 bilhões disponíveis para investimento na indústria e infraestrutura e não esses 30 a 40 bilhões, 10x abaixo da necessidade para transformação necessária.

    O país entrou em um espiral de degradação desde o início desses assalto financeiro, e Bolsonarismo, Marçal são apenas sintomas de doença maior.

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