Ontem foi anunciada a Missão 4 da Nova Industrialização Brasileira, a Transformação Digital.
Vamos a um raio-X recorrendo às ferramentas de Inteligência Artificial.
Metas de Transformação:
- Até 2026, transformar digitalmente 25% das empresas industriais brasileiras, assegurando a participação nos segmentos de novas tecnologias.
- Até 2033, aumentar essa porcentagem para 50%, visando a adoção simultânea de pelo menos três tecnologias como serviços em nuvem, ERP/CRM, Big Data, robôs de serviço, IoT e inteligência artificial.
Objetivos Estratégicos:
- Estimular a inovação e o desenvolvimento de tecnologias digitais para reduzir custos e acelerar a transformação digital no país.
- Focar em setores como semicondutores, robôs industriais e serviços digitais avançados para aumentar a competitividade e promover exportações de bens de maior valor agregado.
Investimentos:
- O plano inclui investimentos públicos e privados, totalizando R$ 186,6 bilhões destinados à missão. Isso inclui R$ 85,7 bilhões do setor privado e R$ 100,9 bilhões de iniciativas do setor público entre 2023 e 2026.
As cadeias de transformação digital na “Missão 4” do documento foram mapeadas visando identificar as oportunidades para o adensamento produtivo das cadeias industriais prioritárias no Brasil. O mapeamento foi realizado levando em consideração critérios políticos e técnicos para definir quais cadeias produtivas são mais promissoras.
- Critérios Utilizados para Identificação:
- Foram considerados diversos critérios objetivos, incluindo indicadores de capacidades internas já existentes no país, como vantagem comparativa revelada, exportações e proximidade produtiva.
- Indicadores de oportunidades de mercado, como importações, dependência externa, tamanho e crescimento do mercado, e oportunidades na América Latina.
- Indicadores de complexidade econômica e externalidades, como emissões e desigualdade de renda associadas à cadeia industrial.
- Principais Cadeias Mapeadas para a Transformação Digital:
- Semicondutores: Produção de chips e design in-house.
- Robôs Industriais: Inclui cobots (robôs colaborativos), manipuladores móveis, gêmeos digitais e robôs humanoides.
- Produtos e Serviços Digitais Avançados: Como serviços e computação em nuvem, plataformas digitais, indústria do audiovisual e de games.
- Objetivo do Mapeamento:
- O objetivo é estabelecer um foco claro para as missões da Nova Indústria Brasil (NIB), promovendo o desenvolvimento de cadeias produtivas que tenham maior potencial de crescimento e inovação, impulsionando a competitividade do Brasil no cenário global.
- As cadeias identificadas estão vinculadas às seis missões da NIB e ao Plano Mais Produção, alinhando-se também aos objetivos de adensamento do Novo PAC (CIIA-PAC).
O mapeamento das cadeias foi realizado sem hierarquia entre os critérios, permitindo uma análise abrangente para selecionar até três cadeias promissoras para cada missão, incluindo a missão de transformação digital NIB.
A estratégia da NIB
O estudo baseou-se nos quatro eixos do “Plano Mais Produção”, para promover a neoindustrialização e a transformação ecológica do Brasil. Estes eixos são:
Eixo 1 – + Inovadora e Digital
– Foco na inovação e na digitalização da indústria, visando impulsionar a competitividade e o desenvolvimento de novos setores industriais.
Eixo 2. + Verde:
– Promover a descarbonização da indústria, aumentando a contribuição do Brasil no combate à crise climática e gerando empregos de qualidade.
Eixo 3. + Produtiva.
– Melhorar a produtividade industrial por meio da inovação e da adoção de novas tecnologias, reduzindo custos e aumentando a competitividade da indústria nacional.
Eixo 4. + Exportadora:
– Expandir a participação da indústria brasileira no mercado externo, focando no aumento das exportações de bens com maior valor agregado.
Abaixo estão os principais aspectos da sua abrangência:
1. Setores Envolvidos:
– O plano abrange seis missões principais, que incluem:
– M1 – Cadeias Agroindustriais: Promoção de inovação e produtividade no setor agroindustrial.
– M2 – Complexo da Saúde: Desenvolvimento e fortalecimento da indústria da saúde.
– M3 – Cadeias de Infraestrutura: Modernização e aumento da eficiência nas cadeias de infraestrutura.
– M4 – Transformação Digital: Incentivo à digitalização e ao uso de tecnologias avançadas na indústria.
– M5 – Descarbonização: Redução de emissões e promoção de práticas sustentáveis no setor industrial.
– M6 – Soberania e Defesa: Fortalecimento das capacidades industriais de defesa e segurança.
2. Objetivos Estratégicos:
– O plano visa a neoindustrialização do Brasil, promovendo o crescimento econômico sustentável através da transformação digital, inovação, e descarbonização das atividades industriais.
– Promover a competitividade internacional da indústria brasileira, aumentando a participação no comércio global e exportações de maior valor agregado.
– Alinhar as políticas industriais às necessidades ecológicas e de sustentabilidade, gerando empregos de qualidade e contribuindo para o combate à crise climática.
3. Investimentos e Recursos:
– O plano prevê investimentos significativos, tanto do setor público quanto do privado, totalizando R$ 186,6 bilhões. Destes, R$ 85,7 bilhões são do setor privado e R$ 100,9 bilhões são de iniciativas do setor público.
– Inclui incentivos financeiros, subvenções, créditos e recursos para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), além de financiamento para infraestrutura verde, como datacenters sustentáveis e conectividade.
4. Escopo Temporal:
– As metas do plano estão distribuídas ao longo de diferentes marcos temporais, com objetivos principais para 2026 e 2033. Isso abrange um horizonte de planejamento e implementação de médio a longo prazo, permitindo adaptações e revisões conforme necessário.
5. Coordenação Multissetorial:
– Envolve diversos órgãos e instituições, incluindo BNDES, FINEP, EMBRAPII, e outros, para a implementação e acompanhamento das ações. A coordenação entre setores público e privado é essencial para garantir a execução eficaz das estratégias definidas.
Balanço atual
O balanço atual do “Plano Mais Produção” no contexto da “Missão 4: Transformação Digital” apresenta os seguintes resultados e investimentos, considerando o período de 2023 a 2024:
1. Balanço do Setor Público (2023-2024)
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) :
– Investiu R$ 36,1 bilhões no “Plano Mais Produção” associado à transformação digital.
– Destinou R$ 292 milhões para incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) através do Funttel.
– Alocou R$ 656,7 milhões para expansão de fibra ótica e conectividade por meio do FUST.
FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) :
– Concedeu crédito de R$ 2,8 bilhões para 377 projetos.
– Ofereceu R$ 191,8 milhões em subvenções para 89 projetos.
– Investiu R$ 52,5 milhões em Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e mais R$ 91,1 milhões aprovados para Centros Temáticos de Transformação Digital.
EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) :
– Destinou R$ 480 milhões para Centros de Competência.
– Contratou projetos de P&D&I no valor de R$ 61,1 milhões.
– Total de Investimentos do Setor Público :
– R$ 42,2 bilhões entre 2023 e 2024.
2. Anúncios para o Período 2024-2026
Investimentos e Medidas Planejadas :
– Lei de TICs e PADIS (PL 13/2020) : Crédito financeiro de R$ 21 bilhões.
– Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD) : R$ 30 bilhões para diversos setores.
– Crédito para Transformação Digital (FINEP) : R$ 4,5 bilhões.
– Subvenção Mais Inovação (FINEP) : R$ 270 milhões.
– Financiamento para Datacenters Verdes (BNDES/FUST MCom) : R$ 2 bilhões.
– Projetos de P&D&I (EMBRAPII) : R$ 420 milhões.
– Total de Investimentos Anunciados (Setor Público) : R$ 58,2 bilhões.
3. Investimentos do Setor Privado
– Contribuições Anunciadas :
– ABINEE : R$ 34,8 bilhões.
– ABISEMI : R$ 24,8 bilhões.
– P&D Brasil : R$ 16 bilhões.
– Amazon : R$ 10,1 bilhões.
– Total do Setor Privado : R$ 85,7 bilhões.
4. Total Geral de Investimentos na Missão 4
– Total Investido :
– Setor Público (2023-2024) : R$ 42,2 bilhões.
– Anúncios do Setor Público (2024-2026) : R$ 58,2 bilhões.
– Setor Privado : R$ 85,7 bilhões.
– Investimento Total : R$ 186,6 bilhões.
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“Tecnologia é sempre ideológica”, diz o narrador de um vídeo interessante sobre a obra de Marcuse https://youtu.be/9ZCoLbEkAqs?si=w3Gcf5s5sm9l_IOK. Sim essa afirmação está correta, mas a verdadeira questão é a maneira como a tecnologia é percebida pela sociedade e como a sociedade cria e percebe a si mesma através de aparatos tecnológicos. Nesse sentido, nós podemos dizer que os computadores, redes de computadores, Tecnológias da Informação e Comunicação e Inteligências Artificiais são ideologia elevada à centésima potência, quer porque eles escondem sua natureza ideológica quer porque instrumentalizam uma determinada ideologia (a de que a engenharia pode ou deve substituir as ciências humanas e a política) de maneira extremamente consistente, onipresente e irresistível. O novo totalitarismo existe matematicamente e pode ser reduzido à fórmula “0 ou 1 e nada entre esses dois absolutos”. O homem unidimensional descrito por Marcuse virou o homem binarizado, criado em bolhas virtuais, radicalizados por IAs, organizados nas trilhas de transistores de bilhões de microchips e transmitids por cabos óticos de um lado para outro por todo planeta e além… Quem comanda o show horrores agora? Os barões dos dados e suas Big Techs. E não por acidente eles se comportam como donos do sistema mundo que inclui o capital, os dados, o hardware, o software, os dados produzidos pelos usuários, os resultados das experiencias e negócios feitos com a análise e mineração desses dados e as pessoas que paradoxalmente acreditam que são livres apesar de treinadas por IAs e induzidas a consumir coisas com evidente exploração algoritima de seus medos, desejos e ódios. Nesse sentido, o plano desenhado e colocado em prática por Lula comentado aqui desperta sentimentos ambíguos em mim. É difícil não imaginar o bem e o mal que ele pode causar à sociedade brasileira.
Uma curiosidade: O Ministério da Educação tem alguma participação nisso tudo? Como serão formados os cientistas e técnicos?
Ridículo os valores para o tamanho do nosso atraso, se o juros da SELIC estivessem em linha com a realidade, e não com o mecanismo circular criado pelos bancos e rentistas, que tudo é motivo para aumentar o juros sem conexão com a realidade, teríamos 300 a 400 bilhões disponíveis para investimento na indústria e infraestrutura e não esses 30 a 40 bilhões, 10x abaixo da necessidade para transformação necessária.
O país entrou em um espiral de degradação desde o início desses assalto financeiro, e Bolsonarismo, Marçal são apenas sintomas de doença maior.