Deputados pedem que Janot investigue assinatura falsa em favor de Cunha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Um grupo de deputados do PSOL, Rede, PT, PSDB, PR e PSB entrou com uma representação ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para investigar a suspeita de falsificação da assinatura de um deputado aliado de Eduardo Cunha (PMBR-RJ), no seu processo de cassação na Câmara.
 
Os deputados pedem a investigação com base na reportagem da Folha de S. Paulo, desta quarta (09), que publica que peritos confirmaram a falsidade da assinatura do deputado Vinícius Gurgel (PR-AP), na carta em que ele renuncia à vaga de titular no Conselho de Ética. Ao jornal, os especialistas caracterizam a assinatura como uma “falsificação grosseira e primária”.
 
A possibilidade de falsificação seria mais uma manobra relativa ao processo de cassação de Cunha. O deputado aliado do peemedebista não estava em Brasília na madrugada em que o Conselho aprovou, por 11 votos contra 10, o parecer para a continuidade das investigações, do relator Marcos Rogério (PDT-RO). 
 
Buscando garantir que um dos votos permanecesse com a legenda (PR), Gurgel renunciou à vaga para que o partido indicasse outro nome – Maurício Quintella Lessa (AL) foi o escolhido, depois que a carta de Gurgel chegou ao Conselho. Lessa foi um dos 10 votos do parecer a favor de Eduardo Cunha.
 
Com a notícia publicada, integrantes do Conselho de Ética pediram abertura de sindicância para investigar na Casa se houve falsificação, nesta quarta (09). Hoje (10), outros 11 deputados enviaram uma representação a Janot, para que o procurador-geral apure o caso. 
 
A justificativa dada pelo líder Quintella foi que o deputado Gurgel encontrava-se doente, e que a discrepância da assinatura pode ter ocorrido “em função da ingestão de bebida alcoólica”. Já Gurgel afirmou ao Conselho de Ética que “assinou a carta às pressas”, antes de embarcar no Aeroporto de Brasília. Disse que toma remédio controlado, há 3 anos, e nesse dia também havia ingerido bebida alcoólica. “Eu quis que um deputado do meu partido votasse para assegurar o meu voto”, defendeu.
 
“Vamos abrir sindicância para apurar se os técnicos realmente revisaram esta assinatura. Naquela noite, alguns me questionaram, ao receber o documento da substituição, se havia um documento e a assinatura”, lembrou o deputado José Carlos Araújo (PR-BA).
 
“É algo que tem que ser apurado sob pena de ser acometida a probidade dos trabalhos do Conselho de Ética. Acho que isto é caso para polícia investigar, mas não pode o conselho deixar de tomar algumas providências internas”, disse o relator Marcos Rogério.
 
No pedido enviado a Janot, os deputados afirmaram que há a “necessidade de uma apuração dos fatos, que são graves e que se inscrevem no contexto das práticas de manobras regimentais, em benefício do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha”, com o objetivo de “retardar ainda mais a tramitação do processo por quebra de decoro proposto contra si no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar”.
 
Na representação, os parlamentares ainda ressaltam que “chama a atenção” a “quantidade de versões diferentes apresentadas pelo Representado [Gurgel] sobre o que poderia ter acontecido”.
 
Assinam o documento Ivan Valente (PSOL-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG), Betinho Gomes (PSDB-PE), Assis Carvalho (PT-PI), Alessandro Molon (Rede-RJ), Nelson Marchezan (PSDB-RS), Glauber Braga (PSOL-PA), Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Clarissa Garotinho (PR-RJ).
 
Leia a representação:
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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