Manobra de Cunha viabiliza que Legislativo inclua assuntos estranhos em MPs

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O presidente da Câmara decidiu que não vai mais retirar artigos adicionados por parlamentares a Medidas Provisórias que não tenham relação com o tema
 
 
Jornal GGN – A Medida Provisória (MP) é a norma legislativa mais rápida, que passa a vigorar imediatamente após a sua edição. O presidente da República é quem a define, mas para virar lei, precisa ser aprovada pelo Congresso. Quando chega à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, alguns parlamentares aproveitam a tramitação acelerada da MP – que além de passar a valer a partir da edição do presidente da República, toma ordem de prioridade nas pautas das Casas Legislativas -, para incluir artigos com temas diferentes, estranhos ao objeto da MP.
 
A situação vista com maus olhos foi resolvida por uma prática adotada pelo ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, que passou a retirar esses artigos que não tinham relação com o tema da Medida Provisória. Assim, esses temas só poderiam ser incluídos no texto por meio de recurso.
 
Mas na noite de ontem (20), o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), modificou a prática. Decidiu que não vai mais retirar os artigos. 
 
Cunha disse que pretendia rever a decisão por considerar que a Câmara não pode interferir em temas votados por deputados e senadores. A justificativa para a manobra de Cunha é que a Casa não teria poder administrativo sobre assuntos do Congresso. 
 
Em um primeiro momento, explicou que “a Presidência não vai mais julgar o mérito de matéria estranha de propostas que venham de comissão mista”. 
 
Depois, ao oficializar a nova norma em reunião com os líderes partidários, Eduardo Cunha passou a responsabilidade pela decisão de manter ou retirar os assuntos estranhos das Medidas Provisórias aos partidos que aprovam a matéria na Câmara e no Senado. 
 
“Na medida em que o Congresso delibera e retiro uma matéria, estou retirando uma matéria votada por uma comissão mista de deputados e senadores, e não me cabe fazer isso. Os partidos é que devem votar na comissão mista a respeito do que considerarem que é matéria estranha; não a Câmara”, justificou.
 
Na prática, qualquer assunto de interesse dos parlamentares da comissão mista que votam a Medida Provisória poderá ser adicionado, passando a valer em conjunto com a norma legislativa.
 
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), reagiu em protesto, questionando a decisão de Cunha e sugerindo que o presidente da Câmara se reúna com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para escolherem juntos um procedimento único. Para o deputado, a prática “persiste o descumprimento da Lei Complementar 95/98 [que determina que as leis tratem do mesmo tema]”.
 
Mas Cunha já decidiu: “vou mudar o procedimento de interpretação sobre matérias estranhas em MPs”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

12 Comentários

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  1. Nesse meio tempo mais de duas

    Nesse meio tempo mais de duas duzias de processos contra ele nao saem do judiciario.  E os da Lavajato nem sequer foram cogitados…

    O cara vai fazer um estrago enorme no Brasil.  A culpa nao eh so dele.

    1. estamos com uma certa

      estamos com uma certa dificuldade de impor limites a celerados, desde a atuação dos ministros e ministras durante o circo da AP 470. Agora, temos o moro e EC, funcionando como crianças mal criadas e birrentas. 

  2. Deus não é brasileiro!
         

    Deus não é brasileiro!

                   Quer dizer que agora deputados e senadores podem propor assuntos absolutamente desconexos com a matéria objeto de MP, cuja competência exclusiva é do Presidente da Republica, mas a a Câmara não pode interferir em temas votados por deputados e senadores. Se Deus existe, não é brasileiro, afinal todos os limites terrenos são ignorados, quando se trata de Eduardo Cunha. 

  3. COM CERTEZA

    Com certeza a culpa não é só dele, a culpa é do Janot que parece tartaruga  enrolando o processo contra esse brocutu achacador

  4. Só sai crocodilagem dele, é

    Só sai crocodilagem dele, é impressionante.

    Ajustar e criar leis incluindo, ampliando e igualando direitos nada.

    Este sr. é um atraso para o Brasil, quem não tira ele de lá é da mesma ‘tchurma’.   

  5. Cunha é parlamenrtarista.
     

    Cunha é parlamenrtarista.

      Se acostumem com ele.

      Vc não gosta dele? E nem eu,

     Mas a nossa presidente( tenho ojeriza de quem escreve presidentA)está ilhada.

        Dilma,neste momento,manda menos que a rainha da Inglaterra.

            Só pró forme.

          E olhe lá.

    1. Ela que pediu, o tratamento de presidenta.

      Você tem, ojeriza ou ódio mesmo é da Dilma. Ela pediu o ‘presidenta’ e explicou; é uma homenagem às mulheres.

      Anarquistas sériamente sionistas; são também o Jabor, o Boechat, e outros âncoras fascistas, todos eles endeusaram os black babaquaras blocs, que parece ser o seu caso. Cunha é um adorador de dinheiro, está lá só para faturar, quer fazer um shopping de luxo de um bilhão, num anexo à explanada dos ministérios, para ser síndico, tremendo ficha suja, que veio pelas ventas do Collor e do PC Farias. Inclusive demitiu o responsável, pela notícia da construção do shopping.

  6. o sábio mercenário

    É impossível ignorar o conhecimento e o domínio de Cunha em relação aos assuntos de leis, de normas e de procedimentos que são usuais e constantes no congresso nacional. Ele conhece os atalhos, os remendos, os venenos que paralisam e os remédios que ativam a reação. Eduardo Cunha é mais temido por ser um profundo conhecedor da máquina do congresso, do que por sua vocação mercenária.

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