A malícia e a burrice no golpe político e no golpe das corporações/geopolítico

Por Romulus

– O paralelo com a “mãos limpas” e a nova instrumentalização da burrice honesta pela malícia dos falcões do norte;

– As saídas “institucionais” (com aspas mesmo) para o golpe do parlamentarismo – coonestado pelo STF ou colocado como jabuti em referendo?

– Como diz o sub do sub americano: “as instituições estão – e estarão sempre que convir – funcionando”.

– A “Sarneyzação” do governo do golpe, o delírio de Margaret Thatcher e a provocação da festa dos ocupantes dos ministérios com suas bases.

Por Romulus

 

Já busquei contribuir para o aumento da malícia e a diminuição da burrice do lado legalista, democrático e de esquerda da sociedade compartilhando colocações do Ciro d’Araújo várias vezes no blog.

Uma dessas colocações é justamente a máxima que já está se popularizando entre os leitores:

– Não suponha malícia onde burrice explicaria. Pois malícia existe sim, mas burrice abunda.

Pois bem. Vou contribuir um pouco mais para o aumento da malícia no campo democrático reproduzindo comentário do Ciro ao post “Golpe usa tática de provocação orquestrada?”.

Ele traz uma complementação àquela máxima acima:

– Sim a malícia existe e a burrice abunda. Mas às vezes a malícia usa a burrice.

Ao comentário do Ciro que vai abaixo acrescento:

Infelizmente irretocável.

Vamos torcer para que expor o ardil – e com isso o desmoralizar – contribua para a sua dissuasão.

Infelizmente (2), como temos visto, desmoralização por si só não resolve quando abunda desfaçatez e cara de pau.

Dissuasão por desmoralização no Brasil de hoje é puro wishful thinking.

Alô, condomínio PMDB/PSDB! Alô, STF! Alô, PGR!

Resta torcer para que expor o ardil e desmoralizá-lo alimente a resistência na sociedade e dificulte a sua implantação.

É o que resta.

* * *

Por Ciro d’Araújo

Às vezes a malícia usa a burrice. A malícia existe, mas a burrice abunda.

Lembro da narrativa do antigo embaixador dos EUA na Itália faz da operação Mãos Limpas em seu leito de morte. Ele dizia que levavam a operação para onde queriam, sem os procuradores italianos nem perceberem, em sua gana moralizante, que estavam sendo manipulados na direção que interessava. A melhor e mais convincente negação é a negação honesta.

Acho que teremos eleições para presidente em 2018. Só não sei se o presidente vai mandar em alguma coisa.

Semi-presidencialismo à portuguesa (pode ser a opção para burlar o referendo) está ganhando cada vez mais força dentro do meio político.

Outra opção é meter o semi-presidencialismo num referendo junto com todo o resto da reforma política com um voto de SIM ou NÃO e criar maioria com isso, e com todo o apoio das “instituições funcionando” (marca registrada) para o seu proposito maior que é impor goela um programa eleitoralmente inviável.

Mas não temos que nos preocupar, pois as instituições estão funcionando, e o sub-do-sub-do-sub da casa branca vai poder responder a repórteres inconvenientes com essa frase.

* * *

>> E sobre a pergunta do título – Golpe usa tática de provocação orquestrada?

É provocação no sentido de que sobe ao poder um grupo que estava eleitoralmente apeado do poder durante os últimos 13 anos. Esse grupo, sem legitimidade eleitoral, começa a implantar seu programa social.

Agora essa provocação é muito mais fruto da ilegitimidade da figura do chefe-de-estado-de-exceção que não tem a menor autoridade para impor seja lá que agenda, muito menos para controlar essa tropa.

Afinal de contas a ‘legitimidade” que ele tem foi-lhe concedida justamente é por esses grupos que não levam a majoritária. Decorativo era, decorativo permanece. 

Articular todos esses grupos políticos exigiria um político à altura. O ocupante temerário do planalto só chega a altura de mordomo do congresso e não consegue mesmo criar uma agenda nem mesmo na única coisa que se espera dele, a economia.  Se a legitimamente eleita era uma Presidenta que governava, mas nunca presidia, o atual preside, mas não governa.

Não é a toa que o Financial Times diz que falta Temer-idade do governo interino.

Alias, perfeita a conclusão do artigo do M. Nobre no valor de hoje (ontem):

Se não quiser ter o mesmo destino de Dilma Rousseff, o que resta para Michel Temer é assumir sua condição de José Sarney. Os delírios de Margaret Thatcher podem bem animar plateias em palestras para investidores, mas não vão convencer quem não tem emprego, renda, ou remédio no posto de saúde. E o segredo do período Sarney é simples: aceitar a própria mediocridade, nunca criar expectativa alguma. Apenas fingir de morto e se esforçar para convencer de que não vai deixar a peteca cair de vez

E nisso os demais integrantes do governo-de-fato fazem a festa, ganhando pontos com suas bases para fortalecimento político futuro e não se importando com os desgastes que essa agenda específica impõe ao governo decorativo do interino poeta.

Redação

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Brasil, país estranho. Segue

    Brasil, país estranho. Segue em frente avançando para traz. O Estado brasileiro não é um Leviatã e sim um Curupira.

    1. Pois é, o estado “avança para

      Pois é, o estado “avança para traz”, mas temos visto que a nação avançou e continua avançando para a “frente”. Uma hora a corda vai arrebentar.

  2. Faltou um detalhe…

    Romulus,

    Se não quiser ter o mesmo destino de Dilma Rousseff, o que resta para Michel Temer é assumir sua condição de José Sarney. Os delírios de Margaret Thatcher podem bem animar plateias em palestras para investidores (…) E o segredo do período Sarney é simples: aceitar a própria mediocridade, nunca criar expectativa alguma. Apenas fingir de morto e se esforçar para convencer de que não vai deixar a peteca cair de vez”

    Além disso, pagar, agradar ou subornar as corporações públicas, com auxílios de toda monta, diárias, licenças-prêmio, viagens, cursos, 13º, 14º, 15º… salários, aposentadorias integrais, almoços no trabalho, carros oficiais, seguranças e todos os outros penduricalhos que lhes deem a ilusão de não pertencer à ralé, ou seja, todos nós “cidadãos” aos quais são vetados estes “privilégios”, pois não foram conquistados nem por concursos nem progressão na carreira, ou melhor, por meio do velho e bom “mérito”. 

    Pobre to interino: no afã de agradar a todos terminará sem agradar a quem quer que seja.

     

  3. Navalha de Hanlon

    Wikipédia

    Navalha de Hanlon é uma frase epônima que diz

    “Nunca atribua à malícia o que pode ser adequadamente explicado pela estupidez”

    A versão original em inglês é atribuida a Robert Hanlon.

     

    Apenas uma pequena contribuição para a discussão do assunto estupidez. Vou parar aqui por que no Brasil esta discussão resultaria eterna.

     

    Grande abraço. acompanho o seu blog.

  4. com o golpe desnudado, como

    com o golpe desnudado, como bem frisou o professor aldo e o mestre romulus,

    sobram delírios, burrices e até alguma malicia neste

    governo de notórios  incompetentes

    nele, governo golpista, ilegítimo, infame e demais adjetivos

    semelhantes e sucedaneos,

    cabem todos os absurdos do mundo….

  5. Estratégia Temer x apoiadores

    Atualmente o governo interino é refém de suas próprias ambições. Toda a luta desesperada para alcançar o poder, as conspirações sórdidas e a busca por apoio amplo resultaram na completa submissão  aos seus apoiadores. Neste momento,  todos aqueles que ajudaram na trama cobram sua fatia e, talvez, não haja espólio suficiente para alimentar tantas bocas.

    Em menos de 20 dias o governo já se mostrou fraco, sem rumo e susceptível à pressão. A busca por quadros femininos para ocupar o ministério, a volta atrás com a questão do Minc e a demissão de dois ministros, só demonstra a fragilidade de um governo que não é capaz de manter qualquer posição autônoma. O governo Temer é um governo sem base social, sem voto e que tenta se legitimar, única e exclusivamente, no apoio midiático, que não tem funcionado muito nesses primeiros dias de governo.

    Em relação a seus apoiadores, é a situação da amante que virou esposa e agora espera a fidelidade do marido.  Ao se aliar a toda espécie de vira-casaca, alguns que eram ministros até poucos dias da votação do impedimento e que passaram a opositores, não há como esperar fidelidade. Por isso, o governo dito de união nacional nada mais é que uma reunião de uma turma alijada do poder por falta de representatividade, mas agora detém a máquina pública para implementar uma política consecutivamente rejeitada nas urnas. A estratégia desta turma é: 1)fazer o pior diagnóstico possível da atual situação do Brasil, estabelecendo o discurso de “herança maldita” para que qualquer melhora possa ser atribuída a eles enquanto as mazelas ficam na conta do “lulopetismo”. 2) Enfraquecer o Temer que já não é capaz de se eleger nem para síndico de seu prédio e 3) Criar uma imagem de “salvador nacional” para que esta possa ser usada em 2018.

    Temer por sua vez é esperto, reluto em acreditar que todo este movimento de chegada ao poder seja para se manter no governo por dois anos com todo esse bombardeio em cima do governo. Acho que a estratégia de Temer está baseada no seguinte:

     Primeiramente, vale ressaltar que toda a maquiagem de legalidade dada ao processo de impedimento faz com que não se haja ainda um consenso, um senso comum condenando o processo como golpe institucional. Por mais que se debata o mérito do processo, toda a ritualística necessária foi seguida.

    Segundo, sua proximidade com o min. Gilmar Mendes são esclarecedoras. As grandes ameaças judiciais a seu mandato são TRE/SP,  a investigação das contas de campanha e a Lava Jato. Gilmar Mendes é o atual presidente do TSE e da turma responsável pelo julgamento dos processos da Lava Jato. Dá para matar 3 coelhos com uma malhetada.

    Terceiro, a depleção incendiária dos direitos sociais é totalmente inconsistente com a imagem de um governo que se diz de “união nacional”. O governo não fez questão de dialogar com ninguém e, em seus primeiros movimentos, fez de tudo para provocar os movimentos sociais, anunciando cortes sobre as classes mais vulneráveis e, além disso, indicou um Min. Da Justiça do tipo linha dura.  

    Por fim, o último movimento é a aproximação com as forças armadas, presente nas gravações que envolveram Jucá e na criação da GSI. Sem voto, a única esperança de manutenção do governo é o acirramento das tensões com os movimentos sociais, que vem sendo agravadas pelas provocações contínuas do governo.

    Ou seja, enquanto a tática dos “apoiadores” é enfraquecer o governo e se lançar na próxima eleição a tática do governo parece ser ocasionar um clima de conflito social no qual a utilização das forças armadas e corte de qualquer garantia democrática seja “inevitável”. 

  6. a burrice recorrente dos

    a burrice recorrente dos golpístas transforma qualquer malícia em infamia….

    logo, todo golpísmo é cavernoso por definição…

    TRO

    GLO

    BO

    DITA….

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador