Chefes dos Três Poderes divulgam nota em defesa da democracia; instituições e artistas repudiam terrorismo

Entidades e empresas também manifestaram repúdio ao ato terrorista em que bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes do governo.

Golpistas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto – Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), presidente do Senado em exercício, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), assinaram nesta segunda-feira uma nota em repúdio aos atos terroristas que destruíram o Congresso Nacional, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal no último domingo (8).

No documento, os chefes dos Poderes garantiram que estão tomando as providências institucionais garantidas pelas leis brasileiras e reiteram que “o País precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação”.

Crédito: Reprodução Twitter

Repúdio nas redes

As redes sociais, em especial o Twitter, foram tomadas por manifestações contrárias ao vandalismo praticado pelos golpistas em Brasília. Felipe Neto descreveu o episódio como terrorismo sem propósito. “Absolutamente nada pode acontecer que impeça o resultado da democracia de continuar. Nada. É apenas balbúrdia de baderneiros que resultará em prisões. E torçamos para que não causem mortes.”

Neto, aliás, tem ganhado cada vez mais protagonismo na política nacional e tem uma colaboração expressiva na identificação dos bolsonaristas envolvidos na barbárie de ontem.

O cantor Marcelo D2 chamou atenção para a resposta do poder público diante da afronta. “Imagina se fossem professores. Aprenda uma coisa, a polícia é dos brancos playboys, a polícia deles é para bater e prender a gente. Pobre, preto, trabalhador não pode contar com a polícia”, emendou.

Economista e ex-BBB, Gil do Vigor também associou o excesso de violência à letargia do governo. “Quando os estudantes pacificamente protestavam, eram tratados como bandidos, mas os brancos e ricos podem tudo, inclusive serem antidemocráticos e de fato criminosos. Mas como são brancos e ricos, tudo bem, vamos conversar, né? Uma vergonha! É revoltante ver a tentativa de destruição da democracia! Invasão no Congresso Nacional?! Isso é inaceitável!”, complementou o ex-BBB.

“Terrorismo não! Golpistas não passarão. Atos contra a democracia não passarão”, publicou a atriz Zezé Polessa no Instagram.

Entidades

Na avaliação da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), houve omissão e conivência do Governo do Distrito Federal na resposta aos atos de vandalismo cometido pelos golpistas. “A gravidade dos atos do dia de ontem não encontra qualquer espécie de paralelo na história nacional, exigindo dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e também das instituições que atuam no sistema de justiça, as mais enérgicas medidas de apuração e rigorosa punição dos agentes terroristas, em especial os mandantes financiadores das organizações golpistas.”

Já o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste afirmou que “a invasão dos grupos de vândalos e terroristas ás três casas que representam a nossa cidadania é a expressão máxima do desprezo por nossa instituições e do desrespeito à vontade popular.”

A CNseg reiterou que a depredação dos bens públicos é um ataque ao Estado Democrático de Direito e à sociedade brasileira, contribuindo para um atraso no crescimento do país, na geração de emprego e renda e na superação da desigualdade social.

Para o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás, “discordâncias políticas não podem transcender para atos de vandalismo, desrespeito às instituições e ao Estado Democrático de Direito, e destruição do patrimônio público”.

O Conselho Indigenista Missionário associou os atos à herança de destruição, fascismo e autoritarismo que o governo do anterior presidente da República legou ao país. “Além de um Estado arrasado, ele promoveu a divisão de famílias e comunidades e a manipulação das consciências, bem como a radicalização de uma extrema direita que defende a ditadura, a violência e o racismo”, informou a entidade em nota.

“Os atos atentatórios perpetrados contra o Estado Democrático de Direito estão longe de serem configurados como manifestações pacíficas e o direito de manifestação da liberdade de expressão, pelo contrário, são atos criminosos”, defende a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco).

Em nota, o Instituto Justiça Fiscal reitera que “o fascismo e o terrorismo precisam ser combatidos com o máximo de rigor e determinação por parte das instituições e todos os responsáveis por esses atos criminosos precisam ser submetidos ao devido processo legal.”

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns lembra que “depois de quatro anos de um governo hostil à Democracia e ao Estado de Direito, a sociedade brasileira e o governo legitimamente empossado devem cerrar fileiras e tomar medidas concretas de proteção da democracia brasileira.”

Além de exigir a identificação de penalização dos responsáveis dos atos contra a democracia, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) afirma que não aceitará retrocessos ou tentativas de golpe. “Com a eleição do presidente Lula, o Brasil entrou no clima da esperança e da reconstrução, pilares da defesa da democracia. A Fenae assume o compromisso de esforçar-se para reerguer o edifício de direitos e valores nacionais, com a urgência que o momento requer. O Brasil precisa voltar a ser dono de si mesmo e do seu destino. Precisa, aliás, atuar como um país soberano, conforme prevê a Constituição de 1988.”

A Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical) agradeceu as manifestações de solidariedade recebidas de líderes mundiais, organizações internacionais e mídias nacionais e internacionais. “Os gravíssimos crimes cometidos no domingo afastam-se dos preceitos constitucionais da liberdade de expressão e manifestação pacífica, constituindo-se em verdadeira afronta ao Estado Democrático de Direito e à democracia brasileira, construída ao longo dos anos com o esforço, dedicação e sacrifício do povo brasileiro.”

Para a Febraban, “as cenas de desordem e quebra-quebra perpetradas na tarde deste domingo (8 de janeiro) em Brasília causam profunda perplexidade institucional, que exigem firme reação do Estado”.

Reação do mercado

Diversas empresas também aproveitaram o episódio para manifestar repúdio. A Oxfam Brasil reiterou o compromisso com a democracia e classificou o ato terrorista como gravíssimo. “A invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília – o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) – é uma afronta à democracia brasileira. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas, não apenas aquelas que estão presentes ao ato, mas, principalmente, aquelas que estão financiando essas mobilizações antidemocráticas no País. Isso é inadmissível”, informa a nota da empresa.

Para a Natura, “os atos criminosos representam uma afronta à democracia brasileira, em uma tentativa de calar as instituições constituídas e silenciar os espaços públicos de diálogo.
As cenas a que assistimos neste domingo se opõem a nossas crenças e razão de ser.”

Já a Anistia Internacional Brasil exige investigações céleres, imparciais e efetivas, conduzidas pelas instituições competentes para que os atos deste domingo. “A invasão e depredação de prédios públicos, a destruição de documentos, violações da segurança e integridade física de jornalistas que acompanham os eventos e de agentes das forças de segurança que foram agredidos por extremistas devem ser investigadas. Tentativas de destruição e subtração de aparelhos e câmeras de profissionais de comunicação representam grave violação do direito à liberdade de expressão e de imprensa.”

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Camila Bezerra

Jornalista

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