Como os jornais internacionais noticiaram a tentativa de golpe no Brasil

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Teste de golpe", "vírus do Trumpismo", "populacho de Bolsonaro", "fraude eleitoral sem nenhuma evidência" foram algumas descrições

Reprodução jornais internacionais / Montagem GGN

As capas dos principais jornais do mundo manchetaram o terrorismo em Brasília, com a atentado de bolsonaristas contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo (09). “Ao estilo Capitólio”, “vírus do Trumpismo”, “populacho de Bolsonaro”, “fraude eleitoral sem nenhuma evidência”, “Brasil sitiado”, “teste de golpe” foram algumas das descrições.

“Multidão frenética invade o Congresso na capital brasileira”, trouxe o The New York Times com os bolsonaristas tomando a Praça dos Três Poderes na foto de capa do principal jornal impresso dos Estados Unidos. “Apoiadores de Bolsonaro alegam fraude eleitoral sem nenhuma evidência”, é a linha-fina.

“Brasil sitiado” e “o vírus do Trumpismo”, assim descreve na capa o italiando La Stampa, narrando “a investida de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em meio a atos de vandalismo e confrontos com a polícia” – “‘primos’ dos americanos de há dois anos, na ideia de que as eleições foram roubadas pela ‘esquerda’ mundial”.

“Milhares de bolsonaristas invadem o Congresso e o Supremo no Brasil”, é o título do espanhol El País, destacando que os radicais são “seguidores do ex-presidente brasileiro de ultra-direita Jair Bolsonaro”.

Do Reino Unido, o The Guardian compara imediatamente os ataques ao “estilo Capitólio” e chama os bolsonarisas de “populacho de Bolsonaro que invade o Congresso”, manchetando a vergonha internacional também na capa. “Apoiadores do ex-líder brasileiro Jair Bolsonaro no telhado do Congresso em Brasília ontem”, descreve a foto.

O também britânico The Times trouxe a foto dos bolsonaristas na capa do periódico, descrevendo que “os apoiadores de Jair Bolsonaro, ex-presidente de direita do Brasil” dizem “que a eleição do ano passado foi roubada”.

O francês Le Monde anunciou, também na capa do periódico, “a democracia do Brasil foi abalada pelo assalto ao coração do poder”, narrando “multidões de extrema-direita apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiram e vandalizaram as sedes das principais instituições do país”. Além da reportagem, o periódico da França dedicou um editorial sobre o Brasil: “Os perigos do populismo da extrema-direita”.

Os portugueses trouxeram nas capas de dois dos seus principais jornais as fotos dos bolsonaristas: “Apoiadores de Bolsonaro atacam o coração da democracia”, mancheta o Público, e “Bolsonaristas enfrentam a polícia e invadem Congresso no Brasil” no mais conservador jornal do país, Diário de Notícias, que detalha a “depredação” dos bolsonaristas.

Também dos Estados Unidos, o jornal conservador e para o público do mercado The Wall Street Journal também estampou os apoiadores de Bolsonaro na capa, chamando-os de “vestidos de verde e amarelo” que “invadiram os prédios governamentais mais importantes do país, quebrando janelas e móveis e rasgando documentos”.

“As autoridades brasileiras tinham dois anos para aprender o lições da invasão do Capitólio, e se preparar para algo semelhante”, foi a análise do cientista político Mauricio Santoro, dada ao norte-americano Los Angeles Times.

O terrrorismo no Brasil não deixou de repercurtir nos países vizinhos e América Latina. De conservador a progressista, todos os jornais da Argentina noticiaram o golpe nas capas. “Comoção no Brasil pela invasão ao Congresso por ativistas de Bolsonaro”, trouxe o mais conservador Clarín.

Já o La Nación é mais direto, com o olho “ATAQUE À DEMOCRACIA” e a manchete: “Teste golpista no Brasil: invadem o Congresso e a sede presidencial”.

Da mesma forma, o argentino Página 12 chama o episódio de “A sombra do fascismo”: “Uma horda de ultra-direitistas tomou em invasão o Congresso, o Palácio Presidencial e a Suprema Corte, exigindo um golpe militar. Depois de 4 horas, foram expulsos e há mais de 150 presos.”

Do Peru, o La República noticia que “fracassou a tentavia de golpe contra Lula” e o El Comercio fala em “caos”, “radicais” e “violência após uma semana desde que Lula assumiu outra vez a Presidência”.

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