“O que importa são as pessoas”, diz Amartya Sen

Vencedor do Nobel de Economia diz que justiça social não é uma fórmula abstrata e que intolerância política coloca vidas em ameaça

Foto: Wikipedia

O pensador indiano Amartya Sem afirma que o Brasil possui muito que ensinar ao mundo, e lembra que as pessoas são muito mais importantes do que a economia.

“Acho que o modelo econômico pode assumir muitas formas diferentes. O principal é até que ponto há justiça, até que ponto há oportunidade para diferentes pessoas participarem de um trabalho econômico que envolva todos nós. A cooperação econômica é certamente importante”, diz Sen em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Sobre o Brasil, o articulista lembra que o país tem muito que ensinar e que crescer enquanto combate suas desigualdades, assim como qualquer outro país.

“Justiça social não é uma fórmula abstrata. A justiça social é uma forma em que podemos ajudar uns aos outros, em que os ganhos que as pessoas obtêm podem ser compartilhados com outras pessoas”, diz.

Na visão do pensador, existem coisas muito mais importantes acontecendo no mundo, como as ameaças à vida por conta da intolerância política.

“A ausência de democracia, que infelizmente temos hoje em grande medida em muitas partes do mundo, nos deixa em silêncio uns com os outros. Não articulado, não aberto à conversa. Acho que isso poderia ser um fracasso radical da vida humana. Eu iria nessa direção. A questão do fracasso econômico me parece secundária”, afirma.

Sobre a política brasileira, Sen disse não ter acompanhado a corrida eleitoral, mas que tende a focar “um pouco mais naquelas pessoas que se preocupam com a equidade, com a justiça, e isso tende a me aproximar das preocupações que Lula tinha. Por outro lado, há problemas de ambos os lados, e devemos tomar nota disso”.

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Redação

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