Lembranças de Covas

Mário Covas representava, talvez com Franco Montoro, a coerência das linhas que formaram o então novo PSDB, um partido jovem que traria o melhor da esquerda moderada brasileira, mais interessada em modernizar o Estado, sem necessáriamente sucateá-lo, e as economia brasileira, permitindo o crescimento competitivo do país perante um mundo que se tornava, já em fins dos anos 80, globalizado.

Ao assumir o governo do Estado de São Paulo, Covas enfrentou graves problemas, a começar pela bancarrota do Estado provocada pelos governos anteriores, e em seguida problemas causados pelo próprio Governo do Presidente Fernando Henrique, que atrelou a rolagem da dívida do Estado à privatização do Banespa, ao comprometimento de parcela considerável da receita para o pagamento dessas dívidas, assim como o reajuste da mesma de forma a provocar seu rápido crescimento.

Ainda assim Covas teve força para sanear o Estado, deixando-o em boas condições para Alkmin, aliás, é da época de Covas os últimos exemplos de investimento real no metrô de São Paulo, com a ampliação da linha norte-sul (azul), do ramal paulista e da retomada da linha leste-oeste (vermelha), cujar novas estações após Itaquera foram incorporadas à CPTM, também é de sua gestão a melhoria e modernização do transporte metropolitano de trens, sucateado desde início dos anos 80.

Covas também deve ter ficado indelevelmente ligado a dois atos: ao enfrentamento pessoal dos professores do Estado, em frente à Secretaria da Educação, quando levou inclusive uma cadeirada (ele não mandava o pelotão de choque bater nos professores enquanto se escondia no Palácio dos Bandeirantes como um político célebre por suas fugas e mandatos deixados pela metade); e sua subida ao palanque para apoiar Marta, então candidata à Prefeitura de São Paulo, contra Maluf, a quem Covas sempre se opôs com coerência.

Gente como Covas, assim como Ulisses e Tancredo, nos fazem falta hoje, fazem falta à oposição, que se tornou um balaio de gatos e interesses mesquinhos e falta de coerência, com isso quem perde é o Brasil e seu povo, assim esperamos que o dia de hoje leve algumas das lideranças políticas mais jovens a refletir sobre coerência, ideologia e postura a serem adotadas no futuro.

Luis Nassif

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