
Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) concluiu que campanhas realizadas no combate à violência de gênero são muito genéricas e não surtiram efeito esperado.
A pesquisa coletou, através de uma busca sistemática, materiais digitais e impressos de campanhas dos anos 2000 até 2018. Folders, cartazes e vídeos, bem como buscaram materiais em ONGs, sindicatos, partidos políticos, Parlamento e nos órgãos executivos a nível federal, estadual e municipal de cidades com mais de 200 mil habitantes.
De acordo com a professora Clara Araújo, do Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da Uerj, e coordenadora do estudo, 88% do material coletado não teria um destinatário claro, ou seja, existe uma ineficácia no processo.
“Existe um compromisso da sociedade em combater a violência, mas essas ações [campanhas] são muito pouco destinadas às vítimas ou ao homem agressor.”, explica Araújo.
De acordo com a pesquisa, é importante que o público alvo seja melhor definido e estudado, para que as campanhas surtam o efeito esperado, que é a conscientização de que violência de gênero é crime e também sua erradicação.
Dados
Segundo o estudo, mais de 50% de todas as campanhas e ações de prevenção da violência que são produzidas, são realizadas pelos poderes executivo, judiciário e por organizações voltadas para mulheres.
Em apenas 25% das campanhas, há referência aos canais de denúncia, como o Ligue 180.
Para Clara Araújo, é fundamental que seja feita uma análise dessas campanhas. Dessa forma, o impacto e os resultados podem ser melhores na luta contra a violência de gênero.
Será que essas iniciativas não deveriam focar mais nas vítimas e perpetradores para se tornarem mais eficientes?”, questiona a professora.
Pesquisa
Os resultados da pesquisa serão apresentados entre os dias 05 e 06 de julho, no campus Maracanã da Uerj.
O estudo faz parte de uma parceria internacional com instituições acadêmicas da Espanha, de Portugal e Colômbia, que fizeram pesquisas similares.

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