Miguel Nicolelis e os múltiplos furacões que avassalam o sonho americano

Para o cientista, é como se o sistema norte-americano inteiro, como valores e o que eles chamam de democracia estivesse derretendo por dentro

Crédito: Reprodução/ TVGGN

O jornalista Luis Nassif realizou, na última semana, uma entrevista exclusiva com o médico e cientista Miguel Nicolelis, para comentar os riscos da ascensão da extrema-direita pelo mundo, em especial após a eleição de Donald Trump. 

Radicado nos Estados Unidos há 36 anos, o cientista ressalta que é como se o sistema norte-americano inteiro, como valores e o que eles chamam de democracia estivesse derretendo por dentro. “O país que eu conheci em 89 não existe mais.”

Entre os retrocessos estão o avanço do sentimento anti-imigração, ainda que todo o sucesso do país desde o século XIX seja resultado da imigração de cidadãos de todo o mundo. 

“Eu tenho grandes críticas a ambos os lados. Mas o Trump significa, na minha opinião, um fenômeno que eu descrevi nos meus livros, o último em 2020, de como um vírus informacional é capaz de infectar milhões de mentes e fazer com que essas mentes criem um supracérebro coletivo, que eu chamo de brain net,  que passa a acreditar em coisas que desafiam a realidade tangível, a realidade concreta.”

Nicolelis lembra que a economia americana foi, entre os países do G7, a que melhor saiu da pandemia. E que Biden recuperou a tragédia deixada por Trump. 

“E, de repente, as camadas mais prejudicadas, o extrato social mais perseguido, os afro-americanos, as mulheres, o que a gente chama da classe média baixa americana, que são as pessoas que realmente vivem de cheque em cheque, porque os brasileiros não têm ideia, não existe nenhum aparato de seguro trabalhista, nenhuma lei trabalhista de segurança. Se você é despedido nos Estados Unidos, você ganha duas semanas de pagamento e tchau. A maioria dos americanos não tem férias pagas, não tem seguro de saúde. E o que eu notei é que, se você vê a análise dos dados da eleição, o Trump teve um aumento de votos dos latinos, teve um aumento de votos dos homens afro-americanos.”

Para o cientista, o mesmo que aconteceu nos Estados Unidos deve se repetir no Brasil em 2026. “E vai ser brutal”, adianta o convidado. “Houve, nos últimos 10 anos, um casamento do Big Money com o Big Oil e o Big Tech. E eles basicamente decidiram que eles não precisam mais do Estado Nacional. Eles não veem barreiras para exercer o seu poder nas fronteiras nacionais, na Constituição.”

Assista a entrevista na íntegra:

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  1. O sonho americano é fazer guerras de rapina a fim de manterem padrões de consumo absurdos às custas das nações militarmente e da degradação do meio ambiente e das condições climáticas. É esse o sonho americano

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