Trump seria tão pior que Biden?, por Petronio Portella Filho

Para os americanos, sim. Muito pior. Trump vai governar para os poderosos, prejudicar os pobres e tratar aos pontapés os imigrantes latinos

(Arquivo) Donald Trump discursa para apoiadores em comício de campanha no Centro de Convenções Phoenix, em Phoenix, Arizona, em 29 out. 2016 (Crédito: Gage Skidmore/Flickr)

Trump seria tão pior que Biden? 

Por Petronio Portella Filho

Internamente, para os americanos, sim. Muito pior. Trump vai governar para os poderosos, prejudicar os pobres e tratar aos pontapés os imigrantes latinos otários que votaram nele. Vai cortar gastos sociais para diminuir os impostos. Vai piorar a concentração de renda dos EUA (que já é padrão Terceiro Mundo). Vai tentar destruir a democracia americana, que, segundo o ranking da Economist, já é “Imperfeita” (mesma categoria do Brasil) e está na posição 29, atrás do Chile. 

Mas, externamente, Trump não seria pior. Ele seria talvez pior que Kamala Harris, mas provavelmente melhor do que o atual presidente. 

Joe Biden é um defensor fanático da hegemonia americana. Ele vive num mundo unipolar. Ignora as decisões da ONU, as regras da Organização Mundial do Comércio e a Corte Internacional de Justiça (Tribunal de Haia). As embaixadas americanas interferem de forma ostensiva e rotineira nos países sedes. 

Biden apoia e financia o genocídio de Gaza, tentou expandir a OTAN até a Ucrânia, provocou a China se aliando a Taiwan e espalhando bases militares pelos países vizinhos. Para mim Biden é o Apocalipse Joe. Aumentou o risco de guerra nuclear ao máximo.

Que grande diferença Trump faria para o Brasil? Bem, eu tenho uma imagem dele diferente da dos fãs bolsonaristas. 

Trump não dá a mínima para bajuladores, especialmente os latino-americanos. É inescrupuloso e autoritário, porém pragmático. Trump é um típico magnata dos negócios. Não levou Bolsonaro a sério nem quando era presidente. Ele vai salvar Jair Bolsonaro da cadeia? Nos sonhos dos bolsominions. 

Biden foi melhor do que Trump aqui na América Latina? Melhor em quê? Joe apoiou o golpe da extrema direita no Peru, manteve as sanções que asfixiam Cuba e Venezuela, tentou derrubar Maduro, tentou desestabilizar os governos esquerdistas do México, Colômbia e Nicarágua. Se Biden interferiu menos que Trump-1, a diferença é imperceptível. 

Todos os extremistas trumpistas da América Latina foram apoiados sem ressalvas por  Joe Biden. O protoditador Milei, trumpista assumido, foi recebido de braços abertos. No Brasil, a embaixada americana soltou nota defendendo o trumpista Elon Musk quando ele anunciou que ia desrespeitar decisão do Supremo. 

Biden foi contra o golpe de Bolsonaro sim, mas por vingança. O Mito o acusou de fraude eleitoral e demorou 29 dias para reconhecer sua vitória. O homem mais poderoso do mundo não podia perdoar tal insubordinação no seu backyard

O sistema político americano é, na prática, uma plutocracia bipartidária. Só dois partidos — igualmente imperialistas — se revezam no poder. Aliás, é bom não esquecer que os dois últimos golpes de Estado que o Brasil sofreu tiveram a cumplicidade de presidentes democratas, Lyndon Johnson em 1964 e Barack Obama em 2016. 

Petronio Portella Filho é economista formado na UnB, com mestrado na Universidade de Minnesota e doutorado na Unicamp. Consultor concursado do Senado Federal, é autor dos livros A Moratória Soberana, Os Sapatos do Espantalho e Mentiras que Contam Sobre a Economia Brasileira.

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1 Comentário

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  1. Como diz Jack, o estripador, vamos por partes.

    Nenhum partido dos EUA governou para os pobres, e nunca se afastou dos poderosos.

    Nem Roosevelt, que tocou seu New Deal com mão de obra escrava, trabalhadores do sistema penitenciário dos Estados da federação.

    Foi no New Deal que houve um dos períodos de maior encarceramento, ou seja, criminalizar a pobreza para aumentar os lucros.

    Preso trabalhava de graça, ex preso trabalhava por um pouco e mais um nada.

    Outra coisa, os EUA não são e nunca foram uma democracia.

    Essa história convém para demarcar o campo pós II Guerra, e esconder a verdadeira história da vitória da URSS, e para contrapor o bloco soviético na guerra fria.

    Negros não votavam até 1960 e poucos.

    O gerrymandering ainda é uma forma de manipular e excluir eleitores.

    O sistema dos EUA funciona sim, mas não é e nunca foi democrático.

    Biden e Trump são a mesma porcaria.

    Biden é um EUA que fala manso e bate com a mesma força que o boquirroto do Trump.

    Não esqueçamos, foi no governo Obama que a lava jato fez a festa por aqui.

    Biden não moveu uma palha contra Netanyahu
    Foi com Clinton os desastre dos Balcãs e da Somália.

    É tudo a mesma porcaria e fica esse bando de colonizados procurando diferença.

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