Taxação dos EUA busca controle do jogo comercial no mundo. Como fica o Brasil?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Aumento da tarifa sobre o aço brasileiro por Trump é pressão para controlar as regras do jogo. Confira o que disse a Casa Branca.

Foto: Ricardo Stuckert PR e Reprodução NPR / Montagem GGN

O aumento da tarifa sobre o aço brasileiro por Donald Trump nos Estados Unidos é um tipo de pressão comercial norte-americana que visa, entre outras coisas, permitir melhores condições para o mercado norte-americano e o domínio dos EUA nas regras do jogo comercial no mundo. Diante desta estratégia, o governo brasileiro entra no jogo de articulações e tenta diplomaticamente reverter o cenário.

Em última instância e na prática, o aumento de 25% nas taxas de importação destes materiais brasileiros não é benéfico nem para os Estados Unidos. As estatísticas revelam que as indústrias norte-americanas sairão prejudicadas, porque dependem das matérias-primas importadas, incluindo o aço brasileiro.

Por isso, o objetivo de Trump vai além. E ele deixou isso claro no próprio decreto que aumentou a taxação de 25% sobre os produtos. No decreto publicado nesta segunda-feira (10), intitulado “Ajustando as importações de aço para os Estados Unidos”, Trump faz um balanço mundial sobre as exportações e importações de aço, com exemplos em cada um dos países, expondo o que ele considera como injusto economicamente para os EUA.

Ele dá exemplos de como as importações de aço de alguns países aumentaram, ao mesmo tempo que a compra de aço pelos EUA diminuiu. “De 2022 a 2024, as importações de países sujeitos a cotas (Argentina, Brasil e Coreia do Sul) aumentaram em aproximadamente 1,5 milhão de toneladas métricas, mesmo com a demanda dos EUA diminuindo em mais de 6,1 milhões de toneladas durante o período”, escreve.

E compara com a compra de aço do Brasil pela China, um país caracterizado por Trump “com níves significativos de excesso de capacidade” de demanda.

“As importações brasileiras de países com níveis significativos de excesso de capacidade, especificamente a China, cresceram tremendamente nos últimos anos, mais que triplicando desde a instituição desse acordo de cotas.”

Além do Brasil, Trump viu um suposto desequilíbrio comercial nas importações do aço pela Austrália, Argentina, Canadá, México, Coreia do Sul e países da União Europeia, colocando todos estes nos aumentos das tarifas de 25% sobre o aço importado pelos EUA.

De acordo com o novo mandatário, as vendas de aço por estes países, como estão, ameaçam a “segurança nacional” dos EUA.

“O Secretário também me informou que acordos alternativos com parceiros comerciais, incluindo Austrália, membros da UE, Japão e Reino Unido, foram menos eficazes em eliminar a ameaça de comprometimento da segurança nacional dos EUA do que a tarifa adicional proclamada”, expôs.

Em meio a esta decisão, as primeiras tentativas do governo brasileiro para impedir a taxação foram por vias diplomáticas, com representantes do governo Lula junto à Casa Branca.

Mas os argumentos de Trump de que os acordos bilaterais não seriam suficientes para evitar desgastes à competitividade norte-americana no mundo, destes materiais, acenderam o alerta do governo brasileiro de apresentar outras tratativas e negociações mais radicais.

Outro viés estudado foi a possibilidade de usar a mesma tática de Trump: aumentar as taxas de importação dos produtos norte-americanos pelo Brasil. A medida, contudo, poderia trazer mais efeitos negativos ao Brasil do que efetivamente pressionar o gigante comercial a reduzir as taxas do Brasil.

O governo Lula decidiu, assim, manter as articulações de forma pacífica e solicitou, inclusive, aos representantes das siderúrgicas brasileiras a não retaliar os EUA.

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12 Comentários

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  1. Muitos países estão sentindo na pele o que Cuba sofreu desde a década de 60 do século passado, ante a indiferença cúmplice da quase totalidade da comunidade internacional. E Cuba vai bem, obrigada, na medida do possível. Não manda armas nem munição para o mundo, mas exporta saúde.
    Viva Cuba!

  2. Enquanto os homens exercem seus podres poderes… Galípolo diz que até Caetano Veloso perguntou sobre atas do Copom: ‘Tem uma arte por trás de escolher as palavras’
    Presidente do BC relatou conversa com o cantor sobre dificuldades na comunicação do órgão com a sociedade. Para Galípolo, inflação ficará alta enquanto economia estiver aquecida.

    Então, Sr. Galípolo, arrefeçamos a economia. Matemos o cavalo a fim de livrá-lo do carrapato. Bota a economia no congelador das taxas de juro estratosféricas. Hum, hum

    O que tu nos diz, Ambar? E tu, Douglas da Mata?

    1. A sobretaxa imposta pelo cabelo amarelo dos falcões do norte tem efeito praticamente nulo,principalmente no Brasil.
      A manipulação da moeda podre deles praticamente neutralizou este índice de 25%. Em fevereiro de 2024,por exemplo, a moeda podre estava cotada aqui por quase R$5,contra os R$ 5,76 de hoje, ou seja 15% de diferença.
      O cabelo amarelo dos falcões do norte, assim como o ex-presidente ocupante da presidência da República em nosso país, vais ficar 4 anos fazendo espuma,jogando para sua torcida,prometendo,como sempre,um futuro que nunca chega. É olhe que é o mesmo golpe pela segunda vez. MAGA vai virar acrônimo de fracasso e mentira.
      Obama com seu quantitative leasing fez muito mais estragos do que o bufão do cabelo amarelo.

    2. Nassif já disse, Kliass, idem.

      E tantos outros.

      Fraude!!!?!

      Não há relação em aumento de renda, consumo e “inflação”.

      Assim como taxa de juro alta nem sempre repercute em “inflação” baixa.

      Vimos agora que o câmbio não obedece as regras que disseram que valiam para baixar…

      Não se explica tanta oscilação em 10 ou 15 dias, se a economia está quase a mesma.

      Ou seja, CRIME!!!!!!

      E com a cumplicidade DO GOVERNO E BACEN.

      Não vamos longe, no quadradinho do Bozo, a “inflação” explodiu a meta, os juros nos píncaros, e nada…

      Juro é para subtrair riqueza e transferir para o exterior, ponto!!

      Nós compramos dólar e o déficit estadunidense, ponto.

      Se este governo fosse governo, emitia moeda, afrouxava o compulsório, baixava quarentena nos contratos cambiais, e financiava a indústria e as importações com a economia que seria gerada com a queda dos juros.

      Ah, trocava os títulos lastreados em dólar por títulos em real, com mais emissão (as facilidades quantitativas ou em inglês QE).

      Quem não quiser trocar, só resgatará pelo dobro do prazo e com deságio de 15% ou 20%, ou o que for cabível.

      Deu ruim?

      Chama os BRICS, e sinaliza o fim do padrão dólar de troca.

      Cris uma moeda-mútua no bloco.

      A China, Rússia e etc têm quase tudo que precisamos importar.

      O sangue está na água, e se apontarmos o caminho, os EUA serão devorados.

      Quando você deve muito, acontece algo engraçado, que só o governo não vê:

      O credor tem pavor do calote, aí você usa o “medo” dele e renegocia.

      Mas, no hay gobierno.

      E se lo hay, no hay cojones.

    1. O que sempre quis sua elite? Não foi ser isso? Espanha, Inglaterra, Estados Unidos… estarão sempre a postos para rastejar. Por uns dólares a mais (vale títulos de nobreza espanhóis, Libras esterlinas) ou nem isso.
      ESSE PAIS É UM MILAGRE!

      1. José, não existem fronteiras nem nações, existem pobres e ricos.

        As elites serão sempre as mesmas, e se dividem, via de regra, em colonizadores e colonizados.

        Pobres, idem.

        Pobres dos países colonizadores têm uma vidinha um pouco melhor, mas ainda assim, serão pobres.

        Os daqui, nem se fala.

  3. United States of America
    Corrupt president donald trump
    You’re very crazy . . .
    You aren’t sleeping . . . and the white house still no one your submissive idiot plan . . . You dislike intervention at the american society customs . . .
    This was him first to deploy parachute an information . . . and alotta foul wonder . . . The most popular sports in united states of america mean stalk.
    Tell’em pets not allow here . . . Lemme see an eagles pooped him mouth . . . .
    What’s up . . . .

  4. Propriá-SE, só não é uma cidade fantasma porque foi encolhendo, relativamente, com as décadas, desde fins dos anos 1930.
    Já foi uma cidade fabril. Mas, o maquinário envelheceu; as leis trabalhistas se modernizaram… bem, Propriá, como outras cidades do Terceiro Mundo viu os benefícios da transferência do trabalho da Inglaterra – as fábricas – trocado pelo financismo de lá, de fins do século XIX, vencerem o prazo. E estagnou. Desde os anos 1940.
    O que os Estados Unidos tentam é voltar a ser a casa de fábrica do mundo. Produção de riqueza real. Produção. Como a Inglaterra, no pós-guerra, apostaram na força bruta para ganhar dinheiro com a cara, já que não tinha competidor. E entregaram o ouro aos chineses, que, sábios, explodiram sua bomba em 1964; e só em 1979, 15 anos depois, resolveram enriquecer. COM TRABALHO. E estão eclipsando “a América”, que, novo centro do império financista britânico, corre o risco de enterrar a civilização ocidental numa nova Idade Média.

  5. O Brasil tem que atiçar esse conflito e obter o melhor dele, é o que resta para nanicos geopolíticos como nós…sem FFAA, sem artefatos nucleares…

    Chama a China Rússia, Índia e etc, ameaça o calote nos EUA e nos credores dos fundos de hedge, bloqueia a saída de reservas, renegocia os títulos e converte em papéis garantidos em real e alonga prazos.

    Se os EUA ameaçar bloquear o país no sistema internacional de pagamentos, como fez com Venezuela e Cuba, toma as empresas dos EUA, e “importa” dólar em “cash” dos BRICS ou faz comércio em moeda mútua.

    Coloca uma base militar russo-chinesa em Alcântara.

    Outra no sudeste.

    Mais uma no Sul.

    Talvez uma na Amazônia.

    Manda todos os oficiais generais para casa, coronéis idem.

    Promove os majores.

    Acaba a coesão golpista em dez segundos.

    Todo mundo quer comandar…

    Em 15 min, os EUA mudam o tom.

    Mas, para tanto é preciso algo que não existe nesse governo emasculado: cojones.

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