Tribunal de Londres permite a Julian Assange recorrer contra extradição aos EUA

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

Decisão é uma vitória para Assange, já que nos EUA ele corre o risco de ser condenado a 175 anos de prisão

Julian Assange | Foto: Flickr Espen Moe

O Tribunal Superior de Justiça de Londres autorizou, nesta segunda-feira (20), que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, apresente recurso contra o pedido de extradição feito pelo Estados Unidos.

Esta decisão da Corte de Londres foi tomada após os juízes britânicos pedirem mais informações ao governo norte-americano e entender que as garantias dos EUA sobre o caso eram insatisfatórias.

A ação é uma vitória para Assange, já que o julgamento deste recurso é visto como a última chance do jornalista escapar da extradição aos Estados Unidos, onde ele corre o risco de ser condenado a 175 anos de prisão.

Os EUA acusa Assange de espionagem, por tornar públicos, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas do governo americano.

Segundo as autoridades, as revelações do WikiLeaks colocaram em perigo a vida dos seus agentes, porque publicou “indiscriminadamente e conscientemente” os nomes de fontes.

Agora, a defesa de Assange deve apresentarrecurso pedindo que ele não seja enviado aos EUA e que o julgamento ocorra no Reino Unido.

Prisão na Inglaterra

Assange foi preso pela polícia britânica em 2019, depois de passar sete anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, a fim de evitar sua extradição para a Suécia, onde enfrentou acusações de agressão sexual, que posteriormente foram retiradas.

O jornalista está há quatro anos na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no leste de Londres. Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os EUA. Porém, uma apelação americana fez com que, 11 meses depois, o tribunal anulasse essa decisão. 

Já em junho de 2022, o governo britânico aceitou sua extradição, mas Assange recorreu, o que atrasou a execução de sua entrega para os EUA.

A esposa do ativista, Stella Assange, declarou que o marido pode morrer se for extraditado aos EUA. “Sua saúde está piorando, física e mentalmente. Sua vida corre perigo todos os dias que ele permanece na prisão e se for extraditado morrerá”, disse Stella.

Assange tem nacionalidade australiana. Nos últimos meses, o primeiro-ministro Anthony Albanese e o Parlamento da Austrália aumentaram as pressões para que os EUA e a Inglaterra desistam da extradição.

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2 Comentários

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  1. Julian Assange conquistou hoje em Londres o direito de recorrer da decisão de extradição. Mas ele permanecerá preso até que a Justiça inglesa profira a decisão final no caso. Isso é bom. No entanto, parece que o sistema de justiça inglês está retardando a solução do problema na esperança de que a morte de Assange na prisão resolva o caso sem que os juízes precisem de dizer claramente que a liberdade de imprensa tem mais valor do que a ambição norte-americana de censurar o jornalismo.

  2. Considero justo que todos os ex-presidentes norte americanos e todas as ex-autoridades que participaram de seus governos, que por qualquer motivo alegado tenham desviado ou guardado documentos secretos fora dos arquivos oficias do governo norte americano. Afinal, que garante que esses outros, que não receberam nenhuma penalidade do governo, também tenham tornado público os documentos ainda que em números menores? Então, todos também deveriam merecer os mesmos 7 anos de prisão domiciliar, tempo em que Julian Assange se manteve na embaixada do Equador, em Londres, acrescidos dos 4 anos do tempo que ele se encontra trancado na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, também em Londres.
    Assim, alguém poderia até levar um pouco a sério o estúpido pedido de extradição a um jornalista que cumpriu dignamente a sua profissão de jornalista.

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