Fachin apresenta-se com “humildade” e “diálogo” para função de ministro do STF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ao defender a segurança jurídica, e posteriormente em resposta a um dos questionamentos, Fachin frisou duras críticas a juízes que se creem donos da Constituição
 
 
 
Jornal GGN – Uma das mais esperadas sabatinas a ministro do Supremo Tribunal Federal, de Luiz Fachin, teve início em sessão lotada, com 25 senadores inscritos e a presença de representantes de tribunais e de Estado, depois de uma hora e meia de discussão entre os parlamentares sobre o formato da condução das perguntas. “Aqui vos fala um sobrevivente. (…) Não me recuso aos desafios”, disse o indicado em discurso de abertura, apresentando-se com humildade para se submeter às questões e preparado para críticas.
 
“Tive desafios muito cedo”, afirmou, fazendo referência a um breve histórico de sua infância e adolescência, no trabalho como pacoteiro em loja de tecidos e vendedor de laranjas. “Muito cedo perdi meu pai, sobrevivi aos arroubos, sobrevivi fazendo crítica e autocrítica. Aqui me encontro, resultado de 57 anos de vida, firme nas minhas convições democráticas”, iniciou.
 
Fachin retomou seu passado, abordando situações pessoais e familiares para afirmar que seus mais de 30 anos de exercício profissional integram visões de mundo que têm relação com sua trajetória. “Integro uma geração que viveu uma juventude sem liberdade e democracia”, disse completanto, com emoção, que na infância amanheceu na lavoura, sofreu a estiagem ou o excesso de chuvas, as dificuldades de financiamento do campo. Lembrou-se de seus antepassados italianos, que vieram para “vencer a terra desconhecida”.

 
“Minha palavra às vezes seca, mas nunca sectaria, não me afastou ao diálogo, coerente com a formação cristã e democrática, pela ordem jurídica e pela justiça, no exercício da cidadania”, emendou.
 
Durante todo o discurso, Fachin frisou a “humildade” e o “diálogo” como definições da sua condução profissional e com que agora intenta aceitar o desafio do posto de ministro da Suprema Corte. 
 
Também aproveitou a fala de abertura para traçar um resumo de possíveis perguntas que viriam dos senadores. Ao abordar situações em que se posicionou favorável a “defender quem não tem oportunidade”, que democracia “significa liberdade de crença, pensamento e expressão”, também lembrou que sempre foi e é “contra qualquer forma de violência”. Fez sinal verde ao receio de parlamentares de verem questões de competência do Legislativo julgadas pelo STF: “o julgador nao pode e nem deve substituir o legislador”, afirmou. Defendeu valores da família, os direitos fundamentais, a “previsibilidade das leis” para os cidadãos e a “tranquilidade para a circulação de bens e dos negócios”.
 
Ao defender a segurança jurídica, e posteriormente em resposta a um dos questionamentos, Fachin frisou duras críticas a juízes que se creem donos da Constituição. “Com o devido respeito, ninguém é dono da Constituição, a não ser a propria Constituição e o poder delegado a quem pode alterá-la”. “O limite da toga é um limite imperativo. A consciência do juiz é a ordem jurídica”, defendeu.
 
Admitiu ter consciência do “momento singular da vida brasileira” e que não se recusou “a essa travessia”. “Se aprovado, terei o sadio orgulho de conviver do diálogo, com humildade, poderei integrar o tribunal que presta serviço a consciência jurídica. Vos fala um sobrevivente, homem simples, que crê no diálogo, pacificidade, progresso moral e material da sociedade. Espero estar a altura neste momento”, concluiu em seu discurso.
 
Em breve, novas informações.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Bons tempos o do Brindeiro…

    Pois é, Fachin é um bom nome para o STF garantista e solido que Dilma deseja. E é por isso mesmo que o senado, com seu presidente moralmente desacreditado, não o quer.

  2. Assisti ao discurso de

    Assisti ao discurso de Fachin, que revelou ter tido uma infância pobre e difícil. Num dado momento, parou, tomou água pra não chorar em prantos, pois estava engulindo as lágrimas. Neste momento recebeu aplausos da maioria. Como já tinha sentido o ânimo de alguns, prestei atenção pelo menos em três deles: Caiado, Aloysio Nunes, que estavam juntinhos na terceira fileira, e a Agripino, pelo meio. Todos se fingiram de mortos para não encostarem suas mãos. Na verdade Agripino, pra variar, não disfarça nada: é o que é, aquela coisa bem sem noção, como foi ao tentar humilhar Dilma, quando o tiro saiu pela culatra, deixando-o solitário na sua violência premeditada e idiota. 

    De cara, Caiado quis diminuir o Presidente da Comissão, por ele ser petista, dizendo que cinco minutos eram muito poucos para uma arguição daquele porte, mas que, segundo ele, poderria ser entendido como uma necessidade de pressa antes que alguma coisa saísse contrária ao Governo. Nesse rítmo foi que o latifundiário se colocou, pra politizar a indicação de Fachin.

    Aí, Aloysio, como o primeiro a arguir o indicado ao STF, entrou logo com duas questões constrangedoras para o sabatinado. Aquela já ensaiada por Ferraço se encheu de enfeites. O Senador não perguntou; afirmou que ele não tinha como explicar ser Procurador e advogado porque a constituição não admitie, e que ele já foi procurador, por isso sabe que a coisa tem que ser assim, e lá se foi com sua arrogância. As caras e bocas eram as piores já vistas. Depois, partiu por site que divulgou Fachin dando suas informações pessoais. No momento cheguei a pensar que Aloysio queria se referir a um dos blogues sujos, como este de Nassif. Ele citou o nome Peper (talvez). E quis saber: 1. quem o orientou a cair na rede naquele site, que é subsidia o PT, e 2. quem pagou a conta. 

    Fachin se sentiu muito mal com aquelas perguntas. Sobre o site ele prometeu levar maiores informações, pois sabia pouco para responder.

    Sorte do sabatinado veio logo após com Álvaro Dias, Este, desde quando Ricardo Ferraço levantou essa bola pra detonar contra Fachin, foi prontamente contra Ferraço e em favor do sabatinadode hoje.

    Valia a pena vermos as palavras de Álvaro Dias sobre Fachin. Ele foi exemplar como nunca vi. 

    Não assiti o resto, mas sei que Fachin deve ter passado maus-bocados com alguns nojentos.

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