Moro decide ir ao Senado e prestar esclarecimentos antes de ser convocado

Ministro se ofereceu para ir à CCJ, se antecipando a uma eventual aprovação de requerimento para convocá-lo; Clima no Congresso é de abertura de uma CPI

Jornal GGN – O ministro da Justiça, Sérgio Moro, se antecipou a uma eventual aprovação de requerimento para convocá-lo a prestar depoimentos no Congresso, depois do vazamento de mensagens trocadas entre ele, quando juiz da Lava Jato, e o procurador e coordenador da operação no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol.

Moro encaminhou à presidência do Senado uma mensagem que irá comparecer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa na quarta-feira da semana que vem (19), às 9h. O anúncio sobre a decisão aconteceu no plenário do Senado nesta terça-feira (11), pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O clima no Congresso é de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as irregularidades divulgadas por uma série de reportagens do The Intercept que começaram a ser publicadas na tarde do domingo (9). O portal de notícias aponta que Moro atuou diretamente junto ao Ministério Público Federal para montar as provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá e que resultaram na sua condenação.

Como juíz, Moro jamais deveria ter atuado como auxiliar de acusação. Além dessa irregularidade, trechos trocados entre o coordenador da Lava Jato no MPF, Deltan Dallagnol, mostram que o procurador tinha dúvidas quanto a consistência de provas contra o Lula e a propina da Petrobras horas antes de entregar a denúncia do caso triplex à Justiça.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, Moro escolheu ir à CCJ do Senado por entender ser aquele um território menos hostil que a Câmara dos Deputados. Na segunda-feira (10), Moro foi ao Congresso almoçar com senadores do DEM, PL (ex-PR) e PSC.

Também ontem, Moro divulgou uma nota confirmando a troca de mensagens diretas com Dallagnol, mas negando que o material revelado acusa “qualquer anormalidade ou direcionamento” da sua atuação como juiz. Os procuradores da Lava Jato também divulgaram nota acusando o vazamento das mensagens de “ataque criminoso à Lava Jato”.

A troca de mensagens divulgadas pelo The Intercept mostra ainda que Moro deu à Dallagnol conselhos, antecipou decisões e cobrou ações da força-tarefa.

O quadro levou a Polícia Federal a abrir uma investigação sobre ataques de hackers em celulares dos procuradores e pessoas ligadas à Lava Jato de Curitiba, Brasília, São Paulo e Rio. A empresa Telegram informou aos investigadores, entretanto, que não identificou nenhuma invasão dos seus servidores, contrariando a narrativa da participação de hackers.

Apenas poucos dias antes das matérias do Intercept, jornais divulgaram que o ministro da Justiça teve o celular invadido por hackers. Na coluna divulgada nesta segunda (10), Luis Nassif avalia que mais provável é que a denúncia da invasão de hackers tenha sido armação do próprio Moro, prevendo a série de reportagens que seriam divulgadas contra ele.

“Há cerca de duas semanas, o repórter Marcelo Auler já tinha ouvido boatos sobre um mega vazamento dos celulares dos membros da Lava Jato. Os boatos falavam de pânico nas hostes da operação. A denúncia de Moro, dias antes da publicação do Intercept, inclusive levantando argumentos de “segurança nacional”, pareceu muito mais uma jogada desesperada para ligar o caso a hackers e impedir sua publicação”, pontua o editor-chefe do GGN.

Nassif destaca que o material do The Intercept expõe o conteúdo de conversas em grupo.

“Chama atenção, no entanto, um diálogo informal entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, sugerindo que o dossiê traz também conversas entre duas pessoas. Então há possibilidade de se chegar a instâncias superiores que participavam do jogo – dos desembargadores do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), o Ministro Felix Fischer, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e algum Ministro do Supremo Tribunal Federal, em articulações individuais”, completa Nassif. Clique aqui para ler a coluna na íntegra.

Redação

10 Comentários

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  1. Começou a operação abafa…….se o pessoal do intercept não jogar algo bombastico, como escutas dos tribunais superiores, ou alguma armação escabrosa, vão começar a esfriar o caso…..
    A condecoração indecorosa ao marreco foi para produzir algo de positivo para ele, e não duvido que estão fabricando algum escandalo para mudar o foco……
    E aí Glenn??? Acelera……

    1. Se acelerar demais, satura a sociedade com a publicação de tantas canalhices. Quando os EUA atacam países e suas buchas de canhão voltam em paletós de madeira, há, inicialmente, uma grande comoção nacional por causa dos sacrifícios humanos no altar da guerra. Mas depois que começam a chegar muitos corpos de soldados mortos, aí a carnificina se normaliza. Vai devagar, quase parando, Greenwald

      O problema do Deltan Dallagnol e dos demais procuradores é ético, pois se eles são partes do processo, eles são parciais. Já a questão do $érgio Moro é jurídica. Ele não é parte.

  2. O CRIMINOSO moro procura afago entre os golpistas do senado (presidente simone tebes ,figurinha do MT descartável)depois de ter levado um surra.
    Mas,é só o início,ainda que seus parceiros de GOLPE tenham saído a defende-lo,o vilas boas,o Barroso,indicando que não querem (ainda) abandonar o seu camarada.
    Tempo ao tempo ,criminoso,estamos só no começo do fim.
    Savonarola está logo ali,na esquina.

  3. Apenas algumas das ilegalidades cometidas por Moro contra Lula:
    1- condução coercitiva – a lei prevê tal ato apenas quando o interrogado se recusa a comparecer ao juízo, o que não foi o caso. O juiz político procurou ofender a imagem do acusado, convocando parte considerável da mídia para o ato ilegal.
    2- grampo de conversa com a então presidenta Dilma – a lei prevê que apenas o STF tem poderes para determinar interceptação de conversa de Presidente da República.
    3- divulgação de conversa grampeada de Presidente da República – crime previsto em lei. Fosse nos EUA, o juiz político estaria preso.
    4- grampo de escritório de advocacia que defende Lula – até a operadora de telefonia avisou ao juiz político da ilegalidade, mas ele prosseguiu e mais, divulgou as conversas.
    5- grampo ilegal e divulgação de conversas de parentes de Lula – a investigação não pode ultrapassar a pessoa do acusado.
    6- interferência ilegal para descumprimento de habeas corpus expedido por instância superior – o juiz político de primeira instância ordenou desobediência à decisão proferida por desembargador do TRF 4.
    7- interferência para vetar Lula de conceder entrevistas. Até os verdadeiros criminosos, Fernandinho Beira Mar e Marcola, concederam entrevistas.
    8- Interferência no veto a Lula no comparecimento ao funeral de seu irmão – direito previsto em lei.

    1. A paixão doentia pelo Lula e pelo PT realmente deixa qualquer um totalmente fora da casinha! E cego intelectualmente! Pois não conseguem enxergar que o processo que encarcerou Lula e a cúpula do PT, apenas começou com Moro. Depois dele, o porcesso passou por mais duas instâncias superiores e por diversas tentativas da defesa de reverter a prisão. E em todas essas últimas, Moro não teve nada a ver com o resultado.

      1. Caifás apenas deu o pontapé inicial no processo que culminaria no Calvário, Crucificação e Morte de Jesus Cristo. Depois dele, o processo passou por Pôncio Pilato. Então Caifás não tem nada a ver com o martírio de Jesus Cristo, né, Rogério?

        Quantidade não implica necessariamente em qualidade. O sol não gira ao redor da Terra apesar da Humanidade ter acreditado nisso até Copérnico.

  4. Não existe nada melhor do que um labirinto para perturbar um saber reto e seguro…

    perdidos nas encruzilhadas do tempo, buscarão a salvação na política que sempre desejaram…destruir(?)

  5. Falavam aí que se fosse nos EUA o juiz seria preso e se um presidente dos EUA tivesse desviado os bilhões do erário público como foram desviados como idoforam no Brasil principalmente no período do PT do dito-lula o quese do atitudmesmo aconteceria?
    Nem os democratas de lá jamais teriam tido atitude

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