Focos de queimadas na Amazônia atingem maior número desde 2010

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Dos 46.022 focos registrados, 43% ocorreram em apenas dez municípios da Amazônia, cinco deles localizados na região da Amacro

Sobrevoo na região do Amazonas, Acre e Rondônia, em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento – a maior em 2022. | Foto: © Nilmar Lage / Greenpeace

O Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, divulgou os dados do Programa Queimadas que registra 33.116 focos de calor no bioma Amazônia, todos ilegais. O Decreto 11.100, que proíbe o uso de fogo na Amazônia e Pantanal, foi publicado em 23 de junho.

O número mostra que não existe uma política de combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia. O fogo, além de destruir a biodiversidade, enchem as cidades do entorno de fumaça e fuligem.

“Realizamos um sobrevoo de monitoramento de queimadas e desmatamento na região da Amacro (siglas de Amazonas, Acre e Rondônia), e flagramos o maior desmatamento da Amazônia no último ano: cerca de 8.000 hectares, equivalente a 11.000 campos de futebol queimando. Participo desses monitoramentos há mais de dez anos, e nunca tinha visto um desmatamento tão grande e também com tanta fumaça”, afirma Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.

Os focos registrados até 31 de agosto mostram um aumento de 16,7% em relação ao ano passado e maior número acumulado para o período desde 2019. Dos 46.022 focos registrados, 43% ocorreram em apenas dez municípios da Amazônia, cinco deles localizados na região da Amacro, que é considerada a nova fronteira de expansão da economia da destruição na Amazônia.

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Outro ponto a ser levado em consideração é o avanço das queimadas em terras públicas. Dos focos de calor, 13,8% ocorreram em Unidades de Conservação e 5,9% em Terras Indígenas. Outro dado preocupante é que ¼ do total das queimadas, ou 10.600, ocorreram em florestas públicas não destinadas. Ou seja, é o avanço da grilagem.

“Ao invés do poder Executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima e em combater o crime que avança na floresta – que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também, a imagem e a economia do país; ainda assim, tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas. Nosso país não precisa da aprovação destes projetos, mas sim de uma política que promova um real avanço no combate ao desmatamento, queimadas, grilagem de terras e que defenda os povos da floresta”, finaliza Rômulo.

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