Crise da carne: Agricultores franceses mantêm protestos mesmo após suspensão das importações do Mercosul

Centenas de trabalhadores vão às ruas manifestar contra as dificuldades econômicas, com uso de tratores e despejo de estrume

Foto A Voz do Xingu

Agricultores franceses entram nesta segunda-feira (25) na segunda semana de mobilização contra os acordos discutidos entre União Europeia e o Mercosul. As informações são do Le Monde.

Pelo menos 100 trabalhadores passaram a manhã de hoje pela prefeitura de Arras, com cerca de cinquenta tratores, despejando fardos de palha, paletes, pneus e estrume, segundo fontes locais.

A mobilização tem como mote as dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor agrícola, como a queda de receitas. Os produtores europeus reclamam que não têm condições de competir com os a América Latina, e também denunciam supostos descumprimentos de regas e exigências ambientais por parte dos membros do Mercosul.

“O ano foi catastrófico em muitas áreas (cereais, febre catarral ovina, etc.) nas explorações pecuárias. A única coisa que nos oferecem são empréstimos para reembolsar empréstimos (…) Sempre nos pedem mais produtos de baixo custo e isso não é possível, com padrões que são cada vez mais importantes para nós”, sublinhou Damien Salomon, co-presidente do CR du Pas-de-Calais.

Após a primeira semana de mobilizações contra o tratado de livre comércio que o bloco da União Europeia está negociando com os países latino-americanos membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), os sindicatos continuam suas ações para denunciar os “impedimentos”.

Os produtos franceses afirmam que querem “acabar com as transposições excessivas, acabar com as regulamentações que estão a destruir os nossos empregos (…) Hoje a agricultura tem três problemas essenciais: não há dinheiro, embora tenhamos tido um ano catastrófico em termos climáticos, há BTF [vacina catarral ovina] e preços que não são remuneradores”, descreveu um produtor em entrevista ao Le Monde

Na semana passada, o presidente da matriz francesa do Carrefour anunciou que a empresa não comprará mais carne dos produtores de países do Mercosul. No Brasil, as frigoríficas anunciaram suspensão das vendas para as unidades brasileiras do Carrefour. O Ministério da Agricultura e o Congresso trabalham numa resposta institucionalizada ao protecionismo francês.

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