Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Do iluminismo ao absolutismo, voltaremos?, por Rui Daher

Mesmo depois de quatro anos com o mundo de cara virada para nós, misturo mazelas daqui e de lá. Também nós merecemos

Instituto Ilumina

Do iluminismo ao absolutismo, voltaremos?

por Rui Daher

O colunista menor aqui, todos os amigos, leitores e leitoras deste GGN, no Brasil dos últimos quatro anos, puderam entender a expressão e a extensão que pode tomar o capitalismo financeiro, quando permitido chegar até o limite do obscurantismo.

Será que no atual governo iremos reaver um período mais próximo do Iluminismo?

Vocês estão confiantes ou o povo brasileiro gostou da experiência? Por desventura, estariam as trevas incorporadas em nosso DNA político, econômico e social, complementados pela nossa religiosidade enganosa e desviadora da coragem e da preservação de direitos individuais?

Presidente Lula e equipe, vocês não dariam um jeitinho (“coisa nossa”) de fazer o país voltar às calendas do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), “o despertar dos seres humanos para sua própria razão”? Fazer com que potentes holofotes agridam os conceitos absolutistas e os destravem da ganância do capitalismo selvagem e das religiões que o sustentam?

Entre os séculos 17 e 19, numa crescente virtuosa, discutia-se como manter o conceito divino pela razão e não mais por dogmas inquebrantáveis. Parece-me que, hoje em dia, a predominância dos ganhos financeiros para entesouramento das classes privilegiadas e seu desejo pelo supérfluo substituíram a razão que o Iluminismo buscava.

Questionar era necessário, mesmo que para as transformações guerras, revoluções, batalhas, trouxessem sofrimentos e mortes para o seio dos povos neles envolvidos.

Na filosofia, os franceses René Descartes (1596-1650) e Denis Diderot (1713-1784). Na economia, Adam Smith (1723-1790) e o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883). Mais de dois séculos até que tais contestações chegassem a tangenciar os ambientes sociais, liberdades individuais, e um olhar para a igualdade. A partir daí, povos criaram sistemas e organizações complexas, muitos ganharam independência. Estados e Governos, libertos do colonialismo, evoluíram.

Pensamos nós que “Assim Caminha[ria] a Humanidade”, não o filme norte-americano, de 1956, dirigido por George Stevens, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson, o Iluminismo substituiria os aspectos nefastos do Obscurantismo.

Assim deveria ser, mas não. São cada vez mais frequentes os governos que se organizam para anular os conceitos iluministas a favor de grupamentos humanos com poder para exercer interesses específicos em detrimento dos menos favorecidos.

É quando todas as inconveniências do absolutismo voltam a vigorar no Planeta Terra e, particularmente para nós, na Federação de Corporações Brasil de forma mais atrevida, sem caráter, desvinculada de qualquer pudor.

Mesmo depois de quatro anos com o mundo de cara virada para nós, misturo mazelas daqui e de lá. Também nós merecemos. Talvez, até mais.

Guerra e fome se misturam e corroem parcelas brutais de países ricos e miseráveis. O Haiti não é aqui, mas poderá ser. Pandemia ou dengue. Senzala e favela, menos que o excepcional samba de Wilson das Neves, Chico Buarque e Emicida é extensão do esgoto em que fizeram do Brasil. Inexcedível até hoje.

Invasões territoriais pelas potências de maior arsenal, guerras tribais, armas e assassinatos crescem em mãos adolescentes. As inovações tecnológicas a servir para ampliar o valor agregado do que poderia ser benesse para alimentar regiões famintas, doações supostas para desavergonhar os donatários, pequenas ao ponto de não cobrir o papel sanitário ou higiênico.

Caberia a mim alertá-los do retrocesso claro, evidente, varrido para baixo do tapete, da evolução conceitual proposta pelo Iluminismo para a evolução da humanidade, diante do Absolutismo que, sorrateiro, se aproxima?

E a cultura popular e a informação Redacional? Vergonha! Nossa excelência, de quem está chegando aos 70/80 anos de idade, próxima de acabar. Quando ativas, enterradas pelos patrões e suas agonizantes publicações. As artes surgem depois de um envolvimento vexaminoso com a crítica. Sobram os próximos defuntos com necrológios e homenagens antecipadamente produzidas pela TV GLOBO.

Não vislumbro ninguém a substituí-los com o mesmo nível de excelência.  

Pelo destaque que tenho na mídia corporativa, zero para este texto. Na digital, alternativa e descompromissada com a ganância financeira, pouquíssimo mais. Vejo no futuro Obscurantismo e Morte. Prefiro a segunda.

Rui Daher – administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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