Foto: Adriano Machado/Reuters
Jornal GGN – O empresário Joesley Batista confirmou algumas das suspeitas de que o ex-procurador Marcelo Miller teria usado de seu cargo para conseguir o acordo de delação premiada da J&F. As recentes afirmações de Batista foram dadas em depoimento à Polícia Federal durante mais de 10 horas nesta terça-feira (27).
Atuando no escritório Trench Rossi Watanabe, que presta serviços para o grupo dos irmãos Batista, Marcelo Miller já havia manifestado seu interesse publicamente em deixar o cargo no Ministério Público Federal (MPF), mas apenas se desligou oficialmente da Procuradoria-Geral da República em abril de 2017.
Em série de reportagens publicadas no último ano, o GGN mostrou que Miller já estava articulando o acordo de delação premiada da JBS e do grupo J&F antes mesmo de ser desligado (leia aqui).
A suspeita foi levantada não somente contra o próprio acordo em si, como uma tentativa de políticos e do governo de tirar a credibilidade das acusações dos irmãos Batista, que recaíram, sobretudo, contra Temer e sua cúpula do MDB, mas também contra as próprias táticas adotadas pela equipe de procuradores da Operação Lava Jato para fechar acordos com investigados.
Por isso, em seu depoimento à PF nesta terça, Joesley tratou de defender a idoneidade do processo em que resultou nas maiores acusações contra Michel Temer, seus ministros de governo e parlamentares da base aliada e próximos do mandatário. Para tanto, descreveu que Miller foi apresentado como “ex-procurador”.
“Marcelo Miller foi apresentado pela advogada criminalista Fernanda Tórtima como um ex-procurador já desligado do Ministério Público Federal sem qualquer vínculo com a Procuradoria[-Geral] da República”, afirmou o advogado de Joesley, André Callegari, que acompanhou o depoimento na sede da PF em São Paulo.
A PF tratou de tirar as dúvidas a respeito de possíveis irregularidades envolvendo o acordo de delação do grupo. Joesley e Saud tiveram o acordo rescindido e tiveram a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. Assim como ocorreu com o seu irmão, o acordo de Wesley Batista também foi quebrado.
Nesta segunda-feira (26), a PGR rescindiu o acordo de Wesley e do ex-executivo Francisco de Assis e Silva, alegando que eles teriam omitido de maneira intencional que o então procurador já prestava serviços para o grupo J&F antes de ser desligado oficialmente do MPF.
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