Moro já usou 3 desculpas diferentes para fugir das acusações de fraude em domicílio eleitoral

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Se Moro cometeu fraude no processo de mudança de domicílio, pode responder criminalmente e ainda ficar inelegível em 2022

O ex-juiz Sergio Moro dá risada e mostra os dentes durante uma coletiva de imprensa. Foto em plano fechado. Agência Senado.
O ex-juiz Sergio Moro durante coletiva de imprensa no Senado. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O ex-juiz Sergio Moro já usou ao menos três argumentos diferentes para tentar rebater os questionamentos sobre a mudança de domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo.

Moro e a esposa, a advogada Rosangela Moro, são alvos de uma notícia-crime que o Ministério Público Eleitoral de São Paulo já encaminhou para a Polícia Federal, determinando a instauração de inquérito.

Quando a notícia-crime surgiu, Moro foi procurado pela reportagem do GGN, através da assessoria de imprensa de seu partido, a União Brasil, para explicar quais as provas de vínculo com São Paulo havia apresentado à Justiça Eleitoral. A redação não obteve respostas.

Um dia depois, o advogado de Moro afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que o ex-juiz usava o Hotel Intercontinental, na capital paulista, como “hub” entre suas viagens a trabalho. Essa foi a primeira justificativa de vínculo com São Paulo dada em nome de Moro ao público.

Mas o MPE descobriu que, no cadastro na Justiça Eleitoral em São Paulo, Moro usou uma segunda desculpa para justificar a transferência de domicílio eleitoral.

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Apesar de ter trabalhado nos Estados Unidos, Moro alegou que a consultoria Alvarez & Marsal tem escritório em São Paulo, além de ter recebido honrarias de outros municípios do Estado. Já a esposa Rosângela alegou que prestava serviços jurídicos para a Casa Hunter, também com sede em São Paulo.

E, em vez de citar o Hotel Continental como “hub”, o casal anotou no cadastro que alugou um apartamento no Itaim Bibi, mas o contrato, segundo apuração preliminar, só foi assinado 2 dias antes de solicitar a mudança de domicílio eleitoral. A jurisprudência do TRF-SP exige que o eleitor comprove “residência mínima de 3 meses” no novo endereço.

Leia também: Surge a principal prova da suposta fraude eleitoral do casal Sergio e Rosângela Moro

Após descobrir que será investigado pela Polícia Federal por possível fraude, Moro lançou a terceira desculpa para justificar o suposto vínculo com São Paulo. Ele alegou que, na condição de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, adotou medidas que reduziram a criminalidade no Estado.

A argumentação ficou registrada em vídeo divulgado nas redes sociais nesta semana, onde Moro classifica a investigação como tentativa de intimidação.

O domicílio eleitoral regular é critério de elegibilidade para candidatos. Se Moro juntou aos autos do processo informações que não refletem a realidade dos fatos, pode responder criminalmente e ainda ser impedido de participar das eleições de 2022.

Leia mais:

1 – A lição de um promotor paulista a Sergio Moro

2 – Flávio Dino diz que Moro “assassina o Direito” para atacar Lula: “É constrangedor”

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