Nova saia justa de Moro em Portugal, que rejeita delação à brasileira

“Não defendo a delação premiada nos termos em que existe no Brasil", diz ex-procuradora de Portugal em evento com Moro

Foto: Diana Quintela/Global Imagens

Jornal GGN – Enquanto manifestantes protestavam contra Sergio Moro nas ruas de Portugal, o ex-juiz da Lava Jato participava de uma conferência com a ministra da Justiça Francisca Van Dunem, a ex-procuradora Geral da República Joana Vidal e outras autoridades, que discutiam o combate à corrupção.

Segundo relatos do site português Dinheiro Vivo, Moro enfrentou saia justa ao menos duas vezes.

Primeiro quando a ex-PGR Joana Vidal arrancou aplausos efusivos ao defender que os “movimentos democráticos” passem a se apropriar da pauta do combate à corrupção, hoje dominada por populistas de direita.

“Há uma ideia que tem vindo perigosamente a sedimentar-se: não podemos deixar que a corrupção seja um tema exclusivo dos movimentos autoritários e populistas. Há uma tendência para esses movimentos se apropriarem do tema da corrupção e fazerem dele a sua bandeira, quando o tema da luta contra a corrupção deve ser a bandeira dos movimentos democráticos. É por isso que acho importante que os agentes partidários tomem a luta contra a corrupção como desígnio, o que não tem acontecido”, alertou.

O segundo momento crítico para Moro foi quando as autoridades rejeitaram a hipótese de implementar em Portugal o uso de delação premiada à brasileira.

Não que Portugal repudie o instrumento em si, alertaram, mas não há consenso sobre como ele foi utilizado na Lava Jato.

A ministra da Justiça de Portugal sustentou, por exemplo, que o debate sobre a delação seja “alargado” antes de qualquer lei ser aprovada.

Para ela, “as democracias devem respeitar as suas regras, mesmo no combate corrupção”, e se o sistema de Justiça português puder “identificar onde temos falhas, não precisamos de avançar para soluções de excepcionalidade.”

“O combate à corrupção é uma equação complexa. Mas é bom não abdicar dos princípios da democracia porque senão um dia destes estamos a discutir a pena de morte outra vez. É preciso combater a corrupção? Sim. São precisos mais e melhores meios? Sim. Mas usar meios cuja necessidade não esta objetivada não é para mim comportável”, sublinhou.

Já a PGR Joana Vidal afirmou: “Não defendo a delação premiada nos termos em que existe no Brasil. Cada sistema tem os seus princípios. Mas é possível avançar nesse aspeto. A nível europeu, por exemplo, foi aprovada a diretiva de proteção do denunciante. A colaboração premiada em Portugal vai ser um debate próximo e temos condições para o fazer, respeitando os princípios fundamentais”. Leia mais aqui.

Quer saber mais sobre as passagens polêmicas de Moro em Portugal? Separamos alguns links para leitura:

“Como juiz, indigno. Como político, medíocre. Como pessoa, lamentável”

Ex-primeiro ministro de Portugal chama Moro de ‘ativista político’

Portugal é um estado de direito, doutor Moro…, por Manuel Carvalho

Redação

5 Comentários

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  1. Só se for lá fora pra que este crápula do direito torto do brasil ouvir as verdades que aqui estes fdp da mídia e do judiciário escondem. Que vontade de estar lá e e enxovalhá-lo de ovos podres..

  2. “as democracias devem respeitar as suas regras, mesmo no combate corrupção”, e se o sistema de Justiça português puder “identificar onde temos falhas, não precisamos de avançar para soluções de excepcionalidade.”
    mandou bem, lá respeita-se a constituição…

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