Xadrez de Bolsonaro, o julgamento de Lula e o golpe, por Luis Nassif

A única certeza que , se a cabeça do bolsonarismo não for decepada agora, pelo julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, há o risco concreto de que, dentro de algum tempo, a confluência de forças permitir a ele completar o golpe militar que tentou há semanas contra o Supremo.

Mais do que nunca, não dá para separar o cenário econômico do político.

No quadro atual, há as seguintes variáveis influenciando o jogo político.

Peça 1 – O fator Bolsonaro

Não há a menor dúvida que, havendo condições objetivas, Bolsonaro dará o golpe. As condições estão sendo preparadas da seguinte maneira:

Grupos militares – Recente pesquisa publicada pela revista Piauí, em cima de perfis de policiais militares nas redes sociais e em WhatsApp mostra um acirramento cada vez maior do discurso de radicalização dos quadros bolsonaristas na base das policiais. Se o WhtatsApp foi capaz de articular públicos difusos pelo país afora, mais facilmente conseguirá ser instrumento de articulação de corporações militares,

Grupos paramilitares – Continua entrando armamento abundante no país que vai para dois grupos centrais de apoio a Bolsonaro: Clubes de Tiro e milícias. Reforça o que foi manifestado pelos Bolsonaros desde os primeiros dias de governo: a defesa do projeto Bolsonaro estará nas mãos dos seguidores armados e na cooptação dos militares, através de emprego na máquina pública, assim como ocorreu na Venezuela.

A renda básica – embora a renda básica de R$ 600 tenha sido proporcionada pelo Congresso, Bolsonaro percebeu seu potencial eleitoral e deverá avançar nessa direção. As primeiras pesquisas mostram que está começando a romper a resistência das classes de menor renda. É um passo que poderá moldar seu populismo de direita, sobre o qual se falará mais adiante.

Peça 2 – O pacto nacional

O aguardado pacto político nacional está longe ainda de se concretizar. Em parte pela falta de lideranças aglutinadoras do centro-esquera e centro-direita. Há um vácuo de interlocutores, mesmo ante a ameaça crescente de Bolsonaro liquidar de vez com o que resta da democracia brasileira. E o ponto central é a barreira entre grupos de centro-direita – representados pela mídia tradicional – e o lulismo.

Uma das maneiras de destravar esse impasse seria a votação pela suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, liberando Lula para reaglutinar as forças de centro-esquerda.

Hoje em dia, há um início de descongelamento nas relações mídia-lulismo, exposto em editoriais endossando as acusações de suspeição de Moro, ou admitindo o voto do STF nessa direção. É pouca coisa ainda, são apenas indícios, mas relevantes por significar uma brecha no antilulismo arraigado dos grupos de mídia.

Para o STF aceitar a suspeição de Moro, basta apenas vontade política, o endosso de outras forças que participaram dos golpes institucionais dos últimos anos e a constatação de que, sem retomar os valores da imparcialidade e da defesa radical da Constituição e da democracia, o STF não resistirá aos avanços do bolsonarismo.

Peça 3 – a suspeição de Sérgio Moro

Todas as acusações contra Lula se basearam em uma tramoia da seguinte ordem:

1. Em qualquer parte do mundo, presidentes definem as estratégias econômicas e políticas de um país.

2. Essas estratégias gerais beneficiam grupos específicos. A guerra contra o Iraque, por exemplo, beneficiou empreiteiras americanas ligadas a políticos influentes. Antes, a guerra fria beneficiou o complexo industrial-militar. As políticas de desregulação da era Clinton beneficiaram o setor financeiro, assim como as de Fernando Henrique Cardoso no Brasil. As políticas de campeões nacionais de Lula beneficiaram as empreiteiras e fabricantes de proteína animal.

3. Os setores beneficiados têm interesse em manter a influência política dos presidentes, mesmo após o final de seu mandato. E a maneira de isso ocorrer é através do financiamento de suas fundações ou de mimos aos presidentes. Pode configurar falhas éticas, mas jamais crimes. Para haver crime, a contribuição tem que estar associada a um benefício direto recebido pelo doador.

A Lava Jato – com a complacência geral da mídia e dos tribunais superiores – cometeu duas desonestidades processuais óbvias:

1. Criou a figura da lavagem de apartamento.

Não encontrou nenhum documento que mostrasse que Lula tinha a propriedade do triplex e do sítio de Atibaia. Criou, então, essa excrescência jurídica da “lavagem de apartamento”. “Lavagem de dinheiro” consiste em esconder a propriedade de dinheiro em contas offshores, em nome de “laranjas”. A lavagem se dá com os chamados “bens fungíveis”, isto é, que podem ser trocados em qualquer parte do mundo. Dinheiro é bem fungível, assim como obras de arte.

No caso do triplex, a propriedade continuava sendo da OAS, a empresa construtora. No caso do sítio, dos Bittar, conforme comprovado no contrato de compra e na demonstração do pagamento.

Conclusão da Lava Jato: ao não passar o certificado de propriedade para Lula, a OAS estava lavando o apartamento para ele. Trata-se de uma conclusão aceita pelo TRF4 que desmoraliza o direito penal brasileiro no mundo.

2. Criou vínculos artificiais com contratos.

A segunda manobra foi pressionar delatores a criar vínculos entre contratos obtidos no governo Lula e os mimos oferecidos pelas empreiteiras, como a reforma do sítio para usufruto de Lula.

A maneira como a Lava Jato forçou esses vínculos se constituem em uma mancha na história jurídica do país – por ter sido coonestada por tribunais superiores. Jogou executivos na cadeia e apresentou como alternativa para sua libertação uma declaração qualquer afirmando que houve a barganha entre uma obra específica (que custou pouco mais de um milhão) e contratos (na casa dos bilhões).

Lula continuou sendo uma personalidade relevante para as empreiteiras brasileiras, tanto na África quanto em outros países da América Latina. Apoiar o Instituto Lula era relevante para os planos de negócio das empreiteiras, dentro da diplomacia comercial brasileira.  Prova maior foi um e-mail de um executivo da Odebrecht sugerindo que, em uma viagem a país da América Central, Lula desse uma força para a empresa, que tinha planos de entrar na região. Era a prova maior do interesse da Odebrecht na influência política de Lula. Mas tratou-se o e-mail como escândalo.

Ao sair da presidência da República, a primeira palestra paga de FHC foi para a Ambev, pelo cachê de US$ 250 mil. Bastaria torturar um delator e afirmar que foi pagamento pela aprovação da compra da Brahma pela Ambev, alguns anos antes, para condenar FHC.

Peça 4 – o fator Lula

É possível que, finalmente, o STF corrija essas aberrações. Do lado da mídia, já há sinais de apoio ao restabelecimento dos princípios jurídicos e do fim da perseguição a Lula, em editoriais, matérias de colunistas. Mesmo porque, essa lógica canhestra está se voltando contra seus próprios aliados políticos. E a ameaça à democracia deixou de ser as fantasias em torno das FARCs para se transformar em ameaça concreta, das milícias bolsonaristas.

O desimpedimento de Lula poderia ser relevante para a montagem do pacto nacional.

Embora alguns analistas insistam em analisar o potencial político de Lula, a possibilidade de uma candidatura Lula é remota. O antilulismo, plantado em anos de discurso de ódio, continua sendo uma força relevante junto à classe média. E o avanço de Bolsonaro sobre a renda básica poderá reduzir parte da base eleitoral lulista nas classes de menor renda.

Mesmo assim, a expectativa de uma mudança no status político de Lula poderá acelerar contatos com forças de centro, visando a constituição do aguardado Pacto de Moncloa nacional.

Peça 5 – o fator campeão branco

Por trás de toda essa movimentação está a incapacidade de se gerar um candidato de proveta de centro. E, cada vez mais, Sérgio Moro está sendo visto em sua verdadeira dimensão: um político menor, de província, mas com enorme potencial de tentar recriar o autoritarismo bolsonarista, no caso de esvaziamento do bolsonarismo histriônico atual.

A fantasia Luciano Huck, submetido a um curso de madureza política, se dilui quando a pandemia mostra a dimensão dos desafios que vêm pela frente. E, a cada dia que passa, o poder de influência da mídia vai se tornando menor, quadro agravado pela crise econômica inédita, similar à de 1999.

Daí a necessidade imperiosa do descongelamento das relações com o centro-esquerda, dentro de uma estratégia de detente que permita salvar a democracia brasileira.

Peça 6 – Bolsonaro e o populismo de direita

Todos esses movimentos poderão ser inúteis se Bolsonaro pegar a embocadura política. A estratégia que se delineia é a seguinte:

1. Bolsonaro fecha a boca e substitui as conclamações à sua base por políticas sociais concretas, como a tal renda básica. Enquanto isto, usa as redes de WhatsApp para mobilizar suas milícias para a guerra.

2. Assim como entendeu a utilidade eleitoral da renda básica, acabará substituindo a fantasias das reformas de Guedes, por injeção na veia dos gastos públicos visando reativar a economia. A premência política ajudará a sepultar o terraplanismo ideológico de Guedes.

Até agora todos apostaram na imbecilidade flagrante do bolsonarismo. Mas até os imbecis aprendem, ainda que ao custo de mais de 100 mil mortes. E, com as esperanças nacionais na lona, qualquer respiro de esperança terá efeito eleitoral fulminante. Casará o discurso moralista, preconceituoso, de ódio, como o da esperança de superação da crise que ele mesmo engendrou.

Peça 7 – um cenário inconclusivo

É tal a quantidade de variáveis em jogo, de tendências não definidas, que se torna impossível um cenário claro pela frente – ainda que amarrado em variações de probabilidade.

A única certeza é que , se a cabeça do bolsonarismo não for decepada agora, pelo julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, há o risco concreto de que, dentro de algum tempo, a confluência de forças permitir a ele completar o golpe militar que tentou há semanas contra o Supremo.

Luis Nassif

27 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “O aguardado pacto político nacional está longe ainda de se concretizar. Em parte pela falta de lideranças aglutinadoras do centro-esquerda e centro-direita. Há um vácuo de interlocutores,…”

    Incompetencia politica teu nome e Gleisi e o sobrenome Hoffman. Se o PT acha que a Gleisi vai fazer algo que não seja a seu favor e da mediocridade que é a sua Presidencia, desista. Idem pro Ciro.

    Tô defendendo ha tempos que se junte todo mundo de novo num Partido só pras divergencias serem acertadas na luta interna e que depois saia todo mundo numa so direção.

    E a perspectiva dum golpe esta logo ali na frente portanto urgente todo mundo parar de brincar de ser Oposição.

    1. Será que vivemos de fato o fim das grandes narrativas ideológicas, a hora da desautorização generalizada? A hora do desencanto ideológico já não vinha há algum tempo sendo aguardada? A hora do desencanto ideológico já não está há algum tempo em contagem regressiva? Zizek em sua extensa obra recusou a tese de que hoje em dia teríamos “desmamado” da ideologia mesmo sob o juízo crítico do pensamento pós-moderno.

      A crença, a suposição na existência de uma lógica anterior, de um saber anterior, a crença própria do discurso religioso, a crença no discurso ideológico sem a devida experiência na prática, representa o obstáculo à emergência do ato de alcance emancipador.

      :: Leia também: A angústia dos sábios I’ (CLIQUE AQUI)

      A “interpassividade” traz resultados críticos muito concretos que esclarecem a relação ambígua à ideologia em que hoje em dia se sustentam as lutas progressistas. A interpassividade se demonstra pelo apelo constante de agir freneticamente em diferentes contextos de luta para evitar fazer um diagnóstico global da situação em que nos encontramos. A urgência de agir, destacada de toda perspectiva de emancipação global, provoca uma agitação em todas as direções como as formações de frentes sem princípio orientador, sem uma nítida diretriz bem refletida, que escondem nossa “miséria política”, nossa passividade diante de um sistema cujas premissas e consequências fundamentais viemos ao longo do tempo a aceitar. A interpassividade está a serviço dessa atividade frenética que oculta a posição de passividade em que nos encontramos.

      Em termos psicanalíticos, a “falsa atividade” remete à posição do neurótico obsessivo que “age freneticamente para repelir a realização do seu desejo, evitar que a “coisa” (a morte) decisiva não aconteça. A interpassividade consiste em agir para que nada mude, para que nada de decisivo possa se produzir.

      Esta é a constatação de Zizek sobre a impotência atual das lutas progressistas contemporâneas, associadas à agitação perpétua e estéril sem impactos efetivos sobre a realidade do capitalismo mundializado.

      A mundialização se refere à composição econômica, política e geográfica do mundo nas suas relações de “força e dependência” mas de forma ainda estática. Já a globalização trata das relações que se manifestam “livre e irreversivelmente” entre todos os países do mundo.

      A transmissão da trajetória histórica de Lenin não consiste em dar respostas diante da questão: “Que fazer?” Diante de uma juventude pressionada por saber o que se deve fazer, Lenin propôs: “aprender, aprender e aprender”. Repetir o gesto de Lenin nos tempos de hoje não significa imitar ou reproduzir o que Lenin e os Bolcheviques fizeram, bem pelo contrário: é assumir plenamente que devemos nos concentrar e trabalhar sem descanso porque nós não sabemos o que devemos fazer.

      O momento não é de engajamento imediato às políticas identitárias ou antirracistas – a não ser que se queira permanecer no campo da interpassividade. As lutas identitárias e antirracistas não são menos importantes mas secundárias diante da luta principal que se avizinha em escala mundial: a hegemonia das superpotências que detêm força econômica, militar, tecnológica e cultural.

      É momento de pensar por mais que paradoxal que pareça. O único meio de passar da agitação frenética ao ato revolucionário consiste hoje em dia em renunciar a toda forma de engajamento imediato e de se aplicar estritamente à ascese teórica a mais estrita.

      Repetir Lenin significa exatamente o contrário do que seus detratores lhe imputam.

      […] a ideia não é certamente a de retornar a Lenin, mas de o repetir no sentido kierkegaardiano do termo: de reencontrar o mesmo impulso no cenário contemporâneo. O retorno a Lenin não visa certamente a reprodução nostálgica dos “bons e velhos tempos da revolução”, nem um ajuste de velhos programas a novas condições, mas repetir nas condições mundiais atuais, o gesto leninista que consiste em reinventar o projeto revolucionário nas condições do imperialismo e do colonialismo – mais exatamente: na sequência do colapso do longo período de progresso depois da catástrofe de 1914.

      Lenin retornou a Hegel, nós retornamos a Celso Furtado e Florestan Fernandes. Há muitos mais passos adiante.

      Ivanisa Teitelroit Martins é psicanalista, autora de 30 ensaios em psicanálise

      1. Mais uma intelectual inorgânica que está tentando justificar sua passividade frente ao momento atual: estudar, estudar, estudar, para encontrar o que? O discurso prolixo serve para engabelar os desavisados. Quando você encontrar a pedra filosofal, por favor, nos comunique.
        Caminhante, não há caminho. Faz-se caminho ao andar.

  2. Só a velhinha de Taubaté e o Nassif acreditam que o TSE vai decepar a cabeça da cobra. É mais fácil o boçal sair por renuncia do que via TSE. Poliana é Schopenhauer por comparação. A elite miserável, vendo que o Moro tem tudo pra ser mais um pangaré em que eles apostam ( o PSDB o foi por 25 anos ), estão se aproximando de Lula para ter um plano B contra Bolsonaro. Mas é claro que esse pacto não será feito sem que se exija de Lula que os de sempre – o setor bancário (juros pornográficos) e a mídia oficial (nada de lei de mídia) – continue só com o file mignon, mandando como mandavam os senhores de escravo no império. Estamos num momento em que Bolsonaro vai cobrar um pênalti e nem goleiro tem. Se ele der uma bicuda em Guedes e jogar dinheiro do governo no país, ele está praticamente reeleito. Se fosse esse Satã um Órban ou Erdogan, ele já seria um autocrata consumado- que é a nova moda assolando os países periféricos como assolava os militares até os anos 70.

  3. Nassif, não há saída que não passe por mobilização e manifestação. Esqueça autoridades cumpridoras de seus deveres, isso não existe aqui. A falta de manifestações, na devida amplitude, é o que deu força para a lava jato tirar Lula. Ficou fácil na terra onde os donos das instituições não se submetem às leis e igualmente fácil para os covardes que poderiam ter evitado se omitirem. Infelizmente, reina uma calmaria que reflete a apatia infame frente aos mortos, às negligências, aos descalabros e ao empobrecimento da base da pirâmide com o enriquecimento do 1%. Você identificou que agora é o ponto da virada, mas de onde virá a fagulha para acender o pavio? Alguém que não seja identificado como a “esquerda comunista” poderia se manifestar? Só para não facilitar para eles com os rótulos…. não tem mais ninguém pra brigar por 20 centavos não?

    1. Não temos líderes para fazer esse tipo de mobilização. Todos esses líderes no fundo querem ser aceitos pelo establishment, e não afrontá-lo. Espero que a prisão de Lula abra os olhos deles: não adianta o quanto cedam pra nossa elite miserável, se não servirem mais, serão devidamente descartados na cara dura. Se junta às 100 mil mortes por covid, os milhares de mortes por assassinato e trânsito. Ficamos mais tocados com mortes de estrangeiros do que de brasileiros. Isso acontece porque não temos um sentimento de nação – somos um catadão de 200 milhões que falam a mesma língua. A elite se acha um europeu ou americano que teve azar de nascer no lugar errado. O povo segue a lei de cada um por sim e deus (evangélico, claro) por todos.

      1. Pois é… estamos numa encruzilhada e fazemos parte de uma minoria que enxerga o tamanho do abismo a nossa frente. Se continuarmos precisando de líderes, se no presente insistirmos em repetir o passado, se parte deste “catadão” não for impelida á se unir em torno de um objetivo (não um líder) em comum… são muitos “ses” para definir uma queda ou uma tomada de rumo novo. Ou a gente se reinventa, ou a porrada vai ser monumental. O que você chama de “sentimento de nação” eu prefiro entender como um sentimento de cidadania intransigente, que é o que nos falta, tanto que Marielle foi morta por causa disso. Ela lembrava ao povo da favela que o destino pode ser mudado.

    1. O próximo na mira de Bolsonaro é Guedes. Como o boçal já se livrou de Moro e não houve maiores problemas, isso deve ter animado a besta. Se o tchutchuca pensa que num braço de ferro com o presidente ele se dará bem, é bom lembrar o que aconteceu com o Gustavo Franco = ele foi o último a insistir na âncora cambial e assim que houve o estelionato da eleição de 98 FHC deu um chute nos fundilhos de Franco e tratou de salvar seu governo.

      1. Bolsonaro não tomou, até hoje, nenhuma providência ou atitude favorável ao Brasil.
        Se tirar Guedes e todo o bando neoliberal será a primeira. E excelente. Um verdadeiro gol de placa.

        1. Olha a que ponto chegamos, Edson: se o boçal se livrar do último fiador dele para com a elite miserável, isso necessariamente será crescimento econômico. Mas com esse crescimento, por mínimo que seja, já dará um alívio tremendo ao povo devido a esse desastre econômico e aí Bolsonaro não é reeleito por obra do acaso, pois terá aumento o seu piso mínimo de 30 por cento de eleitores e contará com uma esquerda fragmentada e um Moro que não dará nem pro cheiro pro Bolsonaro até num debate, pois Moro torna Bolsonaro Churchill por comparação. E se por alguma obra da Fortuna – e ele tem sido generoso até agora com Bolsonaro – ele fazer um crescimento grande, estará aberta a trilha pra ele mudar todo o desenho institucional brasileiro pra tornar-se uma autocracia completa.

  4. O tal populismo de direita e a renda básica, como conciliar com o neoliberalismo de Guedes? Um só sobrevive sem a existência do outro.
    Outro ponto como conciliar renda básica de R$ 600,00 com a classe média?
    Em um ponto Nassif está correto, são inúmeras variáveis.
    Única certeza: parte da esquerda continua perdida e afastada do povo…

  5. O que está ocorrendo é cada vez mais claro: Bolsonaro é um vassalo de Donald Trump, isso não deveria ser ainda surpresa pra ninguém.

    Pois bem, ninguém nem cogitava de forma alguma apeá-lo do poder, até porque o D. Trump tinha uma reeleição quase garantida pela frente e é (?) conveniente pras nossas zelites ter um presidente vassalo no poder. Pelo menos é o que elas acham.

    Até que veio a pandemia e mudou o cenário. Como eu disse, até pela total falta de competência do partido democrata, Trump estava virtualmente eleito. Com a pandemia e tudo o que se passou, a reeleição passou a ser duvidosa e está a cada dia mais.

    Uma vez D. Trump apeado do poder, um Brasil com Bolsonaro no comando será uma excentricidade única no tabuleiro global. Não se sustenta. Nossas zelites já viram a inconveniência de carregar esse fardo por mais dois anos. Só não deram ainda o golpe definitivo, pois eleições, ainda mais no EUA, são imprevisíveis, ainda mais em cenários instáveis como o atual.

    O que ocorre se a pandemia for finalmente controlada? Ninguém sabe! E isto com certeza tem grande influência no resultado final.

    E o que ocorreria se o Brasil retirasse Bolsonaro do cargo e, para surpresa geral, D. Trump vencesse?

    Obviamente haveria um grande problema de interlocução com Washington, no mínimo.

    Então este é o barco em que estamos. Enquanto não sai a definição das eleições norte-americanas, fica tudo acertado pra ver como é que fica. E danem-se os mortos.

    Aliás, a conta do número de mortos não pode e não deve ser jogada apenas nas costas do Bolsonaro. Toda a elite brasileira deve ser julgada ao fim da pandemia. Toda a elite é culpada por permitir esta loucura de manter um presidente totalmente despreparado para o cargo que ocupa.

    Aliás, que o Bolsonaro não é preparado pra presidência até o General Heleno sabe e isto já antes da pandemia, não é verdade?

  6. Nassif, Gente,
    Respeito a todos, mas já está mais do que na hora de encararmos a realidade. O que mais beneficiou o bolsonarismo foi o antipetismo/antilulismo. Para o bem do Brasil, o Lula tem que sair do cenário. Se Deus descer dos céus e dizer que Lula é inocente, os antipetista/antilulista não vão acreditar e ainda vão dizer que Deus está errado. Não existe mais espaço para o Lula na política. Que o STF julgue logo o Moro suspeito. Que a Justiça devolva a Lula a sua inocência e seus direitos políticos. Mas Lula não cabe mais no jogo político. Nassif tá na hora de você fazer esse xadrês. O antipestismo/antilulismo é muito maior do que os 25/30% de pestista/lulistas. Então, a melhor saída é o Lula sair do jogo e desfrutar de sua merecida e justa aposentadoria depois de tudo que fez por este País.

  7. Exato, assim como Elvys cita, Bolsonaro sobrevive por que Guedes faz o que o poder econômico manda. Se Bozo começar a gastar dinheiro com investimento público e gastos sociais, sua finalidade política acaba. Bozo dará o golpe nos banqueiros e nos americanos?

  8. Se 40% dos PMs apoiam bolsso outros 60% não. Dar golpe com PMs não é a mesma coisa que com as FA. Cada estado tem a sua PM, sua hierarquia e cada governador pode conter e aplicar punições de forma a mitigar o andamento de qualquer mobilização, o que dificulta uma união nacional em torno de um golpe. Mesmo com redes sociais.
    O poder executivo não manda nas PMs desse imenso país e pensar que uma nação poderá ser tomada por 40% de PMs somados a um bando de civis armados que vão em clubes de tiro e que bandidos vão sair da toca para ajudar com seus fuzis me parece uma ficção.
    O fato de 40% de PMs apoiar bolsso não nos permite afirmar que esses PMs estarão ao lado de milicianos armados. Imagine PMs e traficantes juntos em um golpe de estado. A turma dos clubes de tiro ao lado de bandidos armados com fuzis, todos nas ruas em defesa do bolsso e seu governo. Me desculpe meu caro, mas é muita imaginação que não acrescenta nada de concreto ao debate e ainda pode colocar medo na cabeça dos mais desavisados impedindo a mobilização das ruas depois da pandemia.

  9. “a possibilidade de uma candidatura Lula é remota”
    Não é remota. Basta que Lula queira ser candidato.
    Remota é a possibilidade de que algum outro candidato dito de esquerda vença a eleição em 2022.

  10. Tenho por hábito que aprendi por expressa determinação do Papai,de ler e reler o que me é posto nesta condição.Nunca foi diferente com os Xadrez’s de Luís Nassif,o mais brilhante jornalista de sua geração.Adiante.Nassif coloca neste último Xadrez um monte de verdades,vamos combinar.Mas entendo que por um lapso considerável poderia acrescentar,digamos que o item 8 do seu Xadrez.É que passou batido por Nassifão um fato mais que relevante.Falo das eleições americanas do norte.Ora,Bolsonaro tem as duas pernas,se duvidar,os dois braços atrelados a Donald Trump.Se as pesquisas dos institutos de lá estiverem corretas,será de difícil reversão,visto que,em nenhuma outra eleição presidencial americana um candidato abriu 15 a 17 pontos de vantagem sobre o outro,no caso o democrata Joe Biden sobre Trump,há exatos 84 dias das eleições presidenciais.Moral da história:Em tese,Bolsonaro tem exatos 84 dias para tentar o golpe,mas tenho para mim que dificilmente ele arriscará uma cartada tão perigosa,algo parecido com a explosão de Beirute.Para ser sincero,eu nunca acreditei muito nessa história de golpe,apesar de Bolsonaro dormir e acordar,dia sim outro também,com essa idéia fixa,coisa de psicopata,de golpe na cabeça.Quem sabe outro golpista de quatro costados,Gal.Augusto Heleno tenha olhado para o horizonte das eleições americanas e concluído: “Não é hora para isto”.

  11. O Nassif não gosta de generalizações. Não é todo ministério público, judiciário, forças armadas etc que não funciona no Brasil e tome exemplos virtuosos de um ou outro componente das instituições. No entanto quando é para igualar o estado venezuelano com o estado bolsonarista a “boiada passa”. Menos, a dignidade da luta dos dois estados jamais poderá ser equiparada. Um é patriota e nacionalista, outro é corrupto e traidor da pátria. Tem nuances, Nassif. E não são pequenas. Nossa Petrobras e pré-sal já foi, o petróleo venezuelano é deles.

    1. deve ser certo atavismo de Nassif, q fora da “grande mídia”. reverbera os correspondentes da globo, q tratam da política de Caracas diretamente de Nueva Iorque. tratam da China sem falar mandarim diretamente de Tóquio. ou do Oriente Médio diretamente de Israel. a jornalista do g1 q trata de política estadunidense tem sobrenome judeu Cohen. d3sde já minha admiração aos Cohen, em especial Leonard.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador