Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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A presidência e o monstro que a habita, por Francisco Celso Calmon

Ao reunir os representantes diplomáticos de países estrangeiros na residência oficial da presidência e em narrativa repleta de aleivosias, expôs o Brasil ao ridículo, ao desgaste

Sergio Lima / Poder 360

A presidência e o monstro que a habita

por Francisco Celso Calmon

A cada experimento que faz na busca de preparar o golpe, Bolsonaro vai se revelando uma criatura bestial, sem humanidade, sem respeito à Constituição e às legislações, sem patriotismo, sem limites políticos, e provocador de intrigas e animosidades entre as instituições.

Ressentido que é do Exército, do qual fora expulso pelo comando da época, se ufana em ser o comandante-em-chefe das FFAA e promove o ardil para antagonizá-las com o poder Judiciário, ora com o STF, ora com TSE, ora com ambos.

Descumprindo a Carta Magna que juraram cumprir, parte das forças armadas querem fazer política, tutelar a República, comandar o pleito eleitoral; ocorre que não lhes são facultados esses direitos. A elas cabe tão-somente a segurança no transporte das urnas, os demais direitos são privativos das forças desarmadas, isto é, da sociedade civil.

O Legislativo ele corrompeu através do orçamento secreto do relator, o STF já intimidou, humilhou, invadiu a sede sem convite, através do filho afirmou que bastaria de um Jeep e um cabo para fechá-lo. Trata os ministros do Judiciário descerimoniosamente, com inobservância e desrespeito à liturgia dos cargos, como forma de menosprezo. E o PGR mantém sob obediência canina. Parte do Exército vem corrompendo com cargos comissionados, aumentos salariais, e a permissiva intendência para aquisição de produtos alheios às necessidades essenciais de uma tropa, como os viagras, preservativos, leites condensados, camarões, lagostas[FC1] , caviar, vinhos, e transporte de 39 kg de cocaína.

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Ao reunir os representantes diplomáticos de países estrangeiros na residência oficial da presidência e em narrativa repleta de aleivosias, expôs o Brasil ao ridículo, ao desgaste da atração e admiração que goza no exterior, bem como, provavelmente, diminuiu o interesse e a segurança para investimentos externos, cometeu mais alguns delitos, como cidadão, como servidor púbico e como ocupante da presidência.

Adicionado à sua ignorância tecnológica, pois, em ultima análise, coloca sob suspeição todos os sistemas informatizados, tanto os das empresas públicas como privadas, nacional e internacional, por desconhecer o grau de sofisticação e segurança atuais de hardware e software. E mais: se o processo eletrônico de votação fosse fraudulento, os órgãos que o periciaram, como a PF, o TCU, seriam cúmplices.

O sistema eleitoral brasileiro é o mais avançado do mundo, é um modelo elogiado até pelos EUA, somente o monstro solta as suas fúrias contra ele,  movido pelo desespero da derrota iminente.

Esse custo não é somente moral, cultural, político, mas também econômico.

Acostumado a terceirizar a gestão, as responsabilidades, procura terceirizar o golpe; pediu anteriormente apoio do Biden, que fez ouvidos de moucos, agora são os embaixadores os terceiros a procurar respaldo para a sua delirante desconfiança de um sistema eletrônico, que funciona há mais de duas décadas com êxito, sendo ele próprio produto do sistema. Levou ao mundo uma questão doméstica e diante do mundo ficou ainda menor.

A lista de delitos vai aumentar ainda mais até descer a rampa do Planalto direto para a jaula.

O Bolsonaro tem um monstro dentro de si incontrolável, porque ele é o próprio monstro, não há dualidade de personalidade.

A aparente dualidade linguística, serve ao propósito de dois passos à frente e um atrás, fala para seus seguidores o entenderem, sem apelo à razão, uma comunicação mais emocional, primitiva, sem rebuscamento, muitas vezes tosca, mas atinge a sensibilidade dos seus áulicos; testa as instituições e adversários para medir o novo passo, se para frente ou para trás. 

As instituições começaram a reagir mais assertivamente nas figuras dos ministros Fachin e Moraes. O STJ e Associações da PF também saíram em tom peremptório na defesa do STE. O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, o presidente do STF, Fux, manifestaram pela defesa do sistema eleitoral.

Uma lista significativa de procuradores do MPF intima a PGR a abrir investigação sobre as declarações mentirosas do presidente nesse encontro com embaixadores. Vale lembrar que o servidor público tem compromisso com a verdade e a honestidade.    

O presidente da Câmara, Arthur Lira, o Ali Babá da senha da caverna do orçamento secreto, declarou que não é comentarista para opinar e manteve sua cavernosa parceria com o Bolsonaro. 

Os partidos, as entidades de DHs e os movimentos sociais devem fazer as suas partes, com notas, manifestos, moções, e o mais importante no quadro atual, mobilizar para ocupação das ruas.

A igreja através do movimento histórico do “Grito dos Excluídos”, neste 7 de setembro deveria convidar toda a sociedade a realizar o Grito de defesa da Democracia.

A questão não é mais de quem vai ganhar as eleições, mas de respeitar o seu resultado. Sendo no primeiro turno, será um anteparo ao golpe bolsonarista, porém, não esqueçamos que entre 02 de outubro e a posse, 01 de janeiro, serão dois meses de tensionamentos e balburdias provocadas pelo atual ocupante do Palácio do Planalto.

Não é difícil pressupor que ele não irá para o cadafalso eleitoral sem reação. Uma delas, diante da possível derrota já no primeiro turno, tentar tumultuar o processo desistindo da candidatura acusando-o de fraude, no intuito de gerar uma confusão. Outra é tentar negociar a saída para evitar a prisão. Uma terceira é negar sair do Planalto e o manter ocupado por milicianos. Neste caso, o Judiciário convocaria as forças armadas, em nome da Lei e da Ordem, com todo o risco de tornar o golpe num golpe militar, ou a PF seria suficiente?

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Às forças democráticas cabem proagir em três trincheiras ou frentes de atuação:

1. A da comunicação, com seus veículos próprios (blogs, canais, tvs, rádios, jornais e revistas) e também, no possível e no direito, nos espaços da mídia corporativa, como em parte já vem ocorrendo, no sentido de não deixar nada do bolsonarismo sem resposta;

2. A trincheira jurídica, também já ativada, os núcleos jurídicos dos partidos, movimentos e entidades, ajuizar sempre que politicamente aconselhável e juridicamente possível contra os delitos que o bolsonarismo comete diuturnamente;

3. A frente de massas, esta é fundamental em primeira e última instância; como não é fácil mobilizar de uma hora para outra, e estamos há menos de 2 meses do pleito, o Grito dos Excluídos, pode se transformar num Amplo, agudo e grave Grito Democrático. Antes temos a efeméride da lei da Anistia, normalmente lembrada pelos militantes da pauta memória, verdade e justiça. E antes, durante e depois continuar organizando os comitês de luta e auto/defesa pela democracia.

É crível pensar num mega evento nacional, preferencialmente na mesma hora, em todas as capitais, por convocação de Lula/Alkmin, pelos candidatos a governadores e senadores da ampla frente “Vamos Juntos Pelo Brasil”, e também pelos demais que queiram somar na trincheira contra o golpe desenhado pelo genocida do planalto.

A depender das Centrais sindicais, uma paralização da produção, por tempo determinado, 12 ou 24 horas, mantendo o local em Assembleia, em repúdio as articulações golpistas e para debater medidas preventivas que impeçam quaisquer tentativas de sabotagem ao pleito eleitoral.

O certo e irrecusável é todo cidadão brasileiro, amante da liberdade, da pátria e da igualdade entre todos e todas, se organizar na defesa das eleições, e cerrar fileiras contra o golpismo escancarado do terrorista da democracia, mistura de cruz-credo e deus-me-livre, Jair Bolsonaro.

Atacar ou sabotar, por quaisquer meios, o sistema eleitoral é atacar o próprio Estado democrático de direito!

Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça

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1 Comentário

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  1. Excelente artigo.
    Os desmontes do governo Bolsonaro para o Brasil são gigantescos, precisamos urgentemente acabar com esse governo facista e trazer de volta um governo democrático para o Brasil voltar a crescer de novo.

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