Uma eleição como nenhuma outra, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Mais livros x mais armas. Essa é a polarização que definirá o resultado eleitoral. 

Uma eleição como nenhuma outra

por Fábio de Oliveira Ribeiro

As especificidades da eleição presidencial estão definidas. A disputa será polarizada entre Lula e Bolsonaro e podemos dizer que esses são polos desiguais que lutam por dois Brasil diferentes. 

Lula pode ser considerado o candidato da civilização, da preservação da democracia, do respeito aos direitos humanos à autonomia do Judiciário. Bolsonaro representa a barbárie neoliberal nua e crua e fomenta a violência assassina e genocida. O petista se comprometeu a preservar a natureza, o militar aplaude a devastação da floresta amazônica e do pantanal. Um pretende protagonizar o desenvolvimento econômico com distribuição de renda, o outro aposta na concentração de renda e na maximização dos lucros dos banqueiros e investidores.

No Brasil de Lula 210 milhões de habitantes. No de Bolsonaro 2,1 milhões de habitantes poderão tratar todos os outros como escravos e, eventualmente, como seres racialmente ou religiosamente inferiores. 

Mais livros x mais armas. Essa é a polarização que definirá o resultado eleitoral. 

Mais assassinatos por motivo fútil x menos vítimas de armas de fogo. Os eleitores brasileiros não escolherão apenas um presidente. O que eles farão é escolher entre o direito à vida e o de matar.

Uma parcela da imprensa tenta transformar Bolsonaro e Lula em candidatos equivalentes em polos opostos. Essa artimanha retórica é risível. Nenhum petista foi à casa de um bolsonarista sem ser convidado para enche-lo de tiros na frente da esposa e dos filhos. 

A república brasileira foi instaurada pelo primeiro golpe militar. O marechal envilecido, envelhecido e doente que o liderou acreditava estar sendo desprestigiado pelo imperador D. Pedro II. Quando Deodoro da Fonseca colocou as tropas insubordinadas nas ruas o povo imaginou que estava presenciando uma parada militar.

O povo já não é mais apenas expectador de seu próprio destino. Se tentarem dar um golpe de estado esse ano, os generais provocarão uma tragédia que não poupará nem as casas nem os familiares deles. A bunda da Anita é capaz de mobilizar mais eleitores e soldados do que o Ministro TikTok da Defesa que divulga textos golpistas. 

“Respeitem os cidadãos brasileiros e a Justiça Eleitoral, seus merdas.” Todas as noites, as palavras do fantasma de D. Pedro II reverberam nas consciências corrompidas e culpadas desses militares que acreditam poder escravizar o povo para viver como se fossem príncipes dos mosquitos num país cheio de miseráveis e famintos. 

Esse ano, ao votar, poderemos vingar o imperador republicano deposto em 1889 restaurando a república criada em 1988. Depois, desenterraremos e jogaremos num esgoto os ossos dos generais e coronéis torturadores e assassinos que ousaram se levantar contra o povo em 1964. E tenho dito…

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

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2 Comentários

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  1. A falsa simetria foi espanada com vigor nas Redes Antissociais, malgrado a mídia hertziana, justo por não dispor de qualquer recurso que oportunize [algum] contraditório, consiga levar além a falsa equivalência de bolsoassassinos X petistas.
    Lembrar a Lula, que esperamos, vencerá o pleito próximo, que já não é sem tempo mexer no vespeiro da regulação da mídia. Este partido 24/7, municiado pelo que há de mais abjeto, há que ser estancado.

  2. Além da regulação da mídia, urge a reforma do Golpiciário. A tríade milicos & Golpiciário & mídia representa o retrocesso, o entreguismo. Claro que, dado o desmonte do país, antes de tudo rever os sigilos criminosos (desculpe o pleonasmo, advindo de quem impôs tal sigilo) e cuidar, urgente, das pessoas.

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