Ilusão e ingenuidade, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Ao contrário do que disse Zanin, esse espião togado impune sempre terá lugar de fala na mídia.

Foto Lula Marques

Ilusão e ingenuidade

por Fábio de Oliveira Ribeiro

Surfando no sucesso que obteve, o advogado de Lula resolveu puxar a orelha de Sérgio Moro pelo Twitter:

https://twitter.com/czmartins/status/1482048787992481797?s=20

Admiro muito a agressividade profissional de Cristiano Zanin. Mas nesse caso específico acredito que ele foi ingênuo.

Sérgio Moro não era juiz e sim espião togado do FBI e do DOJ infiltrado no Judiciário brasileiro. Ele não agiu sozinho. Durante a Lava Jato, Moro foi incentivado a deixar a legalidade de lado e apoiado por desembargadores do TRF-4 e ministros do STJ. É um equívoco esquecer que o STF deixou o herói lavajateiro estraçalhar Lula e interferir no resultado da eleição. Até a presente data Sérgio Moro não foi denunciado por ter grampeado a presidenta da república. Portanto, o MPF perdoou o crime que ele cometeu.

Ao contrário do que disse Zanin, esse espião togado impune sempre terá lugar de fala na mídia. A suspeição de Sujo Moro foi um contratempo; ela será usada eleitoralmente em favor dele. O general no TSE é garantia de fraude eleitoral para levar Moro à presidência, cargo em que ele poderá eventualmente se vingar do STF.

Os defensores de Lula tinham lugar de fala no processo. Agora eles são observadores de um fenômeno político que excede à capacidade de análise e de interferência de qualquer advogado. Sujo Moro é um elo na corrente forjada pelo Exército para manter o Brasil submisso aos EUA.

A principal característica dessa corrente é controlar todos os principais lugares de fala. Ela existe porque não pode ser vista, opera efeitos sem se submeter a legalidade e será legitimada pela imprensa, porque os barões da mídia são os postes locais do império em que a corrente foi solidamente amarrada.

Devemos admitir a hipótese de que o lawfare não foi derrotado. Ele pode ter apenas se ajustado à nova realidade. Os defensores de Lula não perceberam isso porque eles são apenas advogados. O novo processo histórico é diferente. Ele não precisa mais ocorrer num Tribunal nem construir um indevido processo legal.

A inercia colossal do white ass apes empire disposto a usar violência em escala industrial para manter sua hegemonia global já arrasta o Brasil atrás dos EUA assim como o Exército pode arrastar Sujo Moro para a presidência. Ele é mais um ninguém onde ninguém mais além das forças do mercado pode mandar.

Transformada em simulacro, a soberania popular não poderá ser pacificamente reintroduzida no centro da nossa vida política. No contexto atual é uma estupidez falar em “independência ou morte”, pois a “dependência ao norte” é muito desejada pelos militares, banqueiros e investidores.

O que os advogados de Lula poderiam fazer nesse caso? Nada. Mas eles obviamente não admitirão isso, pois também foram aprisionados num jogo de espelhos em que o sucesso cega enquanto a realidade segue esmagando a vitória processual temporária e ilusória que foi obtida.

É preciso observar os fatos com cuidado. Quando pensamos que o mundo funciona de uma maneira ele já passou a funcionar de maneira diferente. As engrenagens que movimentam os muros dos homens estão em todos os lugares. Algumas delas, as principais talvez, não podem ser vistas.

Não se enganem. Nós vivemos no interior de espaços cercados por muros móveis construídos para separar ricos de pobres, brancos de não brancos, americanos de chineses, europeus de russos, militares de civis, dólares e euros de reais… Sim. Esses muros são ligados por correntes.

Não. Nós nunca conseguiremos romper essas correntes. Elas usam Sujos Moros o tempo todo em todos os lugares. Isso facilitará a vida do Sujo Moro específico do qual estou falando. O juiz suspeito faz parte de uma ficção, sem dúvida. Mas essa ficção é a única coisa realmente real.

No Twitter, também é possível ver alguns juízes dizendo que Sujo Moro desmerece a magistratura. Muito pelo contrário, como advogado acredito que ele enaltece os piores defeitos da nossa cloaca judicial. Quando observamos esse velhaco arrotando bobagens podemos finalmente dizer:

“Eis um típico juiz brasileiro. Parcial, presunçoso, pedante, dissimulado, autoritário e, é claro, dinheirista.”

Ave Sujo Moro, invencível gladiador dos gringos no coliseu tupiniquim.

Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador