O advogado Roberto Bertholdo, que teve amplo trânsito entre políticos e autoridades paranaenses e chegou a ser condenado por interceptação clandestina do telefone de Sergio Moro, revelou que sofreu perseguição de Moro e espécies de torturas de agentes para fazer delação e incriminar José Dirceu.
As declarações foram dadas em entrevista ao Brasil247. Bertholdo narrou que quando Tony Garcia foi preso, o empresário foi forçado a fechar acordo de colaboração e se tornou agente infiltrado do então juiz da Lava Jato. À época, Bertholdo era advogado de Garcia.
Já anteriormente, o empresário Tony Garcia admitiu que cometeu “ilegalidades em série, a mando de um juiz”. O empresário acusou, a mando de Moro, o seu então advogado de gravar ilegalmente o juiz. O empresário afirma que a gravação foi feita por outra pessoa, o deputado federal José Janene.
“Moro sabia disso [que o autor da gravação era o deputado], mas me acusou de ter realizado a gravação”, disse o advogado Bertholdo.
Em 2005, o advogado foi preso por essa acusação. Enquanto estava detido, foi pressionado a fechar acordo de delação com o objetivo de incriminar José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula.
Ao negar delação, Bertholdo disse ter sido transferido a presídios superlotados e até em solitária. Ele também disse ter sofrido tortura psicológica e física, levado na parte detrás do carro dos agentes, no espaço chamado de gaiola, em alta velocidade, sacudido como se estivesse em uma “secadora”. “Depois do passeio, me perguntavam se eu iria colaborar”, antes de prestar depoimento à Moro.
Ele disse que chegou a receber proposta de imunidade completa caso imputasse Dirceu e o governo Lula.
Bertholdo também afirmou que o “cérebro” da maldade da Lava Jato no Ministério Público não era o procurador Deltan Dallagnol, mas Carlos Fernando dos Santos Lima. Ele disse que foi o procurador quem atuou contra ele no caso dos grampos ilegais, em parceria com os assistentes de acusação Carlos Zucolotto e Rosângela Moro, esposa do ex-juiz.
Com amplo trânsito entre autoridades do Paraná, o advogado também narrou o episódio da “festa da cueca”, como ficou conhecido o encontro de desembargadores e garotas de programa, no hotel Bournon, em Curitiba, em 2003.
Tony Garcia já havia narrado que Moro usou o episódio para chantagear os desembargadores e deter poder na Justiça, ao obter a gravação da festa, e que a programação tinha sido intermediada pelo advogado Roberto Bertholdo.
“Não houve festa apenas uma vez, mas várias e em vários locais”, relatou agora o advogado ao 247. Ele afirmou que quem gravou a festa foi o sócio do advogado, Sérgio Costa, por decisão de Moro.
Ao portal, Roberto Bertholdo disse ter provas de suas declarações e que apresentará às autoridades se for intimado a depor no inquérito contra Sergio Moro.
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