Roberto Bertholdo, de operador do Centrão a desafeto de Sergio Moro

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Advogado foi ligado a ex-ministro Ricardo Barros, e esteve envolvido com banco que lavava dinheiro de empreiteiras de Curitiba

O advogado Roberto Bertholdo. Foto: Reprodução Redes Sociais

O advogado Roberto Bertholdo tem histórico de trânsito entre políticos e autoridades do Paraná, sendo inclusive considerado desafeto do ex-juiz Sergio Moro.

Ao longo de sua carreira, Bertholdo atuou na liquidação do banco Bamerindus e do Banco Nacional, e foi conselheiro da Itaipu Binacional, quando chegou a se envolver em lobbies junto ao setor elétrico.

Nesse período, ele esteve próximo de um dos caciques da política paranaense: o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros, que chegou a ser líder do governo na Câmara durante o governo Bolsonaro.

Bertholdo inclusive se tornou um dos principais operadores do Centrão, com participação relevante na eleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara.

O advogado era o anfitrião de diversos encontros entre parlamentares e outros interessados em aproximações com autoridades de Brasília – e, posteriormente, se tornou um dos trunfos da família Bolsonaro contra Maia na Câmara.

Ligação com Tony Garcia

Reportagem da revista Istoé destaca que Bertholdo era advogado do empresário Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, sendo inclusive suplente na segunda candidatura de Garcia ao Senado Federal.

Essa candidatura só foi possível pois, em 2002, Bertholdo foi contratado para “limpar” o nome do empresário, acusado de crime contra o sistema financeiro devido a uma fraude cometida pelo consórcio Garibaldi, liquidado em 1994 pelo Banco Central.

Em 2002, Bertholdo impetrou habeas corpus em favor de Garcia – e a partir desse ponto a denúncia de ex-sócio de Bertholdo, Sergio Costa Filho, começa a fazer sentido.

Segundo o Ministério Público, Bertholdo e Filho se desentenderam por conta de dinheiro, e a denúncia contra o advogado foi o troco dado por Costa Filho, que foi alvo de espancamento e tortura por parte de Bertholdo.

Costa Filho contou ao MP que Bertholdo pediu R$ 600 mil para Tony Garcia, e esse valor seria usado para que o ministro Vicente Leal concedesse liminar no pedido de habeas corpus, o que aconteceu em agosto – o dinheiro teria sido sacado por “laranjas” para depois ser entregue aos ministros envolvidos no caso de Garcia.

Suborno de ministro do STJ

Em 2006, Bertholdo foi detido por subornar ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por meio dos escritórios de advocacias de seus filhos. A denúncia surgiu a partir de investigações do Ministério Público Federal no caso Banestado.

Sua prisão foi decretada pelo então juiz Sergio Moro, que supostamente teve seu telefone grampeado pelo advogado. Porém, ele não aceitou fazer delação premiada e denunciou diversas arbitrariedades do então magistrado.

Diante disso, o MPF paranaense recorreu à delação premiada para um ex-sócio de Bertholdo, o que atingiu inclusive os filhos dos Ministros Felix Fischer e Pedro da Rocha Aciolly.

Vale lembrar que, anos depois, Fischer seria relator da Lava Jato no STJ, dando aval para que os procuradores cometessem as mesmas arbitrariedades.

Caso Banco Neman

Aproveitando os contatos que Ricardo Barros tinha enquanto ministro da Saúde do governo Michel Temer, Bertholdo entrou no setor.

O advogado foi preso na Operação Placebo do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, por estar envolvido com a IABAS, principal organização social envolvida na corrupção da saúde.

Além disso, os investigadores do MPF de São Paulo descobriram ligações de Bertholdo com o Banco Neman, aberto em 2016 pelo doleiro Dalton Baptista Neman.

Esse banco foi alvo de investigação pelo Ministério Público Federal devido a denúncias de lavagem de dinheiro vindo de empreiteiras de Curitiba denunciadas quando Ricardo Barros foi Secretário de Governo.

Porém, constam denúncias de que contrabandistas e o PCC (Primeiro Comando da Capital) usavam o banco para lavar dinheiro.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. O sujeito pega uma coxinha e não paga e é chamado de ladrão,meliante,vagabundo etc,etc.
    Essa gente,que está na gênese do banditismo,é chamada de operador.
    É por isso que na nossa cultura o pobre sempre é bandido e os bandidos são chamados de operadores.

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