Exército sabia de armas no acampamento golpista em Brasília e nada fez

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Não só os militares não fizeram nada, como só comunicaram Lula do risco na noite do dia 8 de janeiro.

Polícia e Exército são obrigados a desmontar acampamento bolsonarista na frente do QG do Exército – Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O Exército sabia que havia pessoas armadas no acampamento no quartel general, em frente à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Não só os militares não tomaram nenhuma iniciativa, como a Força só comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do risco na noite do dia 8 de janeiro.

A informação consta em reportagem da Folha de S.Paulo, desta terça-feira (31), no qual o jornal anuncia que Lula deu aval ao Exército para desmontar o acampamento golpista somente no dia seguinte à invasão, no dia 9.

Na reportagem, contudo, é detalhado que Lula foi convencido pelo Exército de tomar medidas somente no dia seguinte, devido a um pedido dos próprios militares.

Os integrantes do Exército teriam dito a Lula que desmontar o acampamento na noite do dia 8, após a invasão, poderia resultar em mortes e conflitos, e que a Operação de retirada dos bolsonaristas deveria ser feita no dia seguinte.

O presidente concordou com adiar a retirada deles, diante dos riscos de tragédia. Mas, segundo o jornal, “pessoas próximas ao presidente” contaram “que o Exército comunicou a Lula que havia pessoas armadas no acampamento”.

A informação teria sido repassada a Lula somente no dia 8 de janeiro, em meio à invasão à Praça dos Três Poderes. E os militares do Exército não teriam feito nada, até então, para impedir riscos ou informar as autoridades de segurança do governo federal de que os bolsonaristas acampados estavam armados.

A reportagem da Folha também narra que, na noite daquele domingo, o interventor escolhido por Lula para assumir a Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, se encontrou com o general Gustavo Henrique Dutra para tratar da Operação de desmonte do acampamento.

E que tal reunião foi recheada de controversas, sem acordos. Enquanto a PM recebeu ordem para entrar no quartel general e prender os golpistas, o Exército impediu o acesso dos PMs, colocando 3 blindados Guarani e uma tropa de soldados.

Com a falta de acordo, Cappelli comunicou o ministro Flávio Dino, da Justiça, e o general Dutra comunicou o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias. Dias estava ao lado de Lula, e Dutra pediu ao presidente que seria melhor realizar a Operação de retirada dos golpistas na segunda-feira.

Ao militar, Lula teria enfatizado que os acampados eram golpistas criminosos que deveriam ser presos.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. Um país republicando, que tem uma união de três forças armadas com comportamentos e ações vergonhas e desonrosas, como fica demonstrado na omissão e o absoluto silêncio delas em todos os acontecimentos antes e depois de 08 de Janeiro, não precisa de inimigo. O pior deles está dentro de casa.

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