Intercept responde a Greenwald: “Não é vítima, é um adulto fazendo birra”

"Enquanto nos acusa de preconceito político, era ele quem tentava reciclar as afirmações duvidosas de uma campanha política - a campanha Trump - e lavá-las como jornalismo", diz site nos EUA

Jornal GGN – O site The Intercept dos Estados Unidos publicou um editorial rebatendo as críticas do jornalista Glenn Greenwald, que assinou uma carta de demissão alegando ter sido censurado pelos seus editores.
Greenwald queria publicar um artigo com críticas a Joe Biden, mas afirmou que o Intercept não aceitou, violando o contrato que garantia independência editorial.
Segundo o portal, Greenwald tentou transformar as “afirmações duvidosas” de Donald Trump contra o candidato democrata em “jornalismo”. O site nega censura e preferência política partidária, e diz que Greenwald se afastou do jornalista premiado que costumava ser.
O GGN reproduz o editorial abaixo.
The Intercept
A decisão de Glenn Greenwald de demitir-se do The Intercept deriva de um desacordo fundamental sobre o papel dos editores na produção de jornalismo e a natureza da censura. Glenn exige o direito absoluto de determinar o que publicará. Ele acredita que qualquer pessoa que discorde dele é corrupta e qualquer pessoa que pretenda editar suas palavras é um censor. Assim, a acusação absurda de que os editores e repórteres do The Intercept, com a única e nobre exceção de Glenn Greenwald, traíram nossa missão de se envolver em um jornalismo investigativo destemido porque fomos seduzidos pela atração de uma presidência de Joe Biden. Uma breve olhada nas histórias que o Intercept publicou de Biden será suficiente para refutar essas afirmações.

A narrativa que Glenn apresenta sobre sua partida está repleta de distorções e imprecisões – todas destinadas a fazê-lo parecer uma vítima, em vez de uma pessoa adulta fazendo birra. Levaria muito tempo para apontá-las todas aqui, mas pretendemos corrigir o registro a tempo. Por ora, é importante deixar claro que nosso objetivo, ao editar seu trabalho, era garantir que fosse preciso e justo. Enquanto nos acusa de preconceito político, era ele quem tentava reciclar as afirmações duvidosas de uma campanha política – a campanha Trump – e lavá-las como jornalismo.

Temos o maior respeito pelo jornalista que Glenn Greenwald costumava ser e continuamos orgulhosos de muito do trabalho que realizamos com ele nos últimos seis anos. Foi Glenn quem se desviou de suas raízes jornalísticas originais, não The Intercept.
A característica definidora do trabalho do The Intercept nos últimos anos tem sido o jornalismo investigativo que resultou do trabalho meticuloso de nossa equipe em Washington, D.C., Nova York e em todo o resto do país. É a equipe do The Intercept que tem cumprido nossa missão investigativa – uma missão que envolveu um processo de edição colaborativa.

Não temos dúvidas de que Glenn lançará um novo empreendimento de mídia onde não enfrentará a colaboração de editores – tal é a era de Substack e Patreon. Nesse contexto, faz sentido para os negócios para Glenn se posicionar como o último verdadeiro guardião do jornalismo investigativo e denunciar seus colegas e amigos de longa data como hacks partidários. Entendemos. Mas fatos são fatos, e o histórico de jornalismo destemido, rigoroso e independente do The Intercept fala por si.
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Redação

7 Comentários

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  1. Me parece uma carta de confissão por parte do Intercept que eles são mesmo parte dessa mídia comprada e manipuladora. Isso não muda o repeito que tenho pelo trabalho feito e excelentes jornalistas do Intercept, sobretudo no Brasil. Há desde o caso wikileaks ressalvas ao viés editorial do Intercept, sempre houve. Nos apaixonamos cegamente, sem críticas, desde o caso da lava jato pq falava algo “a nosso favor”. Mas o viés editorial sempre existiu, a despeito de não queremos enxergar. Esse estopim com a saída do Glen atesta isso.

  2. Não boto a mão por ninguém nesse mundo do jornalismo, seja empregado ou empregador. O DCM – sempre ele – já começou a lançar a primeira pedra sobre Glenn. Não vou ficar surpreso se gente que apoiou a vaza jato – o único fato que foi favorável a Lula desde que se iniciou a caçada humana contra ele em 2016 (aliás, o tiro foi dado por Gilmar Mendes ) e que foi determinante pra hoje ele não estar ainda numa cela em Curitiba – criticar o Augusto Nunes por ele não ter acertado em cheio o Glenn. Não há como nessa hora não se lembrar do genial Augusto dos Anjos.

  3. A Verdade é Libertadora. Existe meia liberdade? E meia gravidez? Quer dizer que contra Biden a tal liberdade é vigada? Contra Trump é diferente !!! E não se trata das Figuras. Se trata de Liberdade e Jornalismo. Intercept agora diz enxergar os defeitos de Greenwald, que não existiam até agora? Revelador.

  4. Minha posição de isenção , £0|]@$$3 Intercept , Gleen , Biden , Trump , Lula , Moro , Jair …
    Mas em que calo do Biden pisou o Gleen ?
    E o que o Trump queria saber sobre ele ?
    Só os adversários tem defeito..
    🙂

  5. Que editorial fraco. Tergiversa, abusa de falácias e não rebate factualmente nenhuma das acusações do Glenn. Já aqui em Pindorama, todas as críticas ao jornalista ou são de cunho consequencialista, dentro da maldita lógica de que os fins justificam os meios, ou tratam política como religião, como se fosse uma heresia criticar um candidato de “esquerda” (ora, Biden é o candidato do establishment americano, talvez o mais conservador que conseguiram encontrar dentro do Partido Democrata…). Nem uma nem outra abordagem deveria ser reconhecida ou invocada por quem busca jornalismo de verdade, do contrário acaba se revelando apenas um minion de sinal trocado, mais um adepto da Lei de Ricúpero.

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