A gênese do “mensalão”

Anotações ao comentário de Roberto Ceandra, no post “Os interesses de Veja e Cachoeira na educação(CLIQUE AQUI)”

Caro Roberto Ceandra, vc traz boas informações, Cachoeira já deveria ter sido tema de um grande livro, tão ampla a sua história no mundo do crime organizado, com sérias implicações políticas.

Quanto ao “escândalo do mensalão”, partamos do começo, pelo menos a partir de quando o bicheiro deixou de agir às escondidas e passou a atuar com uma fachada de legalidade, leia-se terceirização do jogo do bicho junto ao Estado de GO sem no entanto jamais abandonar suas práticas criminosas, estas pelas quais a sua quadrilha foi acusada por conta da Operação Monte Carlo. Tudo começou em 1995 quando, como disse, Cachoeira saiu da clandestinidade para atuar luz do dia, o que ocorreu através da da Gerplan que, na disputa por território, mais tarde tomou assento na Cirsa, empresa espanhola que atua na área dos caça-niqueis. A respeito de uma notícia que acabou de sair do forno sobre este tema leia o post  “Ação sobre caça-níqueis em Goiás é examinada por Gilmar” – CLIQUE AQUI

A partir de 1995 Cachoeira espalhou a jogatina por todo o Brasil, sempre casado com a política, sendo que com o fim da hegemonia do PMDB, rompeu com este partido e aliou-se ao PSDB. A revista Isto É, a partir de 1995 e, pelo que consegui identificar, até 1999, fez boas reportagens sobre o esquema mafioso de Cachoeira, sendo que, já nesta época, soa-me  estranho o silêncio da Veja diante dos furos da sua principal concorrente. Portanto sem razão de ser o Sr. Roberto Civita ter dado declarações recentes dando-nos conta de que ele(Civita) sabia das atividades criminosas do bicheiro. É muito cinismo para uma pessoa só. Para ler o post Esqueçam Policarpo: O chefe é Civita, por Luis Nassif  – CLIQUE AQUI

                “(…) O INÍCIO: DE BICHEIRO A EMPRESARIO

 Com a aprovação e durante da vigência da Lei Zico (Lei nº 8.672/93) e da Lei Pelé (Lei nº 9.615/98), como aponta em seu Art. 60. “(…)”

Caro Roberto Ceandra, concordo. Importante se notar que, para se referir a Cachoeira, até dias atrás erra recorrente junto a opinião publica(da)  o termo “empresário”. Trata-se de uma denominação  cunhado pelo semanário de Roberto Civita que, agora se sabe, fazia parte do esquema como porta-voz.  As leis que você cita foram a base legal para que, a  partir de GO, na década de 90, via Gerplan, Cachoeira iniciasse um processo de acumulação de dinheiro e, portanto, poder político, sendo que sua rede criminosa com fachada de legalidade se estendeu por todo o território nacional, de  PE governado por Jarbas Vasconcelos, ao RJ de Garotinho e MG de Itamar Franco e AL, palco da morte de PC Faria em 1996. A este respeito leia o artigo MPDBicho – CLIQUE AQUI 

No ano 2000, Marconi Perillo fez um “ótimo negócio” com Cachoeira: Cobrou do bicheiro uma taxa para ser usada pelo Estado em programas sociais como o apoio aos portadores do HIV, era o crime organizado fazendo a linha do “tudo pelo social.” Só que a imprensa da época não contou o principal: Para isso, Marconi teve que por fim aos concorrentes de Cachoeira. Bom negócio, não é mesmo. Cachoeira deixou o MPDBicho para ingressar no PSDBicho – CLIQUE AQUI 

Também no ano 2000, no equidistante RJ, Cachoeira pôs em prática seu modus operandi visando ampliação e dominação de território, gravou encontro com Waldomiro Diniz. Como sempre fazia, Cachoeira ofereceu uma boa bolada de dinheiro para WD a título de estar ajudando em alguma campanha eleitoral. Gravou o encontro e, mais à frente, usou o material ao qual acrescentou mais alguma gravação de encontro com deputados para, em conluio com a Veja, escapar do xilindró ao ser aprentado ao Brasil, via JN/Globo, como um imporante “empresário vítima de achaque”.

O modus operandi de Cachoeira era sofisticado, se arrastou por anos e tinha a Veja como importante suporte. Por sinal este semanário sempre funcionou como apoio para o crime organizado, tendo atuado em casos notórios como  Daniel Dantas, Cachoeira e morte de PC Faria. Interessante se notar que, no caso Cachoeia,  a opinião publica(da) registrava, até a Operação Monte Carlo, que de fato Cachoeira era um empresário e não o chefe de uma grande e sofisticada organização criminosa.

O que é organização criminosa?

“A existência de um Poder paralelo ditado pelo crime organizado é real, as regras contrárias a lei são difundidas e aplicadas à sombra de um Estado que não consegue cumprir seu dever constitucional de promover a segurança pública. Os problemas sociais não são causas exclusivas que justificam essa modalidade de crime, mas tem sua contribuição, juntamente com a ineficiência das leis que tratam do assunto e os elevados casos de corrupção de agentes do estado, responsáveis por combater o crime acabam por aliar-se a ele.” ( In: Crime organizado: histórico, características e problema conceitual. Webartigos, jan/2012:  http://www.advivo.com.br/blog/juriti-do-cerrado/o-que-e-crime-organizado  ).

A sofisticada atuação do crime organizado sob o mandato de Cachoeira:

“(…) O TEMPO NOVO: A GRANDE CARTADA

Mas além de Perillo outro ganhava o empresário é bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira que indicava como sua cota um amigo do Ministério Público, Demóstenes Torres(…)”

Foi em 1999 que Demóstenes Torres se tornou Secretário de Segurança Pública no governo Marconi Perillo. Consta na série de reportagens da Isto É e  em jornais de pequenas tiragens em GO, que os bicheiros concorrentes de Cachoeira reclamavam que apenas suas máquinas caça-niqueis eram apreendidas, enquanto as de Cachoeira eram preservadas, um sinal de que, já naquela longíqua década de 90,  Cachoeira já era vitorioso em sua disputa por território, não só em GO como também nos demais Estados.

“(…) o sequestro de Wellington de Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano alçava Demóstenes ao estrelato em Goiás com a campanha “Criminalidade Zero”, porem os negócios de Cachoeira tanto os legais como os ilegais iam de vento em polpa sem a repressão da policia. Até que um fato novo muda o quadro de tranquilidade para os planos de Cachoeira a eleição de Lula da Silva do PT(…)”

No apagar das luzes da hegemonia do PMDB, GO havia sido palco do caso Leonardo Pareja, cuja morte no Centro Penitenciário Odenir Guimarães ocorreu em 1996. Com a morte de Pareja, o presídio saiu dos holofotes da mídia, de forma que assim se evitou que viesse a público o domínio do sistema penal goiano pelo crime organizado, o que veio à tona com a Operação Diamante, cujo personagem principal foi o mega-traficante Leonardo Dias Mendonça, que mandava no presídio transformado em centro de tráfico de drogas e armas, quadro no qual se insere o assassinato de Leonardo Pareja. É neste quadro que o MPDB dá lugar ao PSDB. O que tem a ver Carlinhos Cachoeira com isso? O mafioso, que a estas alturas do campeonato, havia acumulado poder financeiro e político Brasil afora, rompe com o PMDB e passa a apoiar o PSDB e seus canditados, em coligação com o PFL, ex-ARENA, ex-PDS e atual DEM.

Como Cachoeira agia para ajudar os seus preferidos? Agora sabemos, o modus operandi era a arapongagem. E isto foi o que não faltou nos últimos anos no Brasil, indo desde o caso Lunus, para retirar do páreo a candidata Roseana Sarney, que ameaçava as pretensões de Zé Serra (PSDB-GO) chegar à presidência, passando pelo caso “Aloprados”(eleição de Alckmin), e tantos outros casos. Seria exagero afirmarmos que Cachoeira esteve por trás de todos estes casos? Indícios existem, o modus operandi é similar, a rede de arapongas usada em todos estes casos tem sido a mesma que tem prestado serviços a Carlinhos Cachoeira por todos estes anos.

Fora as ocorrências citadas, sem maior repercussão e ainda nebulosos, o caso Daniel Dantas, morte de PC Faria e Operação Monte Carlo, três exemplos da atuação da Veja como porta-voz. Porta-voz de que senão do crime organzado se tais casos se enquadram perfeitamente no conceito deste tipo de crime? O que não dá para acreditar é nessa mentira da Veja ao apresentar Cachoeira como o eterno “empresário vitima de achaques.” É dentro desta lógica que se explica o “escândalo do mensalão”. Para compreendermos este caso precisamos partir do ano 2.000, passar pela CPI da Loterj, quando uma reportagem falsa de Veja livrou Carlinhos Cachoeira da cadeia, o que já era tida como certa após uma CPI cujo relatório final já havia sido elaborado mas, de repente lá vem a Veja para sustentar, via JN/Globo, a lorota do “empresário vítima de achaque.”

Vamos ao caso Daniel Dantas, quando uma rede criminosa aproveita-se dos flancos provocadas por outro mafioso para tirar proveitas. Como se sabe,  Cachoeira usou o caso DD para detonar a Abin, o que conseguiu através da farsa do grampo(sem áudio) contra Gilmar Mendes, naquele momento presidente do STF. Além disso, através da CPI dos Grampos, instalada por conta da espionagem que nunca existiu, contra Gilmar Mendes, a Veja conseguiu também a anulação do processo da Operação Satiagraha, no STJ. E PC Faria? Soa-nos estranhos que, neste caso, a Veja tenha alardeado para todo o país, também via JN, que o crime teria sido passional e não queima de arquivo, conforme sentença do STF, de junho/2011. 

Verifique nesta reportagem da Época, que a CPI da Loterj havia encerrado seus trabalho, sendo que um de seus resultados seria a prisão de Carlinhos Cachoeira, o que teria ocorrido se a Veja não tivesse aparecido no cenário com uma matéria falsa:

Da Revistta Época –  Edição n. 326, via Agência Brasil – 16/08/2004

Relatório final da CPI da Loterj e do Rio Previdência conclui que houve corrupção

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou denúncias de irregularidades nos casos da Loterj (Loteria do Rio de Janeiro) e do Rio Previdência (Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio) concluiu que houve processo de corrupção em ambos os casos.

Elaborado pelos deputados Luiz Paulo Correa da Rocha e Paulo Melo, líderes do PSDB e do PMDB na Assembléia Legislativa do Estado, o relatório de 500 páginas sugere a prisão preventiva de do ex-assessor da Casa Civil e ex-presidente da Loterj, Waldomiro Diniz, do banqueiro do jogo do bicho, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Além disso, pede o indiciamento – por corrupção ativa e passiva, prevaricação e alguns outros crimes previstos no Código Penal – dos principais envolvidos nos dois escândalos, como o presidente do Rio Previdência à época das irregularidades, Rui Belo, e do ex-diretor de Operações do Rio Previdência , Mauro Michelsen. Também estão sendo incriminados cerca de 10 funcionários que trabalhavam na Loterj e no Rio Previdência. 

Para o deputado Luiz Paulo Correa da Rocha, não há dúvidas das irregularidades promovidas por ações fraudulentas com prejuízos para os cofres públicos. ‘O relatório que está sendo apresentado nesta segunda-feira não deixa nenhuma dúvida de que, tanto na Loterj como no Rio Previdência, houve de fato processo de corrupção. No Rio Previdência, esse processo de corrupção levou os cofres do Tesouro do Estado a perderem em aplicações de Letras Financeiras do Tesouro mais de R$ 25 milhões. Sempre que o Rio Previdência foi ao mercado comprador, ele adquiria os títulos por valores bem acima do valor de face. No dia 30 de dezembro de 2002 chegou a haver uma operação em que o valor de mercado de cada letra era de R$ 950 e o Rio Previdência a adquiriu por R$ 1.950,00’. 

O deputado afirma que os membros da CPI não terão nenhuma dúvida em indiciar os responsáveis pelas operações no Rio Previdência por prevaricação. 

‘No que diz respeito a Loterj, as duas pessoas que mais atuaram de forma irregular foram Waldomiro Diniz – que, enquanto presidente da Loteria do Estado alterou licitações e solicitou propina ao banqueiro do bicho Carlinhos Cachoeira – o outro principal envolvido. No caso específico de Waldomiro Diniz, ele cometeu uma série de irregularidades que podem ser tipificadas como crimes de improbidade administrativa, contra a Lei de Licitação e Contratos e também uma série de outros crimes previsto no Código Penal’.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG65958-6009,00.html

Aqui a reportagem falsa de Veja, quando Cachoeira foi transformado de réu em “empresário vítima de achaque”:

Veja- Edição 1878 . 3 de novembro de 2004

Deputado que tentou extorquir 4 milhões de reais não agiu só. Fita mostra ação do presidente da CPI


Policarpo Junior

 

Alaor Filho/AE
Calazans, na cabeceira da mesa, de terno escuro: votação do relatório feita às pressas

Na semana passada, o deputado federal André Luiz, do PMDB do Rio de Janeiro, não tinha amigos nem aliados, pelo menos em público. Seu isolamento deveu-se à denúncia publicada por VEJA segundo a qual o deputado tentou extorquir 4 milhões de reais do empresário de jogos Carlos Cachoeira. As negociações da extorsão, todas gravadas por emissários de Cachoeira, sugerem que André Luiz agia em nome de um grupo de deputados. Um deles era Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa. “Se alguém tentou vender alguma facilidade, entendo que é bandido com bandido”, reagiu Picciani, a quem André Luiz trata, nas conversas gravadas, como “meu irmão, meu parceiro”. O outro envolvido no golpe, de acordo com o que André Luiz diz nas gravações, era o deputado Alessandro Calazans, presidente da CPI da Loterj, cujo relatório final não pediria a prisão preventiva de Cachoeira caso os 4 milhões de reais fossem pagos. Calazans nem tentou defender o companheiro e saiu logo dizendo que não tinha nada a ver com isso. “Era um vôo-solo de André Luiz.” Não era bem assim.

 

“Na verdade, a orientação foi para passar aquela andorinha. Isso sensibilizava, e a gente ia ver o que ia acontecer… Era parte do 1 milhão e 500!”
Alessandro Calazans, presidente da CPI, falando do dinheiro, ao qual se refere como “andorinha”

Os emissários de Cachoeira estiveram com o deputado Calazans duas vezes, ambas no Rio. O último encontro ocorreu em 17 de agosto, uma terça-feira, no gabinete do deputado na Assembléia Legislativa. A conversa, para infelicidade de Calazans, também foi gravada. Os representantes de Cachoeira chegaram à Assembléia por volta das 5 horas da tarde e, sentados num sofá de couro preto, ficaram esperando pelo deputado pouco mais de dez minutos. Calazans em seguida apareceu na ante-sala. “Tudo bem? Tranqüilo? Tudo jóia? Na luta aí?”, cumprimentou. Dos dois enviados de Cachoeira, Calazans conhecia um deles do encontro anterior. Seu conhecido, então, foi convidado a entrar no gabinete, enquanto o outro ficou esperando do lado de fora. Querendo despistar eventuais microfones clandestinos no gabinete, Calazans ligou a televisão e, com o controle remoto, colocou-a no volume máximo – e começou a negociação. O interlocutor lembrou o que queria: “O que nos interessa é tirar o pedido de prisão. Alguém poderia apresentar um destaque. O que o senhor acha?”. Em resposta, Calazans relembrou um incidente: dias antes, o deputado Bispo Rodrigues soube da extorsão patrocinada por André Luiz e denunciou o caso ao presidente da Assembléia.

“Agora ficou ruim, ficou tumultuado”, disse Calazans. “Ele zoneou a p… toda”, completou, numa referência ao efeito desorganizador da denúncia do Bispo Rodrigues. Calazans contou que a acusação provocou um desentendimento no grupo de deputados envolvidos no esquema. Eles acharam que Cachoeira havia desembolsado o dinheiro da extorsão – que, nessa altura da negociação, girava em torno de 1,5 milhão de reais – e foram cobrar sua parte junto ao deputado Calazans. Nas palavras do deputado: “Os caras não entenderam nada. Nego veio atrás de mim. Eu disse: ‘Cobra de quem vendeu’.”. Em seguida, Calazans, que em vez de falar a palavra “dinheiro” prefere falar “andorinha”, explica como seria a votação caso tudo tivesse ocorrido segundo o combinado: Cachoeira daria um adiantamento, os deputados votariam o relatório da CPI e, se as coisas se desdobrassem nos termos negociados, o restante do 1,5 milhão seria liberado. Nas palavras do deputado, conforme a gravação: “Na verdade, a orientação foi para passar aquela andorinha. Isso sensibilizava, e a gente ia ver o que ia acontecer… Era parte do 1 milhão e 500”, diz ele, trocando “dinheiro” pelo exótico eufemismo voador.

MR Santos/AE
André Luiz, após o acidente: isolado

O último encontro entre os emissários de Cachoeira e o deputado Calazans foi rápido. Durou seis minutos e 28 segundos. Antes de encerrar a conversa, Calazans ainda recomendou que seu interlocutor tentasse resolver o problema de Cachoeira junto a outro deputado. Em vez de falar o nome do deputado, Calazans pegou um bloco de papel timbrado da Assembléia Legislativa, rabiscou algo no papelucho e mostrou-o ao seu interlocutor. “No papel, estava escrito o nome de Paulo Melo”, conta o enviado de Cachoeira, que pede que não seja identificado. O deputado Paulo Melo é o relator da CPI da Loterj. No dia seguinte à conversa, casualmente, os dois enviados de Cachoeira encontraram-se com Calazans no Aeroporto Santos Dumont. Todos viajaram para Brasília a bordo do vôo 2604, da Varig. Mais tarde, num sinal de intimidade, Calazans relatou a conversa com o emissário de Cachoeira para seu amigo André Luiz, o homem de frente do esquema. André Luiz, em reunião com o pessoal de Cachoeira no dia 6 de outubro, comentou o fato. “O Calazans falou com um de vocês, não foi?”, disse ele.

O deputado Alessandro Calazans, do Partido Verde, que exerce seu segundo mandato de parlamentar no Rio, procurou tomar distância de André Luiz na semana passada com o objetivo de neutralizar as suspeitas de sua participação no esquema. Ele reconheceu que esteve duas vezes na casa de André Luiz em Brasília, situada no Lago Sul, o bairro chique da capital, mas esclareceu que fora convidado para um churrasco nas duas ocasiões – e que havia uma porção de gente nos eventos. “São churrascos que ele faz e onde sempre tem vários políticos”, disse. Acontece que suas ligações com André Luiz parecem indisfarçáveis, conforme se constata nos registros gravados. Num deles, de 17 de setembro, André Luiz comentou sua íntima relação com Calazans. “É só eu chamar que ele vem”, disse. Em seguida, num tom que sugere confidência, narrou que, para alegrar um entristecido Calazans, lhe deu de presente uns 20.000 reais. “Um dia eu estava na campanha, vi o Calazans de cabeça baixa. Eu falei: ‘O que foi, Calazans?’. Tinha uma votação cedo para acertar coisas do governo. Eu ainda tinha na valise 20.000. ‘Toma lá!’.”

Na terça-feira passada, a Assembléia Legislativa do Rio aprovou o relatório da CPI da Loterj por unanimidade dos presentes, pedindo à Justiça que decrete a prisão de Cachoeira e do ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz. O placar foi de 58 votos a zero. A votação havia sido convocada às pressas, numa faina incompreensível para quem diz que nada existia de errado nos bastidores da CPI. À última hora, o nome do Bispo Rodrigues foi incluído no rol dos indiciados no relatório final, embora não se saiba o motivo. “Foi retaliação”, desconfia o Bispo Rodrigues. Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, o petista João Paulo Cunha, mandou abrir uma sindicância para investigar o caso. No fim do processo, caso se comprove a tentativa de extorsão, André Luiz pode ser cassado. Na mesma terça-feira, tentando fugir do assédio da imprensa, o deputado, que normalmente se desloca para Brasília de avião, resolveu viajar de carro a partir de São Paulo. A certa altura do trajeto, ao ser fechado por um caminhão na Rodovia Anhangüera, sofreu um leve acidente. Saiu com um hematoma no olho. Desse acidente, porém, André Luiz passa bem.

 

TODOS SE ENCONTRAM NO RIO

 

Ricardo Leonin/Ag. O Globo
Uanderson Fernandes/Ag. O Dia/AEo
Garotinho (acima) e Silveirinha: há sempre um elo de ligação na política fluminense

Mais impressionante do que a sucessão de escândalos políticos que têm como palco o Rio de Janeiro é a forma como seus personagens acabam sempre tendo algum grau de relacionamento. É como na trama de uma novela: as histórias podem até não se cruzar, mas os personagens sempre acabam tendo algo em comum. Veja-se o caso das fitas reveladas agora. Nelas, surge a figura do deputado federal André Luiz, do PMDB, protagonista da história. Quando era deputado estadual, seu nome esteve ligado a outro caso rumoroso. Em 1999, diretores da Light, companhia de eletricidade do Estado, documentaram em fitas de vídeo o desenrolar de uma extorsão. Numa sala da empresa, um de seus funcionários recebia o vendedor Romeu Sufan, que se dizia assessor de André Luiz. Circulava inclusive com cartões de visita de seu gabinete. Na Assembléia Legislativa, era conhecida sua ligação com o deputado. Ali, em frente ao executivo da Light, Sufan prometia dar sumiço em autos de infração milionários aplicados por fiscais da Receita estadual. A participação de André Luiz no caso Light nunca foi comprovada, mas o histórico de coincidências não se encerra por aí.

Os fiscais a que Sufan se referia eram Carlos Eduardo Pereira Ramos e Rômulo Gonçalves. Vêm a ser dois dos expoentes do que ficou conhecido como o escândalo do propinoduto, em que pelo menos 33 milhões de dólares foram parar em contas na Suíça, em nome de funcionários das receitas federal e estadual. O esquema do propinoduto, descobriu-se, tinha como mentor o ex-subsecretário adjunto da Fazenda Rodrigo Silveirinha. Pois é a figura de Silveirinha que estabelece outra curiosa ligação. Na época em que foi flagrado com uma conta-corrente milionária na Suíça, o ex-subsecretário era um colaborador ativo do ex-governador Anthony Garotinho e de sua mulher, a governadora Rosinha. Chegou a fazer parte de um grupo seleto de assessores que freqüentou reuniões na casa do ex-governador, durante a campanha eleitoral de 2002. Que fique claro: não surgiu, até agora, prova da participação do ex-governador Garotinho no esquema do propinoduto.

Eis que surge, na casa da família de Garotinho, outro elo dessa história. O hoje deputado estadual Alessandro Calazans, do PV, conhecido pelos modos gentis e pela boa aparência, teve relativa proximidade com a família. Ficou muito amigo, apenas bons amigos, disseram na ocasião, da filha mais velha do casal, Clarissa Matheus, uma bela jovem, hoje com 22 anos. Era o início do governo de Garotinho e Calazans caiu no gosto do governador, que operou sua ascensão profissional. Calazans era suplente de uma vaga na Assembléia e, com a nomeação do titular para uma secretaria, virou deputado estadual. Desde então, é conhecida sua tendência a votar favoravelmente aos projetos de interesse do governo. Mesmo agora, em seu segundo mandato. Outro dos citados nas fitas por André Luiz, o senador Sérgio Cabral, do PMDB, também é um importante aliado político do ex-governador Garotinho. Mas coincidência maior é o fato de que, quando presidente da Assembléia Legislativa fluminense, Cabral tinha entre seus assessores a mulher de Silveirinha, Silvana. Como se vê, em algum momento eles todos acabam se encontrando. É a política fluminense, esta sim, que está cada vez mais perdida.

     topo

http://veja.abril.com.br/031104/p_058.html

 

Por conta da reportagem falsa da Veja, o caso CPI da Loterj teve uma grande reviravolta, a conferir:

Alerj vai investigar presidente da CPI da Loterj, da Agência Brasil, via Portal Terra – em 3/11/2004

A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) vai criar uma comissão especial para apurar as denúncias contra o deputado estadual Alessandro Calazans (PV), que presidiu a CPI da Loterj/RioPrevidência. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora, que se reuniu na tarde de hoje a fim de se posicionar sobre uma reportagem publicada na revista Veja dessa semana, que apresenta trechos de uma fita em que o deputado Alessandro Calazans negociava propina com representantes do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

A comissão tem até o dia 22 para concluir o relatório. O deputado Alessandro Calazans informou que seu advogado já entrou na Justiça para pedir à revista as fitas citadas na matéria. Segundo o deputado, o material provará sua inocência. Calazans disse ainda que ele mesmo procurou a Alerj para que fosse aberta a investigação sobre sua atuação como presidente da CPI.

A revista Veja publicou na semana passada denúncia de que o deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) teria pedido R$ 4 milhões ao publicitário Alexandre Chaves, sócio de Carlinhos Cachoeira, para o pagamento de 40 deputados estaduais do Rio com o objetivo de retirar o nome de Cachoeira da lista de indiciados no relatório da CPI da Loterj, que investigava irregularidades na loteria que administra jogos no Rio de Janeiro.

As novas denúncias publicadas esta semana pela revista sugerem também o envolvimento do presidente da CPI da Loterj, deputado Alessandro Calazans (PV), e de Jorge Picciani no caso. Ambos negam as acusações.

No final de outubro, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro votou o relatório da CPI da Loterj que pediu o indiciamento de Waldomiro Diniz, ex-presidente da Loterj e ex-assessor da Casa Civil, de Carlinhos Cachoeira e de 18 suspeitos por crimes como corrupção e formação de quadrilha.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI415726-EI306,00-Alerj+vai+investigar+presidente+da+CPI+da+Loterj.html

Se através de reportagens falsas, a Veja conseguiu livrar Cachoeira da cadeia por ocasião da CPI da Loterj, isto foi apenas um teste do modus operandi do crime organizado na busca de seus próprios interesses, pois os fatos se repetiram noutros momentos tais como: CPI dos Correios criada com o objetivo de derubar o governo Lula, a partir de um encontro entre Maurício Marinho e Cachoeira, mais uma vez,  previamente preparado e filmado pelos arapongas de plantão do bicheiro e a CPI dos Grampos(criada com o objetivo de detonar a Abin e livrar Daniel Dantas da cadeia mediante a anulação do processo da Sartiagraha, pelo STJ, o que de fato ocorreu.

“(…) A eleição de Lula em 2002 não era uma preocupação exclusiva de cachoeira, essa preocupação era compartilhada por grande parte da elite brasileira, principalmente pelos meios de comunicações cartelizados, parte da grande mídia via no governo Lula uma ameaça aos seus ganhos, outra parte nutria um simples preconceitos de classe.

Cachoeira já professor em comprar políticos, grampear outros e construir arapucas filmadas tinha o caminho facilitado para a ampliação de sua teia o apoio da imprensa que logo se perderia nesta tramoia toda.

O jornalista Luis Nassif na serie de reportagem “o caso veja” já demonstrava que não havia limites para o novo jornalismo de esgoto no Brasil. (…)”

Da Agência Brasil:

Entenda denúncia que motivou pedido de criação de CPI dos Correios

25/05/2005 – 19h15

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma gravação em vídeo publicada pela imprensa no dia 15 de maio denunciou a suposta existência de corrupção envolvendo funcionários na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Na gravação, o diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, cita nomes de outras pessoas que estariam envolvidas no esquema de propina, entre eles o ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Batista, o assessor da Diretoria de Administração da estatal, Fernando Godoy, e o presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado Roberto Jefferson (RJ).

Após a denúncia, Maurício Marinho e Fernando Godoy foram dispensados de suas funções por determinação do Ministério das Comunicações. Já Antônio Osório pediu afastamento do cargo. Ele é filiado ao PTB há 20 anos e foi nomeado para o cargo pelo partido.

No dia 17 de maio, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar as denúncias. O delegado responsável pelo caso, Luiz Flávio Zampronha, já ouviu Maurício Marinho e o indiciou por crime de corrupção passiva e fraude em licitação. A pena para o crime de corrupção é de um a oito anos de prisão e para o de licitação fraudulenta, de dois a quatro anos. Durante o depoimento, Marinho afirmou que citou Roberto Jefferson porque queria demonstrar influência. Fernando Godoy e Antônio Osório prestaram depoimento à PF e não foram indiciados.

Os Correios também abriram sindicância interna para apurar as denúncias. Cinco funcionários da Inspetoria Geral, órgão de fiscalização da estatal, compõem a comissão, que tem 30 dias para concluir seus trabalhos, a partir da data em que foi instalada, no dia 16 de maio. O resultado da apuração será encaminhado à Polícia Federal e ao Ministério Público, que desde a instauração do inquérito solicitou diversos documentos à empresa, como cópias de licitações e de registros de entrada e saída de pessoas na sede dos Correios.

Além disso, um grupo de trabalho da Controladoria-Geral da União (CGU), formado por três fiscais acompanha a sindicância realizada pelos Correios. Uma auditoria especial também foi criada para acompanhar os contratos de licitação dos Correios desde 2001. O grupo tem 60 dias, a partir do dia 20 de maio, para concluir seus trabalhos.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2005-05-25/entenda-denuncia-que-motivou-pedido-de-criacao-de-cpi-dos-correios

Pela primeira vez a imprensa usa o termo “mensalão”:

Entenda a CPI dos Correios, por Folha Online, em 1/9/2005

A CPI dos Correios foi criada em maio com o objetivo específico de investigar as denúncias de corrupção nas estatais, mais específicamente, nos Correios. Seu foco, no entanto, foi deslocado pouco depois para a investigação da existência do suposto “mensalão”, o pagamento mensal a parlamentares da base aliada pelo governo.

O estopim da crise surgiu com a revelação da uma fita de vídeo, que mostra o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho negociando propina com empresários interessados em participar de uma licitação. No vídeo, o funcionário dos Correios dizia ter o respaldo do deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ). 

Pouco depois, em entrevista à Folha, Jefferson denunciou o suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares da base aliada em troca de apoio político.

À época, os titulares da comissão defenderam a ampliação do foco das investigações pela tese de que o dinheiro de corrupção das estatais seria a fonte dos recursos do hipotético “mensalão”. 

Com a criação da CPI da Mensalão, a CPI dos Correios focou suas investigações nos fornecedores de recursos e quer investigar os fundos de pensão de estatais.

Quase três meses depois, à CPI dos Correios coube o mérito de ajudar a revelar o esquema de distribuição de recursos a parlamentares, teoricamente, para bancar despesas de campanhas eleitorais, apelidado pela imprensa de “valerioduto”, devido ao nome de seu operador, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. 

A comissão é do tipo mista, composta por 16 deputados e 16 senadores, além de igual número de suplentes. Seu presidente é o petista de Mato Grosso do Sul, o senador Delcídio Amaral, e tem com o relator o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). O prazo oficial de conclusão foi estipulado para o dia 21 de fevereiro, data que pode ser prorrogada. Na prática, a intenção dos membros é entregar o relatório final até novembro.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u71875.shtml

 

……………………………….

Até até tudo bem, no entanto as matérias não citam o personagem “Carlinhos Cachoeira” por trás da CPI dos Correios, vamos buscá-lo:

Cachoeira filmou corrupção nos Correios para vingar Demóstenes, por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada –  2/4/2012

 

As imagens em que um diretor dos Correios, Mauricio Marinho, guarda uma propina de R$ 3 mil – divulgadas na Veja e reproduzidas no jornal nacional – foram o início da crise política que resultou na queda do Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu.

O então presidente do PTB, Roberto Jefferson, que controlava os Correios, considerou que o Governo não o protegeu e ao partido de forma adequada, e deu uma entrevista à Folha (*) em que, pela primeira vez, usou a palavra “mensalão”, associada a Dirceu.

Quem mandou fazer a fita foi Carlinhos Cachoeira, para vingar Demóstenes Torres.

Quem faz essa acusação é Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, que foi derrubado da Prefeitura numa operação de grampos desaparecidos, como os que parecem ter a marca de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres.

Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Ernani de Paula foi casada com uma suplente de Demóstenes.

Ela assumiria o lugar dele no Senado, se Demostenes saísse do PFL, entrasse no PMDB, e assumisse, como combinado, o  cargo de Secretário Nacional de Justiça, uma espécie de vice-Ministro da Justiça.

Demóstenes não foi nomeado e acredita que Dirceu foi quem vetou o nome dele.

Este ansioso blogueiro entrevistou Ernani de Paula esta semana.

Ele fala deste vídeo e do outro, que deu início ao enfraquecimento de Dirceu: aquele em que Valdomiro Diniz, então funcionário da Loteria do Rio, pede dinheiro a Cachoeira.

O vídeo foi exibido dois anos depois, quando Diniz trabahava com Dirceu.

Ernani de Paula fala também de seu amigo de infância em Mogi das Cruzes, São Paulo, Valdemar da Costa Neto.

Valdemar era do PR, partido de José Alencar, candidato a vice de Lula.

Atingir Valdemar passou a ser um dos objetivos – segundo Ernani –, porque era uma forma de atingir Alencar, Lula e Dirceu, que particiou de reuniões com Valdemar, durante a campanha.

Eis os trechos principais dessa conversa do ansioso blogueiro com Ernani:

Como foi feita a fita em que um funcionário dos Correios recebe uma propina de 5 mil reais de alguém que se passava por um empresário do Paraná e estava interessado em uma concorrência dentro dos Correios?

Essa fita foi produzida pela equipe do Carlos Cachoeira. Que fez essa fita para poder criar uma confusão e ser publicada, como foi. Porque a fita do Waldomiro já tinha sido entregue ( à Veja ) através de um senador do Mato Grosso e detonou um processo de corrupção dentro do palácio com essa fita do Waldomiro. Então esse processo todo foi criado. E não foi o mensalão aquela ideia de que a gente tem do mensalão de que todos os deputados receberam todos os meses. Tanto é que isso não aconteceu. Tivemos um ou outro, enfim… Mas pegaram ícones para que pudessem pegar o governo logo em seu início e enfraquecê-lo.

Então a sua tese é de que a fita do Waldomiro, feita pelo Carlinhos Cachoeira, é do mesmo objetivo, tem a mesma função da fita dos Correios?

Com certeza. Com certeza. Até porque eu sofri isso quando fui prefeito da cidade de Anápolis. Eles usaram não com câmera. Mas usaram com fitas cassete.

De áudio?

De áudio, e depois desmentindo. Quem fez isso? Para ir na CPI para inventar o factóide. Depois de feito o processo.

A versão que existe é de que a fita dos Correios teria sido feita por um empresário, um suposto empresário do Paraná, que queria participar de uma concorrência. Quem fez na verdade a fita dos Correios na sua opinião?

Na minha opinião foi feito por essa equipe do Carlos Cachoeira.

Quem?

O nome não me recordo. … São pessoas que saíram do serviço secreto de Brasília, de espionagem, dessa coisa toda, e estão aposentados, sem ter o que fazer, ficam espionando a vida de todo mundo.

E essa pessoa, essa pessoa é ligada ao Carlinhos Cachoeira?

Sim. Sim. Ligada ao Carlinhos Cachoeira.

É funcionário do Carlinhos Cachoeira?

Não, funcionário eu não posso dizer de carteira assinada. Mas deve ter sido feito um trabalho, um trabalho encomendado por ele. Para quem interessasse. Para poder alimentar uma crise que ela não existia. O tal chamado mensalão, que não existe o mensalão.

Essa reportagem descrevendo esse esquema de corrupção e essa propina dos Correios foi publicada na revista Veja por um jornalista chamado Policarpo. O senhor sabe se o Policarpo tem ligações ou tinha ligações com o Carlinhos Cachoeira?

Eu o encontrei uma vez dentro de sua empresa em Anápolis chamada …. (Vitapan), uma indústria farmacêutica ali no distrito agroindustrial.

O senhor encontrou o Policarpo em uma empresa do…

Do Carlinhos Cachoeira, sim. E o Carlinhos Cacheira disse que ele tinha vindo para conversar com ele. Eu me retirei. Fui embora. Eu perguntei quem era. Ele falou quem era.

O Carlinhos Cachoeira tem que ligação com o senador Demóstenes Torres?

Eles são bastante amigos e hoje, me parece, sócios, né. Porque tudo o que a imprensa tem dito. As fitas gravadas, os recursos. Enfim. Parece que aí há uma sociedade deles.

Qual é a sua preocupação em revelar esses fatos. Qual é o interesse que o senhor pode ter em revelar esses fatos?

Olha, eu conheço e fui prefeito de Anápolis. Uma bela cidade. Tive o prazer de governar lá por trinta meses. Mas eu sofri na pele o que está acontecendo, o que aconteceu no mensalão. Eu nunca pude falar. Eu tive lá problemas de gravações. Depois quem gravou foi e disse em uma CPI que eu teria pego recursos dele. Desmentiu. Eu tenho documento disso, em cartório. E eu sofri na pele. Quem é que fez, lá, esse trabalho? Para mim, são três pessoas fundamentais no processo. Tem aquele que faz o trabalho em campo, no varejo, aquela… O trabalho mais sujo. Subterrâneo. O espião, o esconderijo e tal.

Esse quem é no caso?

Carlinhos Cachoeira. Depois você tem uma equipe que é política. Depois você tem aquela que vai explodir. Um setor da imprensa é importante. E no meu caso específico eu tive um governador de Estado, Marconi Perillo. Que, junto com o Demóstenes, já combinado, por interesses políticos no futuro, não queria que eu fosse candidato a governador, fez uma intervenção no município, aonde o vice-governador sentou na cadeira de prefeito, e eu tive o meu mandato cassado.

O seu mandato foi cassado em Anápolis?

Foi cassado pela Câmara dos Vereadores, mas foi cassado pelo Marconi Perilo primeiro. Só em Goiás acontece uma coisa dessas. Fazer uma intervenção na maior cidade do Estado e ninguém falar nada.

A sua mulher é suplente do senador Demóstenes?

Ela foi suplente por oito anos, mas eu quero deixar claro que ela nunca assumiu nenhum dia do mandato, coisa que a cidade lamentou muito, porque queria ver a sua representante no Senado Federal. Eu acho até que não queriam dar regalias, intimidades, e assumiram, porque não podia, né. Falavam na época. Porque não fica bem um senador passar para um suplente a sua vaga. Fica parecendo que teve negociata, teve isso, teve aquilo. Ela nunca assumiu, porque nunca teve esse tipo de contato conosco, mas agora me parece que era justamente para não ficar sabendo o que acontecia e aconteceu lá.

Existe a versão de que o senador Demóstenes era candidato a um cargo muito importante, o cargo de Secretário Nacional de Justiça, no Ministério da Justiça, no governo Lula, e que esse cargo daria a ele a oportunidade por exemplo para lutar pela legalização do jogo no Brasil…

Exatamente. Como lutou. Teve um trabalho no Congresso nesse sentido.

E ele não foi aceito para ocupar essa função?

Não. Essa negociação política, eu fiquei sabendo de bastidores, até por um deputado federal lá do meu Estado Ele (Demóstenes) estava cotado, e estava muito chateado porque teria de sair do partido (PFL) , se tornando aí uma pessoa importante, um novo líder, talvez. … E depois isso esfriou e não andou e aquela coisa toda… Então veio ali do Palácio, da Casa Civil, algum tipo de veto, alguma coisa que incomodou ou deixou esse pessoal incomodado. Porque era um cargo importante, né.

Nessa interpretação, o senador Demóstenes estaria, nesse episódio dos Correios, se vingando do veto do Zé Dirceu?

Claro, claro. Você vê, eles estavam juntos desde o início, nós estamos sabendo pela imprensa, pelas escutas da Polícia Federal. Não tenha dúvida de que nós tivemos aquele varejo, nós tivemos a parte política que deu o start, no Congresso, no Senado, nós tivemos a mídia, e depois tivemos outras pessoas que foram acionadas de acordo com a necessidade para dar andamento e crescimento nesse tal do mensalão, nessa CPI.

O senhor foi procurado de alguma maneira, conhecendo Anápolis, conhecendo Valdemar da Costa Neto, foi procurado para dar informação ou prejudicar o Valdemar da Costa Neto que se tornou um dos réus do mensalão?

Foi a ex-mulher dele Maria Cristina Mendes Caldeira me procurou através de uma pessoa, um amigo em comum.

O senhor pode dizer quem é esse amigo em comum?

Posso, é um jornalista, chamado Hugo Stuart. Eu o encontrei um dia na Câmara, ele falou: olha, eu estou fazendo determinada matéria, que era enfim sobre esse assunto…

Ele de que órgão de imprensa era?

Era da revista Isto É. Ele falou olha, tem uma pessoa, que é a Maria Cristina, que talvez te ligue. Vá te conhecer. Aquelas coisas. Ela ligou mesmo, me procurou na Fazenda, passou lá dois dias, mas realmente querendo que eu fosse depor contra o Valdemar nesse processo ou num processo de divórcio que ela estava movendo contra ele. Enfim, queria que eu falasse mal do Valdemar para poder alimentar esse processo. Tornei a encontrá-la aqui no escritório de uma pessoa chamada Bolonha Funaro…

Que é considerado um doleiro e que depos numa CPI, na qualidade de doleiro, e se beneficiou de um regime de delação premiada.

Exatamente, exatamente.

E qual era o papel do doleiro?

Pois é, eu também fui procurado por ele … Eu falei que estava indo para a Universidade do meu pai, para capitalizar recursos, e ele tem lá uma financeira. E ele disse que poderia viabilizar isso em algum banco. Então ele foi a Goiânia conversar comigo. Mas eu vi que a intenção dele de verdade era que eu falasse também mal do próprio Valdemar, em qualquer tipo de processo, em qualquer tipo de depoimento.  Logo após essa conversa em Goiânia ele marcou um almoço aqui no Rodeio, em São Paulo, e ele… Toca o telefone, eu vou atender, é um repórter da revista Veja. E logo em seguida, almoçamos e tal… E à noite marcamos um jantar … Mas o mais estranho desse episódio…

Mas só para não interromper. Nós temos aí o doleiro participando da mesma operação para obter depoimentos seus contra o Valdemar Costa Neto.

Para poder cada vez mais configurar que havia o mensalão. O que eu achei mais estranho, depois fechando os fatos, ao longo do tempo, é que a minha mulher, a minha ex-mulher, recebeu um telefonema do senador Demóstenes Torres dizendo que um reporter da Revista Veja teria ido ao gabinete dele para me procurar, para fazer uma matéria. E que ele precisava do meu telefone para passar para o repórter. Muito bem… Ela passou o telefone. A coincidência está no horário do telefonema. Bem na hora em que eu estou à mesa na Rodeio sentado com o Bolonha Funaro toca o telefone do repórter da Veja. Marcamos um jantar à noite. Foram dois repórteres e um diretor que estava sentado a uma mesa que (cujo nome) eu não me recordo, não fui apresentado.

O senhor teme que essa denúncia possa lhe provocar algum tipo de problema pessoal?

Em que sentido? De morte, política?

Qualquer uma.

Olha, hoje eu não faço parte de nenhum partido político. Eu tenho uma história, eu tenho uma vida, esse processo feito por mim lá em Anápolis, eu sei que nem todo mundo acerta aquilo que gostaria. Mas também nem todo mundo erra para fazerem aquilo que fizeram. Eu acho que foi uma grande injustiça. A população da minha cidade, o meu estado merecia, os meus amigos, a minha família, mereciam ter esse esclarecimento. Você não tenha dúvida que isso foi armado. Que isso nunca existou em termos de mensalão. Foi para desestabilizar, foi uma represália. Só que ela pegou num volume, de tal forma, que aí as coisas se complicaram.

O senhor não tem dúvida da relação entre Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres?

Nenhuma. Muito pelo contrário. Eu estive lá com ele junto. Aliás aquele rádio de que tanto falam…

O Nextel?

Eu tive um na campanha dele em 2006.

Quem lhe deu?

Carlinhos Cacheira. Tive, ele me deu um, era uma cortesia durante a campanha

O senhor chegou a pedir ao empresário Carlinhos Cachoeira, dono de uma empresa de Genéricos, recursos para a sua campanha?

Não. Não. Não o conhecia. Eu conheci o Carlinhos Cachoeira pessoalmente depois de eleito prefeito.

E o senhor não tem dúvidas da relação entre eles e a revista Veja?

Eu acho que não tem mais dúvida. Eu acho que quem duvidar de alguma coisa… Eu não sei se é maliciosamente ou não. Se é comercialmente ou não. Porque o repórter a função dele é buscar as notícias na hora em que ela é produzida. E as fontes às vezes são aquelas não tão republicanas, vamos chamar assim.

E para reforçar. Aquele vídeo famoso, que deu origem ao mensalão, deu origem à denúncia do Roberto Jefferson, contra o José Dirceu, o senhor Marinho recebendo 5 mil reais de propina, aquele vídeo é obra do Cachoeira?

Sim, claro.

Dito por ele?

Ele me contou.

 

( Ernani de Paula contou também que Carlinhos Cachoeira não só disse que tinha mandado fazer o vídeo dos Correios, como mostrou a ele a camêra que tinha sido usada, uma camera escondida na lapela do paletó. )

 

Ernani de Paula entregou este documento para provar que que foi derrubado da Prefeitura de Anápolis por gravações depois destruidas. O que, segundo ele, é uma tecnologia tipica de Carlinhos Cachoeira

Policarpo da Veja esteve na Vitapan do Cachoeira

Paulo Henrique Amorim 

 ……..

Correção de inverdade, por Zé Dirceu, em seu blof – 5/4/2012

Vídeo que mostra Carlinhos Cachoeira e Waldomiro Diniz negociando propina é de 2002 e não de 2004, como afirma atualmente parte da imprensa. Outra gravação explica motivação política para divulgação da fita.

Tenho acompanhado o noticiário sobre a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apenas pelos jornais e é preciso corrigir uma série de inverdades que jornalistas e colunistas estão tomando como verdade. Afirmam que a primeira gravação envolvendo Carlinhos Cachoeira é de 2004 com Waldomiro Diniz, então assessor da Casa Civil. Isso é mentira. O vídeo, na verdade, fora gravado em 2002, quando Waldomiro ainda trabalhava na Loterj, no Rio de Janeiro. Portanto, como provou a Justiça, não há qualquer relação com as atividades do governo a partir de 2003.

Havia sim (como ainda há hoje) uma preocupação em me atingir e também ao governo do presidente Lula. Isso ficou claro a partir de uma gravação que mostra o ex-subprocurador-geral da República, José Roberto Santoro, tomando depoimento extraoficialmente de Carlinhos Cachoeira em plena madrugada, em Brasília. Santoro tenta convencer Cachoeira a entregar oficialmente a fita com a gravação feita em 2002 e admite o foco em atingir o governo. Ele também se diz preocupado com a reação de seu chefe, o então procurador-geral da República Cláudio Fontelles, caso flagrasse a negociação com Cachoeira.

O depoimento durou mais de quatro horas. Por volta das 3 da manhã, Santoro narra como seria a reação de Fontelles: “você é subprocurador-geral. Não tem que ficar na Procuradoria, de madrugada tomando depoimento dos outros. Tudo tem um limite”. Mais adiante, Santoro insiste no mesmo ponto: “ele vai chegar aqui e vai dizer ‘o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT e para isso arrumou um jornalista, juntaram-se com um bicheiro e resolveram na calada da noite tomar depoimento. Não foi nem durante o dia. Foi às três horas da manhã”. Em outro trecho, diz: “ele vai vir aqui e vai ver tomando depoimento para, desculpe a expressão, ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, para derrubar o governo Lula”. 

A gravação do depoimento extra-oficial de Cachoeira a Santoro foi levada ao ar pelo Jornal Nacional no dia 30 de março de 2004. Segundo a TV Globo, áudio foi periciado e teve sua autenticidade confirmada. (Confira o vídeo)

http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&&id=14998&Itemid=2

 ………………………..

Saiba mais sobre as matérias falsas da Veja no post As matérias falsas que Cachoeira plantou na Veja, por Luis Nassif  – CLIQUE AQUI

E o “mensalão?”

Lá pelos idos do ano 2000 o PT havia comprendido que,  para eleger seus candidatos e trazer benefícios à população teria que se utilizar das engrenagens do capitalismo, daí a justificativa para aderir ao esquema do caixa 2, que vinha sempre praticado há décadas pelos partidos tradicionais. Esta foi a porta aberta para as ofertas, inclusive de Cachoeira que, pondo em prática seu modus operandi, jogava milhares de reais sobre a mesa, oferecia ao seu interlocutor, claro, com tudo sendo gravado por seus arapongas para futura chantagem ou, como no caso do mensalão, para derrubar o governo. Tal esquema seria impossível de ter êxito sem a participação de uma Veja e, na sequência, demais meios de comunicação repercutindo a farsa. Não sem motivo, muitos intelectuais, como por exemplo Marilena Chuaí, que não aceitaram a condição de papagaios de jornal,  recusaram a aceitar como verdade pronta e acabada os relatos que brotavam da Veja.  Sim, um escândalo provocado pela mídia, foi isso que apontaram intelectuais  que, naquele momento em que o crime organizado estava unido à imprensa nacional para derrubar o governo Lula, não aceitaram repetir o lero lero da Veja e cia, a este respeito leia esta entrevista de Chauí, publicada em novembro/2006, no Jornal Extra Classe, para  entidades do movimento social do RS –  CLIQUE AQUI

Quanto ao chamado caixa 2 ou “mensalão’, os próprios petistas confirmam sua prática.Interessante se notar que, se o PT quer acabar com o financiamento privado de campanhas eleitorais, porta aberta para o caixa 2, PSDB quer mantê-la, também pudera, com os rios de dinheiro que jorram da “cachoeira’….Aliás, ao contrário do que dizem por aí, nãofoi o PT e sim o PSDB o inventor do mensalão, na pessoa do senador Azeredo (PSDB-MG) que, em conluio com outras 80 figuras da politica e empresariado de MG, arrecadaram mais de 100 milhões de reais contra 50 do PT, sendo que as acusações contra o tucano, em sua maior parte, já prescreveram, como por exemplo a de formação de quadrilha e, claro, a mídia e STF não reclaram urgência, como ocorreu no caso petista para o que, fizeram até um mutirão e a Globo, no alto de seu poder de marcar data e horário para tudo nesse País, determinou que o dia 18 de maio, uma sexta-feira, seja a abertura do “show do mensalão”. É por estas e outras que o PT é tido pela opinião publica(da) como o partido mais corrupto do Brasil, o que absolutamente não é verdade, a não ser para os papagaios de jornal, vamos aos dados concretos:

Com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral divulgou um balanço com os partidos com maior número de parlamentares cassados por corrupção desde 2000. O DEM, com 69 cassações, tem o equivalente a 9,02% de todos os políticos cassados no período de apuração, sendo o campeão.

Veja, abaixo, o ranking da corrupção COMPROVADA em cada partido.


Voltando à gênese do mensalão:

O caso Maurício Marinho, por Luis Nassif, na série “O Caso de Veja”

A matéria foi bombástica e ajudou a deflagrar a crise do “mensalão”. Uma reportagem de 18 de maio de 2005, de Policarpo Jr., da sucursal daVeja em Brasília, mostrava o flagrante de um funcionário dos Correios – Mauricio Marinho – recebendo R$ 3 mil de propina (clique aqui)

A abertura seguia o estilo didático-indagativo da revista:

(…) Por quê? Por que os políticos fazem tanta questão de ter cargos no governo? Para uns, o cargo é uma forma de ganhar visibilidade diante do eleitor e, assim, facilitar o caminho para as urnas. Para outros, é um instrumento eficaz para tirar do papel uma idéia, um projeto, uma determinada política pública. Esses são os políticos bem-intencionados. Há, porém, uma terceira categoria formada por políticos desonestos que querem cargos apenas para fazer negócios escusos – cobrar comissões, beneficiar amigos, embolsar propinas, fazer caixa dois, enriquecer ilicitamente.

A revista informava que tinha conseguido dar um flagrante em um desses casos na semana anterior:

Raro, mesmo, é flagrar um deles em pleno vôo. Foi o que VEJA conseguiu na semana passada.

Anotem a data que a revista menciona que recebeu a gravação: semana passada. Será importante para entender os lances que serão mostrados no decorrer deste capítulo.

A matéria, como um todo, não se limitava a descrever uma cena de pequena corrupção explícita, embora só esta pudesse ser comprovada pelo grampo. Tinha um alvo claro, que eram as pessoas indicadas pelo esquema PTB, especialmente na Eletronorte e na BR Distribuidora. O alvo era o esquema; Marinho, apenas o álibi.

O que a matéria não mostrava eram as intenções efetivas por trás do dossiê e do grampo. Os R$ 3 mil eram um álibi para desmontar o esquema do PTB no governo, decisão louvável, se em nome do interesse público; jogo de lobby, se para beneficiar outros grupos.

Antes de voltar à capa, uma pequena digressão sobre as alianças espúrias do jornalismo.

Os dossiês e os chantagistas

A partir da campanha do “impeachment” de Fernando Collor, jornalistas, grampeadores e chantagistas passaram a conviver intimamente em Brasília. Até então, havia uma espécie de barreira, que fazia com que chantagistas recorressem a publicações menores, a colunistas da periferia, para montar seus lobbies ou chantagens. Não à grande mídia.

Com o tempo, a necessidade de fabricar escândalo a qualquer preço provocou a aproximação, mais que isso, a cumplicidade entre alguns jornalistas, grampeadores e chantagistas. Paralelamente, houve o desmonte dos filtros de qualidade das redações, especialmente nas revistas semanais e em alguns diários.

Foi uma associação para o crime. Com um jornalista à sua disposição, o grampeador tem seu passe valorizado no mercado. A chantagem torna-se muito mais valiosa, eficiente, proporcional ao impacto que a notícia teria, se publicada. Isso na hipótese benigna.

É uma aliança espúria, porque o leitor toma contato com os grampos e dossiês divulgados. Mas, na outra ponta, a publicação fortalece o achacador em suas investidas futuras. Não se trata de melhorar o país, mas de desalojar esquemas barra-pesadas em benefício de outros esquemas, igualmente barra-pesadas, mas aliados ao repórter. E fica-se sem saber sobre as chantagens bem sucedidas, as que não precisaram chegar às páginas de jornais.

Por ser um terreno minado, publicações sérias precisam definir regras claras de convivência com esse mundo do crime. A principal é o jornalista assegurar que material recebido será publicado – e não utilizado como elemento de chantagem.

Continue lendo – CLIQUE AQUI

Atualizações: 

1/70- Cachoeira e Demóstenes teriam produzido vídeo do ‘mensalão – Assista ao vídeo da entrevista com Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, testemunha da trama – CLIQUE AQUI

2/70- Gilmar ignora explicações do MPF e arquiva ção contra jogos 

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/gilmar-ignora-explicacoes-do-mpf-e-arquiva-acao-contra-jogos

 

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador